Chávez e seus companheiros da ALBA tratam o Secretário-Geral da OEA, o socialista chileno José Miguel Insulza, como o garante máximo das democracias latino-americanas, e agora trabalham mancomunadamente com ele.
É sobremaneira estranha a falta de independência do Secretário-Geral da OEA. Por isso, não é demasiado perguntar: para onde vai a OEA?
Insulza abraçou a concepção de democracia tal como a entendem Hugo Chávez e seus companheiros da via socialista bolivariana
Há interrogações que José Miguel Insulza vem deixando sem resposta em suas últimas atuações como Secretário-Geral da OEA, e que no plano internacional começam a provocar desconcerto em diversos analistas. A eleição democrática ampara qualquer tipo de abuso das funções presidenciais? O que vem a ser a democracia para a OEA?
O questionamento não é uma banalidade. De modo persistente a atual direção da OEA tem feito vistas grossas para todas as imputações de "déficit" democrático no processo político, social e econômico que os presidentes da chamada Alternativa Bolivariana das Américas (da qual fazem parte Bolívia, Cuba, Equador, Nicarágua e Venezuela) impõem aos seus respectivos países.
Tem-se a impressão de que, em matéria de concentração de poder, façam o que façam os que estão adstritos a essa anômala alternativa populista – Zelaya inclusive –, uma espécie de imunidade os precede. A meu ver, não é de outro modo que devem ser interpretadas as ameaças feitas por Chávez, de agredir militarmente Honduras, acatadas pela OEA com um silêncio beatífico e não menos escandaloso.
Analistas da imprensa internacional de distintas tendências já começam a notar a falta de equanimidade de Insulza, no entanto até agora vista como razoável. “El Universal”, de Caracas, publicou um forte artigo intitulado “Das hipocrisias e outros golpes que a OEA não vê” (05 de julho).
O diário “El País” (05 de julho), da Espanha, de conhecida tendência socialista, dispara no artigo intitulado “Idiotas contra hipócritas”: “As torpezas hondurenhas só são superadas pela explosão de hipocrisia que desencadearam”. Hipocrisia, afirma, porque os presidentes da ALBA, admiradores da ditadura cubana e alguns deles golpistas, que antes desprezavam a OEA, hoje pedem sua ajuda: “Tratam seu Secretário-Geral, o chileno José Miguel Insulza, como o garante máximo das democracias latino-americanas (?). É, portanto, reconfortante ver como o caso hondurenho `reciclou` Chávez, que agora trabalha mancomunadamente com Insulza para protegerem a democracia (!)”.
O diário “ABC”, de Madrid (06 de julho), mostra como a OEA transmite ao mundo com sua intervenção a seguinte mensagem: “Só há um Poder em Honduras, o do Presidente Zelaya, que pode fazer e desfazer a seu bel-prazer, sem ter de levar em conta para nada os demais órgãos do Estado”. A democracia é dos hondurenhos, e não cabe a Chávez e seus comparsas a defesa das instituições jurídico-políticas de Honduras. “Se a OEA – que, como se sabe, acaba de convidar Cuba para unir-se a ela – quer ajudar de verdade a resolver a crise hondurenha, a primeira coisa que tem de fazer é não tomar partido de antemão na disputa. Em seguida, deve insistir que são os hondurenhos que têm que chegar a um acordo sem interferências externas. E por último, recordar o princípio – pode ser um tanto velho, mas ainda está vigente – de que a legitimidade democrática se assenta nos três Poderes do Estado, não nas massas das ruas”.
É sobremaneira estranha a falta de independência do Secretário-Geral da OEA. Por isso, não é demasiado perguntar: aonde vai a OEA?
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* Julio Alvear Téllez é editor do blog católico chileno-espanhol Reacción Católica.
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Publicado em 07/07/09 no jornal El Mercurio, de Santiago do Chile.
Tradução: André F. Falleiro Garcia.
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CONHEÇA O VERDADEIRO INSULZA
Jorge Salaverry * *
O Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, chegou sexta-feira (03/07/09) em Honduras, como portador de uma dura resolução da Assembléia Geral, que ele mesmo se encarregou de promover, redigir e conseguir sua aprovação. Exigiu-se nela "a restauração imediata, segura e incondicional" de Manuel Zelaya na Presidência de Honduras, assinalando que se no prazo de 72 horas não prosperasse o que foi peremptoriamente exigido, a OEA aplicaria "imediatamente" o artigo 21 da Carta Democrática Interamericana para suspender Honduras. Já sabemos que o novo governo se adiantou e Honduras se retirou voluntariamente do organismo regional.
