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Artigos-->As duas caras de Janus -- 10/03/2009 - 10:17 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Correio Braziliense - 10/03/2009



OPINIÃO



As duas caras de Janus



Jarbas Passarinho



Foi governador, ministro de Estado e senador



Janus, deus romano, porteiro do céu, apresentava a particularidade de ter duas faces olhando para ambos os lados. As portas do templo eram abertas ou fechadas, conforme os tempos fossem de paz, com a face serena, ou se de guerra, com a horrenda. Vulgaram-se piadas, como a de que, no Maranhão de outrora, houve um governador que ora se mostrava faceiro e ora carrancudo. Prometera emprego a uma correligionária, mas o deu a outra pretendente. A primeira o censurou: “O senhor é um homem de duas caras”. Retrucou o governador, carrancudo: “Se eu tivesse duas caras, minha senhora, seria capaz de usar esta?”



No trágico período da luta armada no Brasil, entre 1967 e 1974, à medida que as facções comunistas perdiam sucessivamente o apoio soviético e o chinês, devido ao cisma ideológico da União Soviética e Mao Tse Tung, e deles também afastado Fidel Castro, a guerrilha do PCdoB no Araguaia usava a face contrafeita. Substituiu-a, quando recebeu apoio da Albânia, o mais subdesenvolvido país da Europa. Pela rádio da capital, Tirana, chegavam ao Brasil sucessivas mentiras de vitórias comunistas no Araguaia, confirmando o dito popular: “Na guerra há mentiras como terra”. Mas assim continuou até hoje, plagiando a expressão italiana “anos de chumbo”.



Dizem-se grupos de idealistas de resistência democrática na luta contra a ditadura vigente. Negou-os um dos seus mais expressivos quadros, agora professor universitário. Vangloriaram-se de, sendo marxistas, terem lutado pela ditadura do proletariado e não pela democracia burguesa. Eram estudantes e velhos comunistas rompidos com Prestes, sem presença de proletários, que serviam de massa ao socialismo revolucionário, até que, como ensina Pipes, os operários preferiram, à luta, o sindicalismo. Dizem ter perdido a luta armada devido à tortura que teriam sofrido, e escondem que a verdadeira causa foi a falta de apoio popular, essencial às revoluções.



Certa feita, vi uma charge em jornal americano, em três tempos desenhada. No primeiro, dois idosos liam um jornal. No segundo, militares vitoriosos assinavam um armistício com os vencidos. No terceiro, um dos anciãos perguntava ao outro: “Que escrevem os vencidos? Pedem perdão, foi a resposta do amigo”. Aqui, os vencidos reescrevem a história. Anistiados, chegaram ao poder a reboque de Lula, que não foi guerrilheiro e nem é comunista. Constituíram comissões para indenização por terem perdido a luta. Um ineditismo em toda a história. Dizem que elas são neutras, mas procedem com escancarada parcialidade. Indenizaram-se militares vencidos e agora premiados com ilegítimas e ilegais promoções sem os requisitos obrigatórios. Um poder ditatorial, pois. A verdade é adulterada nos plenários cativos das escolas, notadamente universitárias, fazendo com desenvoltura a propaganda do socialismo marxista. Praticam a corrupção deslavada e impunemente, quando no Poder Executivo.



Barbara Buckman diz que “o historiador contemporâneo, principalmente se houver participado dos acontecimentos, não tem uma vantagem total. O que ganha em intimidade perde em isenção. (É o que se dá com o ministro de Direitos Humanos). Não pode ver nem julgar com justiça os dois lados de uma disputa. A distância confere uma espécie de afastamento que resfria o julgamento e permite uma avaliação mais justa do que é possível a um contemporâneo. O historiador neutro, ou puramente objetivo, não existe, mas seu primeiro dever é permanecer dentro das provas”.



Minha vida pública, superior no tempo a quatro décadas, me ensinou como esquerdistas, infiltrados em órgãos de comunicação de massa, deformam declarações de adversários. Aconteceu comigo. Argumentei, com apoio na história da guerra fria, sobre a inevitabilidade da edição do AI-5. Perguntaram-me “se era compreensível que pessoas que nunca pegaram em armas tenham sido presas, torturadas e mortas por causa do AI-5”. Minha resposta foi firmemente negativa, “Não, não é compreensível”. Repeli a acusação abstrata, pois. Aproveitei para lealmente admitir que podia um interrogado ser tomado por comunista sem ser revolucionário, isso sim, ao fato de, no plano das doutrinas políticas contemporâneas, não se distinguir marxistas teóricos de marxistas-leninistas, que buscavam derrubar o governo pelas armas. Mas já negara ser compreensível a acusação abstrata que o repórter chama de “efeito colateral”.



Entretanto, o jornalista que fez a apreciação da entrevista escreveu que a resposta “era a explicação que dou para a morte e a tortura de opositores ao regime militar”, ilação digna de um Torquemada. Fala, sobre isso, a conhecida conduta que tive e tenho, e o asco que me causam a mentira e a hipocrisia de quem sataniza a tortura e aplaude o terrorismo.



Fabulosa e maldosa a interpretação. A outro jornalista revelei a tortura dos guerrilheiros do Araguaia de um adolescente que serviu de guia aos militares até o acesso a eles. Depois de fatiarem seu corpo, mataram-no na frente dos pais, tudo testemunhado por eles e em livro publicado. Não mereceu sequer um comentário.



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