Quinta dos Lagos foi comprada no final de sua presidência, por meio de uma ‘offshore’ com sede num ‘paraíso fiscal’. Contém um castelo, em estilo que lembra o período medieval, que teria sido do presidente do Senado por pelo menos quatro anos.
Chamado pela revista inglesa The Economist, em fevereiro passado, de representante do semifeudalismo na política brasileira, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), adquiriu, no final de sua Presidência, em 1990, um castelo em estilo que lembra o período medieval, na cidade de Sintra, em Portugal (a 20 km de Lisboa). Trata-se da Quinta dos Lagos – imóvel de 23.400 metros quadrados de área total, avaliado atualmente em R$ 30 milhões (10 milhões de euros), sem contar o valor histórico -, que teria pertencido a Sarney por pelo menos quatro anos. A propriedade nunca foi declarada à Justiça Eleitoral nem à Receita brasileira.
De acordo com uma reportagem investigativa publicada na ocasião pela revista portuguesa “OLÁ”, Sarney comprou a Quinta dos Lagos por meio da Almonde Securities S.A., uma offshore com sede no Panamá, mas que tem os fundos geridos na Suíça. Os dois países – Panamá e Suíça – são “paraísos fiscais” (locais que gente endinheirada busca para abrir empresas quando pretende driblar o Fisco ou ‘esquentar dinheiro’ de origem, digamos, ‘inexplicável’).
A reportagem do Jornal Pequeno esteve em Sintra e Lisboa, de 14 a 22 de abril, e teve acesso, embora restrito, ao registro da transação imobiliária na 1ª e na 2ª Conservatórias (Cartórios) de Registro Predial de Sintra. A Quinta dos Lagos teria sido comprada por José Sarney/Almonde de representantes legais de certa família Sibourg.
Duas torres feudais se destacam na entrada principal do castelo
Não foi possível localizar nos dois cartórios de Sintra a data em que Sarney se desfez do imóvel. O JP apurou, no entanto, que o castelo segue em nome de alguém ligado à Almonde Securities, cujos endereço e telefone em Sintra são da Quinta dos Lagos. Vizinhos e comerciantes antigos, instalados nos arredores do castelo, garantiram ao JP que pelo menos até 1993 “uns brasileiros da família de um ex-presidente da República” passavam parte do verão europeu na Quinta dos Lagos.
Assunto tabu – O “caso do castelo” é um assunto tabu para o senador José Sarney, que sempre evitou, de todas as formas, comentá-lo. O JP encaminhou ao assessor da Presidência do Senado, Chico Mendonça, dois e-mails com várias perguntas a Sarney, além de ter feito com o assessor dois contatos telefônicos.
Na única e ligeira resposta dirigida ao JP, Mendonça afirmou apenas, num e-mail, que “a informação não é verdadeira” e que “quando surgiu pela primeira vez, à época do governo Sarney, foi cabalmente desmentida”. O assessor não informou ao JP os termos desse desmentido “cabal” e, certamente por orientação do senador Sarney, fez um pedido estranho, no final do e-mail: “A declaração deve ser atribuída a mim”.
Reportagem investigativa – A compra da Quinta dos Lagos e a ligação da Almonde Securities com José Sarney foram divulgadas pela primeira vez numa reportagem de autoria da jornalista Maria do Rosário Lopes, publicada, pouco tempo depois da aquisição do castelo, pela revista portuguesa “OLÁ”, um suplemento do jornal “Semanário”. O JP teve acesso à publicação na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa.
A matéria é intitulada – como o romance policial de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão – “O mistério da estrada de Sintra”. Nela, a repórter Maria do Rosário informa que o procurador da Almonde Securities em Portugal, na época, Carlos Aguiar, embora não tenha negado a compra da Quinta dos Lagos por José Sarney, “recusou-se a prestar maiores esclarecimentos”.
A aquisição do castelo por Sarney – concretizada quando ele ainda era presidente da República – foi confirmada à repórter Maria do Rosário pela vizinhança da propriedade e por uma caseira, identificada como Maria José. Esta afirmou à jornalista que o negócio envolveu “uns brasileiros, gente importante, parece que era o Sarney”.
Além da reportagem da revista “Olá”, o blog http://riodasmacas.blogspot.com, que descreve lugares e curiosidades de Sintra, posta há bastante tempo a informação de que José Sarney foi um dos donos da Quinta dos Lagos (buscar no google “quinta dos lagos rio das maçãs”). “Comprada [depois da morte do primeiro dono, Fernando Formigal de Morais] por um tal senhor Andersen, cônsul geral da Dinamarca, a quinta [dos Lagos] também teve como proprietários a família Sibourg e o ex-presidente do Brasil José Sarney”, diz o blog.