Dada a relevância do cargo ocupado por Insulza na OEA, e do papel que pessoal e institucionalmente está desempenhando no conflito hondurenho, resulta ser muito interessante conhecermos quem é esse personagem, para além do que diz sua biografia oficial, para assim podermos formar um juízo sobre sua possível parcialidade ou imparcialidade no assunto. É o que faremos utilizando suas próprias palavras.
Em 27 de novembro de 2006, na cidade de Madrid, Espanha, José Miguel Insulza apresentou claramente numa conferência suas simpatias políticas. Ao se perguntar nessa ocasião se acreditava ser possível em curto prazo haver eleições livres em Cuba, Insulza sorriu com malícia, e coçando a parte superior de uma orelha, começou por dizer que "uma das grandes fontes de legitimidade do sistema cubano se chama Fidel Castro, e isto o digo com muito respeito e quase admiração pelo personagem". Como introdução não está mal, não é verdade?
Mas vejamos o que mais disse Insulza, textualmente: "Estou convicto de que o sistema cubano pode evoluir na medida em que respeitemos o que os cubanos queiram, e, em segundo lugar, que não intentemos impor soluções, ou criar uma agitação ou um processo conflituoso dentro de Cuba". E concluiu dizendo: "Em suma, creio que podemos cooperar muito para a transição em Cuba, dizendo claramente que queremos uma transição, e que queremos que haja democracia, mas, ao mesmo tempo, não pretendemos impô-la de fora para dentro e lhe damos todo o tempo que seja necessário para isso". Eis aí o próprio Insulza.
O arrogante Secretário-Geral da OEA, que com pretensões de pretor romano se apresentou sexta-feira em Honduras para "exigir" que no prazo de 72 horas se "restaure a democracia e o Estado de Direito", é o mesmo que afirmou que, para Cuba, país que sofre brutal tirania há mais de 50 anos, é preciso conceder "todo o tempo que seja necessário" para que regresse à democracia.
O Insulza que na sexta-feira passada em Tegucigalpa não quis se reunir com o presidente Roberto Micheletti para supostamente não legitimá-lo, é o mesmo que considera Fidel Castro "uma das grandes fontes de legitimidade do sistema cubano".
O Insulza que não escuta o clamor de milhares de hondurenhos que de modo pacífico tem se manifestado para que seu país se mantenha livre das desrespeitosas e desestabilizadoras intromissões de Hugo Chávez — e a única coisa que querem é viver em liberdade e na democracia — é o mesmo que afirma que devemos "respeitar o que os cubanos queiram", como se os pobres cubanos tivessem possibilidade de manifestar o que querem.
O Insulza que diz "não intentemos impor soluções, ou criar uma agitação ou um processo conflituoso dentro de Cuba", é o mesmo que — com suas arrogantes, irresponsáveis e açodadas exigências, valendo-se de sua poderosa influência na OEA — está promovendo o enfrentamento violento e a desestabilização em Honduras.
Insulza pretendeu ser o candidato socialista para a Presidência do Chile nas eleições que se celebrarão em dezembro deste ano. Como não conseguiu, optou por buscar a sua reeleição na OEA, para o que necessita do apoio de Chávez e companhia, e considera que a crise hondurenha lhe dá a oportunidade de ouro para obtê-lo, mas para isso obviamente tem que fazer o que Chávez queira.
Ninguém pode tirar de Insulza o direito de sentir "admiração" pelo decrépito ditador cubano, como tampouco ninguém pode impedir que os cidadãos hondurenhos saibam quem é a pessoa que, da cúpula da OEA, mas sob a direção e tutela de Castro e Chávez, está pretendendo que em Honduras se faça o que aqueles, através dele, querem. E se por acaso alguém quiser verificar o que Insulza disse, eu o convido a que acesse este endereço [1]. A mim — por desgraça — coube ouvir suas palavras pessoalmente.
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* * Jorge Salaverry foi embaixador da Nicarágua na Espanha entre 2003 e 2007.
Fonte: La Prensa - Nicarágua.
Tradução: André F. Falleiro Garcia.
