A ficha nos arquivos militares de Dilma Rousseff, hoje ministra das Minas e Energia: só em 1969, ela organizou três ações de roubo de armamentos em unidades do Exército no Rio de Janeiro.
(...)O outro integrante do primeiro escalão com passagem pela guerrilha contra a ditadura militar é a ministra Dilma Rousseff das Minas e Energia - mulher de fala pausada, mãos gesticuladoras, olhar austero e passado que poucos conhecem. Até agora, tudo que se disse a respeito da ministra dava conta apenas de que combatera nas fileiras da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, a VAR - Palmares, um dos principais grupos armados da década de 70. Dilma Rousseff, no entanto, teve uma militância armada muito mais ativa e muito mais importante . Ela, ao contrário de José Dirceu, pegou em armas, foi duramente perseguida , presa e torturada e teve papel relevante numa das ações mais espetaculares da guerrilha urbana no Brasil - o célebre roubo do cofre do governador paulista , Adhemar de Barros, que rendeu 2,5 milhões de dólares(...)
(...)A ação durou 28 minutos e foi coordenada por Dilma Rousseff e Carlos Franklin Paixão Araújo, que então comandava a guerrilha urbana da Var-Palmares em todo o país e mais tarde se tornaria pai da única filha de Dilma. O casal planejou, monitorou e coordenou o assalto ao cofre de Adhemar de Barros. Dilma, no entanto, não teve participação física na ação. "Se tivesse tido não teria nenhum problema em admitir", diz a ministra, com orgulho de seu passado de combatente.
"A Dilma era tão importante que não podia ir para a linha de frente. Ela tinha tanta informação que sua prisão colocaria em risco toda a organização. Era o cérebro da ação" , diz o ex-sargento e ex-guerrilheiro Darcy Rodrigues, que adotava o codinome "Leo" e em outra ação espetacular ajudou o capitão Carlos Lamarca a roubar uma Kombi carregada de fuzis de dentro de um quartel do Exército, em Osasco, na região metropoçitana de são Paulo. " Quem passava as orientações do comando nacional para a gente era ela". O ex-sargento conta que uma das funções de Dilma era indicar o tipo de armamento que deveria ser usado nas ações e informar onde poderia ser roubado. Só em 1969, ela organizou três ações de roubo de armas em unidades do Exército, no Rio. (...)
(...)A atual ministra era tão temida que o Exército chegou a ordenar a transferência de um guerrilheiro preso em Belo horizonte, o estudante Ângelo Pezzuti, temendo que Dilma conseguisse montar uma ação armada de invasão da prisão e libertação do companheiro.(...)