Um grande cão preto assusta quem se aproxima da propriedade
O que se pergunta é: se Sarney já negou “cabalmente” ter sido algum dia dono do castelo, por que não exigiu até hoje que a informação fosse excluída do blog? Isso para ele não representaria nenhuma dificuldade, pois já conseguiu até que a Justiça retirasse um blog do ar, no Amapá (http://alcinea-cavalcante.blogspot.com).
Cercas elétricas e cão – Para checar as informações difundidas pela revista “Olá” e pelo site “Rio das Maçãs”, a reportagem do JP esteve, no dia 16 de abril, na Quinta dos Lagos, que se estende pela rua Francisco dos Santos, mas cujo portão principal fica no largo Fernando Formigal de Morais, 9. O nome do largo é uma homenagem ao primeiro proprietário do castelo (saiba mais na página 6).
O lugar é todo rodeado por muros altíssimos, onde estão instaladas cercas elétricas. Um grande cão preto também vigia o castelo.
A reportagem tocou o interfone instalado ao lado de um pequeno portão que dá acesso ao castelo pela rua Francisco dos Santos. Um empregado atendeu, porém não permitiu o acesso à área interna. Ele não quis se identificar, mas admitiu que José Sarney foi dono da Quinta dos Lagos, garantindo que atualmente não era mais. Perguntado sobre quem era o atual proprietário, respondeu com um seco e desconfiado “Não te interessa”, fechando o portão na cara do repórter.
Um dia depois, numa consulta à lista telefônica portuguesa, a reportagem do JP descobriu que o número do telefone da offshore Almonde Securities em Portugal era de Sintra: 219 231 589.
Ao ligar para esse número, outra surpresa: atendeu uma funcionária da Quinta dos Lagos, que se identificou como Armandina Fernandes e confirmou que o ex-presidente José Sarney foi um dos proprietários do castelo. Depois, passou o telefone para o empregado com o qual a reportagem havia conversado um dia antes. Ele recusou-se a prestar novas informações e pediu que o repórter não insistisse.
Confirmou-se, assim, que a Almonde Securities S.A. não tem sede, nem escritório, nem funcionários em Portugal. Seu telefone e endereço atuais são da própria Quinta dos Lagos.
Mulheres e ‘miúdos’
Em Sintra, é notório que José Sarney foi dono da Quinta dos Lagos. Um morador e dois comerciantes da Estefânia de Sintra, onde se localiza o castelo, afirmaram ao JP que no início dos anos 90 “uns brasileiros da família de um ex-presidente da República” eram vistos nas épocas do verão europeu (junho a agosto) entrando e saindo de carro na propriedade e frequentando o comércio local.
Os três entrevistados – cujos nomes a reportagem prefere preservar – disseram que conheceram “algumas mulheres e os ‘miúdos’ [crianças]“, mas não se lembram de alguma vez terem visto o próprio José Sarney na propriedade.
No entanto, coincidência ou não, o atual presidente do Senado era figurinha fácil em terras portuguesas entre 1990 e 1993. Jornais e revistas da época registraram várias dessas visitas à nossa ex-metrópole ultramar. Nessas ocasiões, Sarney nunca deixava de se encontrar com seu amigo Mário Soares, do Partido Socialista, então presidente da República portuguesa. A dupla jantava quase sempre no luxuoso restaurante lisboeta Gambrinus, na rua das Portas de Santo Antão, perto da bela praça do Rossio.
Comentários
FACA DE DOIS GUMES: o pau que dá em Chico, dá em Francisco também, se a Lei é para um, tem que ser para todos!
O DEPUTADO DO CASTELO DE MINAS GERAIS FOI AFASTADO POR GASTAR DINHEIRO PÚBLICO COM A CONSTRUÇÃO DO CASTELO DE 20 MILHÕES DE REAIS E OUTROS DESVIOS…
AGORA QUEREMOS (SOCIEDADE BRASILEIRA) O AFATAMENTO DE SARNEY, SEGUNDO O JORNAL PEQUENO, PELA AQUISIÇÃO DE UM CASTELO EM PORTUGAL PELO VALOR (ATUALIZADO) DE 10 MILHÕES DE EUROS, CERCA DE 30 MILHÕES DE REAIS, OU SEJA, 10 MILHÕES HÁ MAIS EM RELAÇÃO AQUELA FORTALEZA DE MINAS GERAIS.