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NOTA:
[1] Ver neste endereço [http://www.youtube.com/results?search_query=Jos%C3%A9+Miguel+Insulza&search_type=&aq=f].
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UNOAMÉRICA PEDE A DESTITUIÇÃO DE INSULZA
UnoAmérica * * *
São tantas e tão graves as atuações condenáveis de Insulza, que o mais conveniente para a paz e a estabilidade da região é que seja afastado de seu cargo
Insulza favorece sistematicamente a agenda neocomunista de Chávez
A União de Organizações Democráticas da América (UnoAmérica) pediu hoje (02/07/09) a destituição do Secretário-Geral da OEA, José Miguel Insulza, por sua "desastrosa gestão frente a esse organismo multilateral".
Em comunicado enviado hoje aos meios de comunicação, UnoAmérica criticou duramente o comportamento de Insulza durante a crise hondurenha, alegando que se trata de um conflito que poderia ter sido evitado, já que há mais de três meses estava em gestação. "Sem embargo, Insulza fez caso omisso dos numerosos sinais de alarma".
UnoAmérica, uma rede que agrupa ONGs de toda a América Latina, afirmou que: “Durante o mandato de Insulza, a OEA se perverteu e desfigurou, convertendo-se em ferramenta para escorar ditadores e para debilitar os fatores democráticos da região, contrariando sua razão de ser e de existir. Basta recordar alguns episódios recentes para dar-se conta de que algo muito podre está ocorrendo dentro da OEA", diz o comunicado. A seguir, fez uma retrospectiva.
Em março de 2008, em vez de coletivamente felicitar o presidente Álvaro Uribe por tirar de circulação o pior criminoso do continente – Raúl Reyes – a OEA reclamou que a Colômbia penetrou em território equatoriano. Posteriormente, Insulza menosprezou as informações contidas nos computadores de Reyes, não obstante a perícia técnica que neles fez a INTERPOL.
Insulza não se alterou quando Chávez, Morales e Correa modificaram ilegalmente as constituições de seus respectivos países para permanecerem indefinidamente no poder. Tampouco se importou que Chávez e Ortega cometeram fraudes eleitorais, apesar das reclamações bem fundamentadas feitas pelos setores democráticos da Venezuela e da Nicarágua. Para Insulza, não existem as maletas carregadas de petrodólares venezuelanos que financiam campanhas eleitorais em todo o continente.
No ano 2007, Insulza obstaculizou os intentos para condenar Chávez, após o inaceitável fechamento do canal de televisão RCTV. Posteriormente, em abril de 2008, em uma audiência no Congresso norte-americano, Insulza negou que Chávez tivesse vínculos com grupos terroristas, não obstante seus evidentes nexos com as Farc e com o governo foragido de Ahmadinejad. Nessa oportunidade, Chávez elogiou publicamente o Secretário-Geral da OEA por sua "digna atitude".
Insulza nada disse sobre as perseguições que atualmente promove o governo de Evo Morales contra os opositores bolivianos alegando que todos são "terroristas" e "separatistas", quando a única coisa que buscam é a descentralização administrativa (autonomia). Tampouco se pronunciou sobre a responsabilidade de Morales no massacre de Pando, apesar das numerosas evidências que demonstram que foi uma agressão planejada e executada pelo próprio Governo.
"Mas a gota que transbordou o copo" – afirmou UnoAmérica – é a recente decisão da OEA que permitiria que o regime totalitário cubano se incorporasse no seio da organização. A medida contrasta notavelmente com a enorme pressão que a OEA exerce sobre o povo hondurenho por se ter livrado de um presidente golpista. Inexplicavelmente a OEA não se pronunciou sobre a grosseira ingerência de Chávez nos assuntos internos de Honduras, nem sobre suas ameaças de enviar tropas para essa nação centro-americana".
Segundo UnoAmérica, "A metamorfose que sofreu a OEA se deve a que quinze presidentes latino-americanos pertencem ao Foro de São Paulo, organização criada por Lula da Silva e Fidel Castro em 1990, para reagrupar os setores da esquerda que ficaram órfãos logo após a queda do Muro de Berlim, e à qual pertencem as Farc e o ELN. Ao menos sete outros países da região – localizados no Caribe – dependem do petróleo que lhes envia a Venezuela. O próprio Insulza pertence ao Partido Socialista do Chile, membro fundador do Foro de São Paulo".
"São tantas e tão graves as atuações condenáveis de Insulza, que o mais conveniente para a paz e a estabilidade da região é que seja afastado de seu cargo".
Finalmente, UnoAmérica convidou "todas as personalidades, grêmios, sindicatos, partidos, academias e demais organizações democráticas da América, a rejeitarem a gestão de Insulza e a se pronunciarem a favor do povo, do Congresso e da Corte Suprema de Justiça de Honduras, por haverem salvo a democracia das pretensões totalitárias do ex-presidente Zelaya".
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* * * Publicado em www.unoamerica.org
Tradução: André F. Falleiro Garcia.
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HONDURENHOS! CUIDADO COM INSULZA!
Alejandro Peña Esclusa
Desde que aderiu à ALBA em troca de alguns tantos denários,[2] Manuel Zelaya deixou de representar os interesses dos hondurenhos e se converteu em um agente a serviço do Foro de São Paulo e de Hugo Chávez.
Seu intento ilegal de modificar a Constituição para se manter indefinidamente no poder constitui, sem dúvida alguma, um golpe de Estado.
A decisão das Forças Armadas de desobedecer à ordem de distribuir material eleitoral para o referendo, assim como os protestos populares que tem havido, não podem ser qualificados como insubordinação: trata-se de ações plenamente justificadas, com o objetivo de defender a ordem constitucional vigente.
As declarações dos governos pertencentes à ALBA em defesa de Zelaya constituem uma intervenção indevida nos assuntos internos de Honduras, e não buscam manter a legalidade senão respaldar as pretensões totalitárias de seu colega. As ameaças de Hugo Chávez ao povo hondurenho são grosseiras, prepotentes e inaceitáveis.
Espera-se que nos próximos dias vozes vinculadas ao castrocomunismo e ao Foro de São Paulo expressem sua opinião em apoio a Zelaya, alegando que existe um golpe contra o mesmo. Sem embargo, essas vozes não são espontâneas, e executam um plano orquestrado pelo governo cubano e financiado pelo governo venezuelano.
José Miguel Insulza não atua como Secretário-Geral da OEA, mas como porta-voz do Partido Socialista do Chile, membro do Foro de São Paulo; por isso não pressiona Zelaya por querer impor uma Constituição totalitária, e sim, o povo hondurenho e suas Forças Armadas, que simplesmente buscam se proteger de uma ditadura.
A dupla Chávez-Insulza permitiu a imposição de violações às constituições da Bolívia e Equador, conseguindo que dessa maneira Evo Morales e Rafael Correa — ambos integrantes da ALBA — possam se perpetuar no poder e controlar os poderes públicos.
Com base no exposto, sugerimos respeitosamente aos hondurenhos:
Primeiro, que as instituições — unidas ou em separado — emitam comunicados rejeitando a intervenção indevida de Chávez nos assuntos internos de Honduras, declarando-o inclusive persona non grata. Esta ação impedirá que Chávez siga atuando impunemente.
Segundo, não se deixarem pressionar por Insulza, nem por opiniões internacionais manejadas a partir de Cuba.
Terceiro, resolverem a crise recorrendo única e exclusivamente aos fatores internos.
E quarto, manterem-se firmes, quanto a não permitir, por nenhum motivo, que a Constituição e a ordem democrática sejam violadas pelo Executivo.[3]
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Notas do Editor de Sacralidade:
[2] Denário era a moeda em vigor à época das negociações realizadas por Judas Iscariotes. Segundo comentou o analista político César Maia, "O novo governo hondurenho cancelou o cartão de crédito internacional do ex-presidente Zelaya. Desde sua retirada gastou 80 mil dólares". Ademais, Zelaya teria recebido compensações financeiras dos cofres bolivarianos após o contragolpe constitucionalista, conforme informou Graça Salgueiro no blog Notalatina: "Acabo de saber de fontes confiabilíssimas — triplo A — que a PDVSA deu ontem 2 milhões de dólares em espécie, um cartão de crédito de mais 2 milhões, e um jato privado a Manuel Zelaya, além de mais 2 milhões de dólares à Chancelaria Venezuelana para cobrir os gastos e ajudar em todos os giros de Zelaya no exterior".
[3] Artigo publicado no site de UnoAmérica em 27/06/09, às vésperas do contragolpe democrático.