Governo busca revelações de ex-agente da repressão - Brasília- Jornal do brasil
A Procuradoria Regional da União da 1ª Região protocolou na 1ª Vara Federal de Brasília um pedido de intimação de Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o major Curió. De acordo com a Advocacia-Geral da União, a petição informa que Curió poderia ter documentos relativos à guerrilha do Araguaia necessários para o cumprimento da sentença que determina a localização dos restos mortais dos participantes do movimento.
Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo informa que integrantes da guerrilha do Araguaia, comandada por membros do PC do B, foram rendidos e executados pelas forças militares do governo brasileiro. A informação faz parte do acervo pessoal de Curió. No mês passado, o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que Curió poderia ser útil na localização dos corpos.
– Nós vamos procurar sim o contato com o Curió, a Comissão de Anistia juntamente com a Secretaria de Direitos Humanos para colhermos, se ele quiser, o depoimento para que nos facilite o trabalho de anistia para o povo da região (do Araguaia) que foi atingido por aqueles acontecimentos – disse o ministro. A comissão comandada pelo Exército para cumprir ordem da Justiça para localizar corpos de guerrilheiros do Araguaia começa a trabalhar na próxima semana e o primeiro local a ser vistoriado será o município de Xambioá (norte de Tocantins).
Informações coletadas nos últimos anos por historiadores e jornalistas sobre novos locais onde teriam ocorrido sepultamentos clandestinos serão desconsideradas pela expedição. A procura dos corpos foi determinada por sentença da juíza federal Solange Salgado, da 1ª Vara da Justiça Federal em Brasília. Em 2003, ela determinou a entrega dos corpos às famílias. Como as tentativas do governo de encontrar os corpos fracassaram, o Ministério da Defesa resolveu montar a comissão para planejar e executar a busca dos restos mortais.
A guerrilha do Araguaia foi travada na segunda metade dos anos 60 e na primeira dos 70. Adepto da luta armada contra o regime militar, o PCdoB enviou para o Araguaia cerca de 70 militantes, a maioria jovens. Tropas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica enviadas à floresta dizimaram os guerrilheiros. Até hoje não se sabe o paradeiro dos corpos. (Com agências)