lamentavelmente o que assistimos hoje no Brasil envergonha a todos nós. E nos aterroriza. Não encontro palavras melhores.
O Brasil, e isso desde o Império, sempre foi respeitado pela condução de sua política externa, que desde D. Pedro II e Rio Branco sempre se pautou pela independência, autodeterminação e paz.
Agora estamos assistindo, e de forma silenciosa, a vergonha como é conduzida por parte de nossas autoridades a crise em Honduras, sobre a qual a posição de Brasil deveria ter se pautada pela não ingerência em assuntos internos e principalmente na defesa do Estado de Direito. Infelizmente, por estar sendo conduzida com propósitos ideológicos e submissão ao Foro San Pablo, agrediu a ambos, pois além de condenar um ato juridicamente perfeito, o do afastamento do então presidente, que violou cláusulas pétreas da Constituição Hondurenha (28 de junho último), colocou à disponsição do presidente deposto, o Sr. José Manuel Zelaya Rosales, quando de seu retorno clandestino ao seu país, a embaixada brasileria. Assim ele transformou em escritório político nossas instalações em Tegucigalpa. Fato que ocorreu no dia 21 de setembro, onde permanece desde então negociando sua volta ao poder, intimidando assim as autoridades daquele país.
Assistimos assim a derrota da democracia em favor de uma oclocracia em Honduras. Isso sem uma firme condenação por parte de nossas autoridades. Infelizmente, por falta de melhor definição jurídica, o governo brasileiro conferiu ao Sr. José Manuel Zelaya Rosales o status de "hóspede da embaixada". E vale lembrar que oficialmente o governo brasileiro havia rompido as relações diplómáticas com aquele país.
Neste ponto tenho que concordar com aqueles que afirmam que estamos aceitando que um crime de dimensões históricas seja cometido em Honduras, não só nos subjugando aos ditames e orquestrações de um Foro San Pablo. E temos que nos questionar se devemos mesmo apoiar Sr. José Manuel Zelaya Rosales, que teve em seu país suas propostas frustradas por todos, do promotor e defensor dos direitos humanos, ao ministério público, ao Superior Tribunal Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal.
O que de fato ocorreu é que o Sr. José Manuel Zelaya Rosales, com apoio do Tenente-Coronel Hugo Rafael Chávez Frías, tentou promover sua reeleição, foram inúmeras tentativas, primeiro dentro a esfera legal, em observância à Constituição de Honduras. Foram consultas ao Congresso. Ignorando o Congresso, decidiu convocar um plebiscito para substituir o sistema representativo por uma consulta direta "às ruas". Foram corretas as posições do Legislativo e do Judiciário, entidades que lhe fecharam as portas face à necessidade de se fazer cumprir a Lei maior do país, a Constituição.
A gota d` água foi o fato do Sr. José Manuel Zelaya Rosales, aceitando o apoio do Tenente-Coronel Hugo Rafael Chávez Frías, que tinha o firme propósito de exportar seu modelo para aquele país, o que já havia conseguido fazer com sucesso no Equador e na Bolívia, decidiu convocar um plebiscito. Seria a consagração da oclocracia em detrimento da democracia, principalmente naquele país que ainda vive sua frágil democracia.
Este efeito dominó, nos permite assistir esta palhaçada promovida pelo Itamaraty, mas que nos permite assistir outras ações que visam desestabilizar o Peru, usando para isso Rafael Correa, seu satélite.
Felizmente em Honduras a resistência à oclocracia e aos ditames do Foro San Pablo não foram, a princípio, possíveis, pois Roberto Micheletti foi empossado segundo o que prevê a Constituição hondurenha. O Sr. José Manuel Zelaya Rosales foi deposto pela corte suprema porque a ela cabe interpretar a carta.
Bem, de minha parte, se considerarmos o histórico da "democracia em Honduras, que desde que se tornou independente da Espanha, em 1821, já passou por mais de cem golpes de estado - um golpe a cada dois anos, em média e que estava conquistando sua frágil democracia com a atual Constituição, a qual é inclusive mais velha que a brasileira, enquanto a nossa é de 1988, a de Honduras é de 1982, portanto 6 (seis) anos mais velha que a nossa. Com relação a condução desastrada de nossas "relações exteriores", há que se questionar: Qual será o legado do Brasil para a democracia em Honduras?
Mas este fato em nada se compara ao firme propósito de se convidar oficialmente o Primeiro-Ministro do Irã, Mahmoud Ahmadinejad ( & 1605;& 1581;& 1605;& 1608;& 1583; & 1575;& 1581;& 1605;& 1583;& 1740;& 8204;& 1606;& 1688;& 1575;& 1583; ), que já esteve em visita à Venezuela de Hugo Chávez, que notoriamente incita e arma terroristas internacionais contra o povo de Israel, cuja nação o Brasil, através de sua diplomacia, ajudou a criar.
Este propósito não deve ser apenas a preocupação da comunidade judaica brasileira, mas de todos os brasileiros, pois a decisão é inaceitável e de minha parte entendo que não podemos aceitar que as "Relações Exteriores" do Brasil sejam conduzidas por uma pessoa que nos submete a uma linha ideológica, com a qual não podemos e não devemos concordar, pois nos priva a liberdade e retira do Brasil a sua vocação para a luta em prol da independência, autodeterminação e paz de todas as nações.
Entendo também que o Sr. Celso Luiz Nunes Amorim deveria ser deposto, pois foi dele e do iraniano Manoucherch Mottaki as iniciativas para negociação secreta e a cooperação entre os sistemas bancários do Brasil e Irã, conforme reportagem da revista Isto É de 29 de junho de 2009. Vale lembrar que isso violava advertências do Conselho de Segurança da ONU e sanções dos EUA, segundo a reportagem. E é ele que mobiliza toda a estrutura pública do Ministério para que se concretize a visita do Primeiro-Ministro Mahmoud Ahmadinejad ( & 1605;& 1581;& 1605;& 1608;& 1583; & 1575;& 1581;& 1605;& 1583;& 1740;& 8204;& 1606;& 1688;& 1575;& 1583; ) ao Brasil e insere o Brasil num círculo de "lideres mundiais" que se caracterizam pela personalização excessiva, demagogia e ódio não só a Israel, mas aos valores judaico-cristãos.
É inaceitável que o Brasil venha a intensificar as relações diplomáticas com o Irã, pois é inaceitável aceitarmos o regime político de Mahmoud Ahmadinejad ( & 1605;& 1581;& 1605;& 1608;& 1583; & 1575;& 1581;& 1605;& 1583;& 1740;& 8204;& 1606;& 1688;& 1575;& 1583; ) que, além de negar a história, o Holocausto em especial, também rejeita a existência do Estado de Israel, Estado soberano e reconhecido pela ONU, de cujos tratados e convenções o Brasil é signatário.
A que ponto chegamos?! Podemos ficar indiferentes?
O premiado Nobel Elie Wiesel certa vez foi perguntado se o mundo tinha aprendido alguma coisa com o Holocausto. Wiesel respondeu: "Sim – que se pode escapar impune."
Ma no meu entender, pior que deixarmos impunes, com a nossa indiferença podemos estar cocorrendo para crimes piores.
Gerhard Erich Boehme
gerhard@boehme.com.br
Curitiba - PR
"O oposto do amor não é nenhum ódio, é a indiferença. O oposto de arte não é a feiúra, é a indiferença. O oposto de fé não é nenhuma heresia, é a indiferença. E o oposto da vida não é a morte, é a indiferença." (Elie Wiesel - Elizer Wiesel - Prêmio Nobel da Paz de 1986 e sobrevivente dos campos de concentração nazistas)