Conseguir um acordo sobre um tratado internacional para a proibição das bombas cluster, similar ao subscrito há dez anos para as minas antipessoais, é o objetivo da conferência internacional do Processo de Oslo que se abre hoje, 20 de maio, em Dublin.
Cinqüenta organizações não-governamentais e 46 países – informa hoje nesta terça-feira o jornal vaticano «L’Osservatore Romano» – aderiram em fevereiro de 2007 em Oslo a uma declaração na qual se comprometiam a «concluir antes que acabasse 2008 um instrumento internacional vinculante que preveja a proibição do uso, produção, translado e armazenamento das munições cluster que causam danos inaceitáveis aos civis».
Só três dos países presentes naquela reunião não aprovaram o documento: Japão, Romênia e Polônia. Entre os ausentes, figuravam os Estados Unidos, a Rússia e a China. E estes últimos países já deram a conhecer que não participarão do encontro na capital irlandesa, junto com Israel, Índia e Paquistão, todos nos primeiros postos da produção mundial das bombas cluster.
As bombas cluster são especialmente perigosas porque explodem sobre o terreno, deixando em uma ampla área milhares de pequenos artefatos programados para explodir quando há impacto. Trata-se essencialmente de um container de metal cheio de submunições – cada artefato pode conter até 650 – que matam e mutilam milhares de pessoas, inclusive em tempo de paz. Das observações sobre o uso destes artefatos nos conflitos resulta que entre 10 e 40% não explodem e permanecem carregados durante anos no terreno, disseminados em um raio de centenas de metros, inclusive longe do objetivo militar.
Segundo informes internacionais, até 98% das vítimas das bombas cluster são civis. Também estão estruturadas de forma que fazem impossível o emprego de meios mecânicos de retirada, e freqüentemente, inclusive dos cães adestrados para a busca das minas.
Existem vários tipos de bombas cluster: as mais potentes conseguem perfurar a quinze metros de distância uma lâmina de aço de mais de um centímetro de espessura ou matar em um raio de 150 metros. Nenhum tipo está provido de mecanismo de autodestruição que as elimine em caso de não explodir. Pelo contrário, a maior parte das bombas cluster têm formas e cores que suscitam a curiosidade de qualquer um – adulto ou criança – que ignore sua periculosidade.