ANISTIA GENEROSA BENEFICIOU TERRORISTAS E SEQÜESTRADORES
FIGUEIREDO, O GENEROSO
OPINIÃO
O POVO
[04 Setembro 16h53min 2004]
http://www.noolhar.com/opovo/people/398101.html
O ex-deputado Célio Borja, que foi presidente da Câmara, classificou as passeatas de ``exercício de mobilização que considero folclore``
Themístocles de Castro e Silva
Os decaídos de 64, inclusive no Ceará, realizaram eventos sobre o 25 de agosto, data em que, em 1979, o presidente João Figueiredo sancionou a Lei da Anistia. Ao contrário do que certo noticiário deixa transparecer, não houve nada parecido com ``mobilização da sociedade`` ou coisa semelhante. Só depois de o presidente Figueiredo, no início do governo, declarar que ``lugar de brasileiro é no Brasil``, foi que Ulisses Guimarães, Franco Montoro e outros líderes aderiram ao movimento. Frase generosa, mas não realista.
O ex-deputado Célio Borja, que foi presidente da Câmara, classificou as passeatas de ``exercício de mobilização que considero folclore``. O resultado da votação do projeto, de 209 a 194, mostra que não havia interesse popular.
O PMDB não queria anistia para Brizola, Miguel Arrais e Carlos Prestes.
As notícias sobre o assunto, misturadas com outras sobre as inconcebíveis indenizações, dão a entender que os anistiados eram santinhos. Estavam rezando, quando chegou a ``ditadura`` e os prendeu, torturou etc.
Os ``santinhos`` começaram a agir no dia 25 de julho de 1966, com explosões de bombas, uma delas no aeroporto de Guararapes, no Recife, para matar o general Costa e Silva, ministro do Exército. Morreu o jornalista Edson Régis de Carvalho e o Almirante da Reserva Nelson Gomes Fernandes. Treze pessoas ficaram feridas, inclusive uma criança de seis anos de idade.
No mesmo mês de julho, Carlos Marighella segue para Cuba, especialmente convidado para a Conferência das Organizações Latino-Americanas de Solidariedade (OLAS). No dia 18 de agosto, mês seguinte, rompeu com Prestes, declarando em carta:
- ``A experiência da revolução cubana ensinou, comprovando o acerto da teoria marxista-leninista, que a única maneira de resolver os problemas do povo é a conquista do poder pela violência das massas, a destruição do aparelho burocrático e militar do Estado a serviço das classes dominantes e do imperialismo, e a sua substituição pelo povo armado``.
Nascia, no Brasil, a mais violenta e sanguinária organização terrorista - a Ação Libertadora Nacional, que passou a atuar com outras, particularmente o MR-8, quando, no dia 4 de setembro de 1969, seqüestrou o embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick.
Agora, leiam, com atenção, o manifesto dos ``santinhos anistiados``, com a exigência para libertar o diplomata, redigido pelo jornalista Franklin Gondim, hoje comentarista da Rede Globo e possivelmente um dos futuros indenizados como ``perseguido político``.
Vejam que, sem ninguém lhes pedir, confessaram o que estavam fazendo e o que ainda iam fazer:
- ``Grupos revolucionários detiveram, hoje, o sr. Burke Elbrick, Embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum ponto do país. Este não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, onde se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; tomadas de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para devolvê-los à luta do povo; as explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores. Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato de guerra revolucionária que avança a cada dia e que este ano iniciará a sua etapa de guerrilha rural``.
- ``A vida e a morte do Senhor Embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ela atender a duas exigências, o Sr. Burke Elbrick será libertado. Caso contrário, seremos obrigados a cumprir a justiça revolucionária``.
As exigências eram a libertação de 15 presos políticos, entre eles José Dirceu, e a leitura do manifesto nos jornais, rádios e televisões, que ocorreu no dia 6.9.69.
De 70 a 72, foram 95 assaltos desses por eles anunciados. Foram assassinados 105 civis e militares, inclusive dois cearenses. Foram seqüestrados os embaixadores dos Estados Unidos, da Alemanha, da Suíça e o Cônsul do Japão, que se salvaram porque o governo concordou em libertar terroristas. Depois, como avisaram, começou a guerrilha rural, em Araguaia. Foram três anos, com baixas de ambos os lados.
Isso é apenas uma pequena mostra do que fizeram os ``santinhos`` que agora comemoraram a anistia e estão na fila para receber indenizações como ``perseguidos``. Grandeza moral revelou a sra. Anita Leocádio, filha de Carlos Prestes, quando soube que iria receber CR$ 100 mil:
- ``Quando assumi determinadas posições políticas, sabia das conseqüências. Isso não se paga com dinheiro, pelo menos no meu caso``.
O que ninguém poderia imaginar era que o PC do B do terrorista Marighella, chefe do esquema que matou e assaltou, viesse a ter vida normal na política brasileira, com dois ministros de Estado e representantes no Congresso. E um deles ainda é ``articulador`` do presidente da República.
O Brasil é o único país, no mundo, que dá prêmios a quem pretendeu transformá-lo numa ditadura comunista.