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Artigos-->Barbudinhos do Itamaraty defendem interesses da China -- 30/07/2008 - 16:23 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Risco de acordo



Miriam Leitão



O Uruguai e o Paraguai estão defendendo os interesses da agricultura brasileira nas negociações da Rodada Doha. Já o Brasil aceita, contra a posição dos produtores brasileiros, que a China tenha "salvaguardas especiais". Segundo o empresário Pedro de Camargo Neto, isso é o "cúmulo", "um retrocesso". O embaixador Rubens Barbosa acha que é "melhor o fracasso que um mau acordo".



O embaixador, que já foi no passado ativo participante de negociações comerciais, avalia que há dois cenários para a Rodada Doha: ou o fracasso puro e simples; ou o fracasso travestido de sucesso.



- Ou haverá um impasse total ou aprovarão um documento minimalista, aquém das expectativas, que não representa avanço algum, mas que será apresentado com grande fanfarra, como se fosse um grande acordo - diz ele, hoje presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp.



Pedro de Camargo Neto, empresário da área agrícola, e um dos mais ativos participantes das negociações, acha que algo pior que o fracasso pode acontecer:



- Tínhamos muitas ambições, mas já estávamos nos acostumando com a idéia de ter um pequeno avanço. Falávamos em avanços substanciais no início, e agora só se fala em um avanço modesto. Mas o que não dá para aceitar é o retrocesso que pode significar o Brasil apoiar as barreiras que a China quer impor ao comércio agrícola.



As contradições entre os países emergentes levaram o Brasil a esta situação absurda de, na mesa de negociações, ficar contra seus próprios interesses. Os Estados Unidos têm proposto que a abertura do comércio agrícola valha também para os países em desenvolvimento. Esse ponto é do interesse do Brasil, um produtor eficiente, com grande possibilidade de aumentar a produção, e que hoje exporta mais alimentos para os mercados emergentes que para os países ricos. Essa proposta de que a abertura valha para todos é vetada por China e Índia, que são produtores agrícolas ineficientes. A China propôs que valha para ela o chamado "mecanismo de salvaguarda especial", inicialmente aceito apenas para os países pobres da África. O Uruguai e o Paraguai ficaram contra a China. Mas, para manter a ficção da união do G-20, o Brasil aceita a proposta chinesa, e não assume oficialmente que concorda com Paraguai e Uruguai. Assim o mercado agrícola que mais cresce no mundo, o chinês, pode vir a ter barreiras que não tinha.



- É o cúmulo que nossos interesses sejam defendidos por Paraguai e Uruguai. Não foi isso que os produtores agrícolas brasileiros disseram para o Itamaraty. Somos contra as salvaguardas para a China. É um retrocesso - reclama Pedro de Camargo Neto.



Para o ministro Celso Amorim, admitir essa contradição dentro do G-20 seria abrir mão daquilo que ele apresenta como sua grande vitória: ter unido os países emergentes na reunião de Cancún, em 2003, uma das etapas dessa longa e complexa rodada de negociação. Naquela época, foi importante juntar os 20; hoje as contradições internas do grupo são maiores que as vantagens de estar nele.



Rubens Barbosa acha que a maior possibilidade é de um fracasso puro e simples. Mesmo assim, acredita que há 40% de chance de sair um acordo fraco, que será apresentado como bom. Se for dessa forma, será para salvar a face tanto da Europa quanto do governo Bush, e do governo brasileiro, que jogou tudo nessa negociação.



- Essa foi a única negociação de liberalização do comércio a que o Brasil se dedicou nos últimos seis anos - lembra ele.



- O Brasil tem feito todas essas concessões apenas para ter uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU - diz Camargo Neto.



- A aliança com China e Índia neste momento é contra nossos interesses - concorda o embaixador.



A proposta feita pelos EUA estava dentro do que se sabia que proporiam - entre US$13 bilhões e US$16 bilhões como teto para os subsídios. Atualmente o gasto do governo americano com os subsídios é de US$7 bilhões, pois a alta dos preços de alimentos derrubou a necessidade de subsídio. Apesar de ser o dobro do praticado hoje, há grande chance de que o Congresso democrata derrube uma proposta assim. Recentemente foi aprovada a nova Lei Agrícola, que estabelecia US$48 bilhões em gastos com subsídios. O presidente Bush vetou e o Congresso - com o apoio entusiasmado do senador Barack Obama - derrubou o veto. Ou seja, US$15 bilhões significa dobrar os subsídios, porém, mesmo assim, será considerado inaceitável pelos protecionistas americanos.



A Fiesp acha que a abertura do setor industrial, pedida como compensação dos emergentes para supostas concessões na área agrícola dos países ricos, será um preço alto por nada.



- A redução das tarifas de importação, pela fórmula que está sendo negociada, vai levar a alíquota máxima de 35% para 12%. Mas eles querem acordos setoriais para as áreas mais interessantes: automóveis, química, brinquedos e informática, e isso achamos inaceitável - diz Rubens Barbosa.



A Rodada Doha pode terminar num acordo que, apesar de minimalista, será trombeteado como sucesso; ele, na verdade, pode significar para o Brasil aceitar barreiras ao comércio agrícola com a China. Ou então será um fracasso assumido. Nesse último cenário, as conversas voltam a engrenar só em 2010.





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