Análise escrita por Gilberto Simões Pires, em 09/09/2008.
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EQUÍVOCO
Ainda persiste, no Brasil, a velha e equivocada idéia de que padecemos de um grande mal, comumente denominado neoliberalismo. E em períodos de campanha eleitoral a exposição da besteira se torna ainda mais aguda. O momento tem sido muito usado para dizer que os nossos insucessos têm um único responsável: o modelo neoliberal.
CHILE E CHINA
O fato é que os manifestantes se recusam em entender que o neoliberalismo é um modelo nascido e desenvolvido inicialmente no Chile. E em seguida foi copiado, ipisis literis, pela China. De novo: foi o Chile, de Pinochet, que testou primeiro o modelo de centralização política e abertura econômica, hoje rigorosamente aplicado e desenvolvido na China.
COMBINAÇÃO MEDIEVAL
Enquanto isso o Brasil sempre permaneceu fiel ao mercantilismo, modelo que se caracteriza pela combinação medieval de nacionalismo com estatismo. Ou seja, um forte conchavo acordado entre Estado e empresários, cuja proposta é impedir ao máximo a liberdade de consumo dos cidadãos. A tal combinação se dá por impostos elevados e taxas de importação indecentes.
PERIGOSO VILÃO
A rigor mesmo, aos brasileiros só lhes foi dado a conhecer o mercantilismo e o estatismo. O capitalismo, sempre acusado de perigoso vilão pelos socialistas, infelizmente ainda não aportou no Brasil. E o liberalismo, então, nem pensar.
GOLEADA CHILENA
Enquanto o Brasil vibra com a vitória de ontem, de três a zero sobre o Chile, no futebol, coisa que não muda em coisa alguma a vida das pessoas, a economia chilena dá uma goleada diária no Brasil, no desempenho econômico e social. Embora este desempenho seja o mais importante, a baixa compreensão dos brasileiros não tem este alcance.
A MELHOR ECONOMIA
A economia chilena foi a economia que mais cresceu comparada com as grandes economias latino-americanas, no período entre 1983-2007, ou seja, em 25 anos o Chile cresceu 230%. E foi, também, o país que mais absorveu, em termos relativos, Investimentos Estrangeiros Diretos. O que nós começamos a conquistar na macroeconomia, o Chile mantém desde meados dos anos 80.
LIMITES
Enquanto o Chile não tem limites para crescer, simplesmente porque fez as reformas necessárias, o nosso crescimento, previsto em 4,8% em 2008, está próximo do limite do que o País pode suportar sem apresentar desequilíbrios macroeconômicos. A afirmação não é minha. É do economista sênior da agência de classificação de risco Moody`s para a América Latina, Alfredo Coutino. Creio que ele tem crédito, não?