Amanhã comemora-se o DIA DOS PAIS. Que seriam todos os dias do ano, como o seria o DIA DAS MÃES. Todos os dias do ano.
Mas o capitalismo insone e sempre alerta não deixa escapar momentos propícios para seu proveito.
Instrumento de mercado dos mais eficientes da atualidade, a mídia televisiva, mão direita da propaganda moderna, impulsiona seu braços de polvo colorido para enlaçar seus escravos. E incrusta nas mentes ansiosas dos adolescentes a idéia de que não há “comemoração” sem o subliminarmente indispensável presente para o homenageado. E o tal DIA D... mostra sua verdadeira finalidade: é, sim, dia do lucro absurdo, do superávit desenfreado da Economia de Mercado. É mais um DIA DO COMERCIANTE. É mais um dia do Tio Pat$nhas.
Desde 1972, quando nasceu minha primogênita, é a primeira vez que passo esta comemoração sem qualquer de meus filhos por perto.
Não dou valor a presentes materiais. Eles não atraem, nem me convencem. São apenas lembranças bem passageiras de laços profundos que unem as criaturas. Por mais caros que o sejam não correspondem, jamais, aos sentimentos que tentam traduzir. Acabam por fazer uma tradução imperfeita. O que pode ser uma traição, como diz o brocardo latino: “tradutores, traditores”. Porque, geralmente, os que se fazem tradutores de obras nunca nos passam o verdadeiro pensamento dos autores, mostrando-se, assim, seus traidores.
Assim são os presentes.
Presentes materiais são tão frágeis e tão inseguros!
Você ganha um carro novo. Na sexta-feira o recebe – zero km – da concessionária. Saindo da porta, o presente já perde 30% de seu valor. No domingo você sai com ele, 35 kms. Rodados. Um bêbado irresponsável sai, num carro velho, de uma rua secundária à pela qual você passa, e bate na lateral do seu presente novinho, rasgando portas, amassando calotas e desalinhando rodas...
“Meu seguro cobre o prejuízo!”. Disse-o bem, o papudinho inveterado: o prejuízo. É ruim, né?
Mesmo que você troque as peças arruinadas, seu carro zero, de agora pra frente, sempre será um carro batido. E daí?
Presentes são isto. Quem ganhou? Só os comerciantes: da concessionária ao comerciante de peças e à oficina de lataria e a mecânica. O único prejudicado foi o “homenageado”...
E o papudinho continua tomando as suas, nos fins de semana irresponsáveis.
Filhos e filhas, o pai de vocês não está interessado em coisas passageiras. Simplesmente “coisas”.
Vocês o farão feliz dando-lhe respostas de vida. De realização pessoal. De vivência vocacional. De complementação humana, social e espiritual.
Se a gente os vê e sente como pessoas realizadas e felizes, é isto o melhor presente que vocês nos podem dar, não só no DIA DOS PAIS, mas em cada dia de nossas vidas. Porque vocês são o testemunho vivo de que cumprimos o projeto divino sobre nós.
Aliás, de pai, não existem só os filhos biológicos. São filhos nossos todos aqueles que receberam, de certo modo, nossa influência paterna de educação humana e cristã.
Saudades tenho dos bilhetinhos e cartões recebidos nesta ocasião, testemunhando orações e construção educativa, mais que dos presentes que, embora sinceros, não mais existem.
Sentimentos não se apagam. Permanecem sempre vivos e atuantes.
Por isto sou um dos pais mais felizes e realizados neste mundo. Porque tenho filhos biológicos (três) e inúmeros filhos espirituais que me amam e aos quais sempre amarei junto ao Pai.
Embora seja o primeiro DIA DOS PAIS que não os tenho fisicamente a meu lado, contudo sei que a todos os terei sempre presentes no coração e nas preces.
Obrigado a Deus por vocês existirem em minha vida.
