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Artigos-->Dom Cappio e o Rio São Francisco -- 17/12/2007 - 10:56 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vejam quanta lucidez nos argumentos desta jovem Cristã.



Diz o ditado que não se deve "ensinar o Pai-Nosso a vigário" mas, neste caso, se este bispo seguisse a orientação da Verdadeira Igreja em lugar da teologia da libertação, não precisaria agora estar levando uma sova de uma jovem laica.



Este bispo devia ser excomungado, pois não há perdão para os suicidas dentro da Doutrina Católica!



Abs,



Graça Salgueiro



***



D. Cappio e o Rio São Francisco



Emanuelle Carvalho Moura



Quando fiz o comentário sobre a atitude de D. Cappio, não quis me imiscuir no mérito da questão “transposição do Rio São Francisco” que, sem dúvida, independente das ideologias envolvidas é, tecnicamente, uma questão complicada. Todas as construções que envolvem a otimização do uso de rios são caríssimas, a usina de Itaipu rendeu tanto concreto que dava para construir a cidade de Campinas, que é a maior do interior paulista, só perdendo para a capital, São Paulo. Nesses casos, então, a avaliação tem de ser criteriosa: pois se a construção não gerar um lucro maior do que a aplicação de recursos públicos na empreitada através da melhoria da qualidade de vida da população, favorecimento do comércio e aumento de renda, não se tem motivos para falar nisso, além de tudo, deve ser verdadeiramente útil ante um espaço ambiental grosseiramente árido como é o nordestino, pois se corre o risco do rio ser transposto e evaporar...



Falo isso como completa leiga no assunto. Se fosse elaborar um artigo realmente mais completo, procuraria realizar comparações entre transposições assim já feitas no mundo para saber quais as conseqüências e se há alternativas eficazes para a questão da seca no nordeste, quando existem outros países que engenham técnicas de aproveitamento de recursos mesmo em regiões extremamente desérticas e com resultados positivos. Mas, para isso, precisaria ter, no mínimo, uma cultura geográfica de melhor qualidade. Trago-lhes, então, um artigo do Dr. Aziz Nacib Ab`Saber que todos os estudantes da minha idade devem conhecer porque da 6ª para a 7ª séries, tivemos de decorar uma classificação geográfica brasileira 300% maior simplesmente porque ele classificou o solo do Brasil, extremamente rico e diversificado, com mais propriedade e isso foi um terror para as provas escolares daquele tempo.



Antes, porém, gostaria de ratificar minha colocação sobre a atitude contra a vida de D. Cappio por ele mesmo. Eu não duvido que sua causa seja justa, existem argumentos muito plausíveis para ser contra a transposição do Rio São Francisco: um deles, que eu daria de bom grado, é a incompetência do governo Lula para fazer algo mais substancial do que distribuir descontroladamente bolsas-família pelo país. Eu não acredito que o Governo Lula tenha competência para realizar uma obra dessas, basta ver como há corrupção envolvendo o PT. Ele, definitivamente, não é o Juscelino Kubitschek que construiu a feia Brasília - que parece uma grande usina hidroelétrica - saída da cabeça do arquiteto, atualmente homenageado pelos seus 100 anos de nascimento, Oscar Niemeyer. Brasília é feia, mas foi feita em pouco mais de 5 anos.



Eu não poderia igualar a atitude de D. Cappio a dos jejuns que os santos faziam. