Enviada: sexta-feira, 11 de setembro de 2009 0:49:24
Para:
“A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou nesta quinta-feira (10) a oficialização em todo o território nacional do "Hino à Negritude", composto pelo poeta e professor Eduardo de Oliveira.” (...) “Foi aprovado o parecer do relator, deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), favorável ao projeto e à emenda da Comissão de Educação que suprime a exigência de execução do hino em todas as solenidades dirigidas à raça negra.”
Por nada, não. Mas estou achando que agora complicou. E complicou feio, de vez. Ou tudo já estava muito mais complicado do que eu supunha faz tempo e só eu que não percebia?
Isso aí é um deboche. Mais um. É uma agressão. Mais uma. E ninguém vai reagir?
Não cabe aqui uma medida de segurança judicial?
Se medida judicial nenhuma tiver aqui cabimento, o Regimento da Câmara permite que um número determinado de Deputados requeira que “a medida aprovada em caráter conclusivo” seja submetida ao Plenário, onde o bom-senso deverá derrotá-la. Haverá Deputados suficientemente lúcidos que façam o que precisa ser feito? Ou estão todos loucos de pedra, furiosos, e merecem apenas uma camisa de força e um manicômio como destino?
Deixe-me ver: quais as solenidades que são dirigidas à raça branca neste nosso País? Quantas são? Quando se dão? Vocês conhecem alguma? Porque eu não conheço. Por que, então, haveria sentido em "solenidades dirigidas à raça negra"? Que “raça”, cáspite?
E esse Hino, o tal de “Cântico Africanidade Brasileira”? É "oficial" por quê? "Oficial" de quê? "Oficial" pra quê? Há algum hino oficial da raça branca a que este se contraponha? Um da raça amarela? Outro da raça vermelha? Ou os brancos, os amarelos, os verdes, os descorados e os roxos de raiva deverão agora providenciar um hino próprio, da sua cor, o mais rapidamente possível? E, de quebra, suas bandeiras? Sim, porque se a fúria de leão do belo e forte herói de tez cor de ébano que só lutando se sente feliz rebentou os grilhões em combates contra os tiranos brancos e escreveu as páginas da História, a Princesa Isabel dela desaparece por encanto dos Orixás. E desaparece a História brasileira, que é definitivamente enterrada. Não há mais Brasil. Pronto. Acabou.
Quem sugeriu e quem aprovou isso aí é um demente racista; racista, sim, ele, sim, e destruidor da nacionalidade. Um bárbaro. Não tem mais o que fazer a não ser semear a discórdia. A letra do hino é um acinte.
"Não temos ainda símbolos que enalteçam e registrem este sentimento de fraternidade entre as diversas etnias que compõem a base da população brasileira", diz um Deputado ignorante. NÃO TEMOS? Não temos ou ele não conhece o que temos? E que temos, então?
Que é o que estão querendo com isso? Guerra? Uma África do Sul? Acharam aquilo bonito? Muito bonito? Querem Ruanda? Porque é guerra o que a letra desse Hino pede. Quem a quer? E os mulatos? Lutarão de que lado? Aliás, existem ainda mulatos neste nosso País? Ou mulatos são uma pérfida criação dos brancos opressores e já foi providenciada uma “eugenia profilática”? E tudo se resume em pretos e brancos e em pretos contra brancos e brancos contra pretos?
Se é guerra o que querem, essa guerra já perdemos. Seja qual for o resultado dela. Os "libertários" terão auxílio militar e da inteligência internacional. Haitiano por certo...
Quando é que vamos acabar de vez com os ignorantes no Congresso? Quando é que vamos acabar de vez com o entusiasmo dedicado à fragmentação nacional, com os estímulos a esse programa insano de segregação étnica e a esse enfrentamento planejado entre os diferentes segmentos raciais que desse programa surgirem? Quando é que vamos nos ver como brasileiros e não “afro” ou “droga qualquer”-brasileiros? Quando acabaremos com a impunidade da imbecilidade explícita e quando determinaremos ser um crime hediondo, imprescritível e inafiançável as ações destinadas a dividir a população brasileira em guetos supostamente étnicos?
VaniaLCintra
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10/09/2009 - 17h18
Câmara aprova "Hino à Negritude"
Da Agência Câmara
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou nesta quinta-feira (10) a oficialização em todo o território nacional do "Hino à Negritude", composto pelo poeta e professor Eduardo de Oliveira.
A medida - proposta pelo deputado Vicentinho (PT-SP) no Projeto de Lei 2445/07 - foi aprovada em caráter conclusivo. Já aprovado pela Comissão de Educação e Cultura, o projeto segue para análise do Senado.
Foi aprovado o parecer do relator, deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), favorável ao projeto e à emenda da Comissão de Educação que suprime a exigência de execução do hino em todas as solenidades dirigidas à raça negra.
O deputado Vicentinho explica que o objetivo do projeto é favorecer o reconhecimento da trajetória do negro na formação da sociedade brasileira. "Não temos ainda símbolos que enalteçam e registrem este sentimento de fraternidade entre as diversas etnias que compõem a base da população brasileira", afirma o autor da proposição.
Leia abaixo a letra do "Hino à Negritude", de autoria do professor Eduardo de Oliveira:
Hino à Negritude (Cântico à Africanidade Brasileira)
I
Sob o céu cor de anil das Américas
Hoje se ergue um soberbo perfil
É uma imagem de luz
Que em verdade traduz
A história do negro no Brasil
Este povo em passadas intrépidas
Entre os povos valentes se impôs
Com a fúria dos leões
Rebentando grilhões
Aos tiranos se contrapôs
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
II
Levantado no topo dos séculos
Mil batalhas viris sustentou
Este povo imortal
Que não encontra rival
Na trilha que o amor lhe destinou
Belo e forte na tez cor de ébano
Só lutando se sente feliz
Brasileiro de escol
Luta de sol a sol
Para o bem de nosso país
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
III
Dos Palmares os feitos históricos
São exemplos da eterna lição
Que no solo Tupi
Nos legara Zumbi
Sonhando com a libertação
Sendo filho também da Mãe-África
Arunda dos deuses da paz
No Brasil, este Axé
Que nos mantém de pé
Vem da força dos Orixás
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
IV
Que saibamos guardar estes símbolos
De um passado de heróico labor
Todos numa só voz
Bradam nossos avós
Viver é lutar com destemor
Para frente marchemos impávidos
Que a vitória nos há de sorrir
Cidadãs, cidadãos
Somos todos irmãos
Conquistando o melhor por vir
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
(bis)
Obs.: E o Hino à Branquelice, alguém aí se habilita a escrever e musicar? (F. Maier)