Há alguns anos atrás, tive a alegria, felicidade e honra de me criar passando os verões na ilha de Itaparica.
O tempo de duração de espera do Ferry Boat, era no máximo vinte minutos, mesmo assim as filas eram bastante grandes, as embarcações eram modernas, já existia o Agenor Gordilho, um dos mais antigos, não tinha hora marcada, nem catamarã, quem administrava era a Companhia de Navegação Baiana.
Quando chegamos ao Bom Despacho, os transportes eram Kombis e alguns ônibus, precários, inclusive.
Quando adentrávamos o portal de Itaparica, depois da Fonte da Bica, tudo se iluminava, eram os paralelepípedos mais maravilhosos que podiam construir; as praias eram freqüentadas dia e noite, a pescaria de siri, no jereré, marcou a infância de muita gente; a iluminação, quando existia, era quase um breu; as pessoas passavam a noite na praça, levavam até colchão, para fugir do calor, indo refrescar-se encima do gramado, e por lá dormia, às luzes do luar como testemunha.
De manhã cedo os idosos iam andando ou de bicicleta, rotineiramente, tomar a água “milagrosa”, que faz “velha virar menina”.
Com o passar do tempo e seguidas administrações “equivocadas”, digamos assim, a ilha foi se afundando diante das faltas de investimento, a violência como em todo lugar, não poderia deixar de aumentar.
Hoje os veranistas estão desesperados, os moradores em estado de agonia, assaltos em todos os cantos, e vemos a nossa ilha “sumir” diante de todo esse caos.
É um verdadeiro sofrimento para quem se criou tendo como pano de fundo aquele maravilhoso lugar, que é fonte de tantas lembranças para o povo que por lá passou, investiu e o que hoje sofre diante de toda essa ingerência dos poderes públicos.
Uma ilha desse potencial, se fosse em outro lugar, como na Europa, seria um verdadeiro balneário, mas infelizmente encontra-se no Brasil, lugar de ilhas particulares, castelos e todo tipo de ostentações, adquiridos de maneira duvidosa.
Diante de todo esse drama a ilha afunda cada vez mais dentro de um mar escuro e enlameado; todos os ilhéus, ex-turistas e ex-veranistas clamam por atenção dos órgãos competentes, mas não acontece absolutamente nada. Devolvam a nossa Ilha!