O HOMEM DE LÁ FOI EXECREDO, QUEREMOS QUE A IMPRENSA NACIONAL TAMBEM FAÇA O MESMO COM SARNEY E CIA., E MOSTRE À SOCIEDADE BRASILEIRA QUEM É ESSE HOMEM, COM CARA DE IDOSO, BOM VELHINHO, DE BIGODE BEM APARADINHO E QUE MUITOS POLÍTICOS AMAPAENSES VÃO BARBAR OVO E LAMBER AS BOTAS DELE QUANDO CHEGA NO AÉROPORCO INTERNACIONAL DE MACAPÁ (que vergonha), CUJA AS OBRAS ESTÃO PARALISADAS POR CONTA DE CORRUPÇÃO, DESVIO DE DINHEIRO PÚBLICO, INCLUSIVE TEM ENVOLVIMENTO DE POLÍTICO GRANDE DE BRASÍLIA… A OBRA DO AÉROPORCO ESTÁ INERTE, PARADA… ÁI O POVO SOFRE.
ATENÇÃO, “BRASILEIROS E BRASILEIRAS” FAÇAMOS CORO E VAMOS PEDIR A CASSAÇÃO DE JOSÉ SARNEY “SENADOR” DO ESTADO DO AMAPÁ. MOTIVO: POR MENTIR À JUSTIÇA ELEITORA, AO SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO E, O QUE É PIOR, MENTIR AO POVO BRASILEIRO E, ESPECIAL, AOS MARANHENSES E AMAPAENSES POR ESSE DESVIO DE CONDUTA…
A DISCUSSÃO ESTÁ À MESA. TEM COMIDA PRA TODO MUNDO E SOBREMESA TAMBEM. FAÇA UMA EXCELENTE DEGUSTAÇÃO.
Escrito por Tico Bauhaus 26/05/2009, 10:30
Noite dessas passava em frente a secretaria de saude e pude observar uma grande comitiva da saude intinerante rumo ao Oiapoque,eram varios onibus, vans,carros do governo, carros de passeio,quanto disperdicio do dinheiro publico tenho certeza que o dineiro gasto com toda essa palhaçada daria para equipar o hospital de lá por alguns meses.Ja vi esse filme muitas veses, chegam lá fazem o maior barulho fazendo com que a populaçao carente pense que chegara a soluçao para todos os problemas de saude,ai fazem uns exames que já é feitos lá, como exame de feses, que o resultado é senpre o mesmo(tuchina)os exames mais presisos só aqui na capital passam la dois dias com diarias gordas e muitas outras dispesas que seriam evitadas se o dinheiro publico fosse bem aplicado. É como dizem la no nordeste é o mesmo que cagar e linpar a bunda com canjica.
Escrito por Fco araujo 27/05/2009, 22:47
3. O caso do castelo do deputado mineiro até que foi badalado pela grande imprensa, mas o castelo de Sarney em Portugal circulou apenas por entre blogs e papos de botequim.
Compreende-se, pois o senador Sarney, atual presidente do Senado, ex-presidente da República, é também barão da mídia, e seus comparsas jamais alardeariam que o dono do Maranhão e sócio majoritário do Estado do Amapá comprou (ou ganhou de presente) um arremedo de castelo medieval no Jardim d’Europa, à Beira-Mar.
Veja também matéria curta e grossa no Assaz Atroz http://assazatroz.blogspot.com/
Escrito por Fernando Soares Campos 8/06/2009, 19:24
4. Essa estória precisa ser confirmada para virar história. Mas é de há muito do conhecimento público que, no Brasil, essas propriedades adquiridas durante mandatos político-eleitorais quase nunca são apuradas, no que diz respeito à origem dos recursos gastos para adquiri-las. Lembram-se da casa de JK, com design do arquiteto comunista (mas brilhante arquiteto) Oscar Niemeyer, próxima à fronteira com o Paraguai? Lembram, recentemente, da mansão do primogênito de Lula num condomínio de luxo, adquirida durante o primeiro mandato do pai e a sede da Fazenda que ele adquiriu dos Prata em Valparaíso, SP, de porteira fechada, pela `bagatela` de 70 milhões de reais, à vista? Isso sem mencionar as quatro fazendas que o menino-prodígio comprou em sociedade com Daniel Dantas no Pará...
QUANTOS MIMOS MAIS COMO ESSE CASTELO EM SINTRA FORAM ADQUIRIDOS ATRAVÉS DE "ATOS SECRETOS" POR SARNEYS, LULAS, E MUITOS OUTROS MAIS???
QUANDO TEREMOS HOMENS PÚBLICOS COM SEUS NEGÓCIOS TRANSPARENTES COMO EXIGEM SUA CONDIÇÃO?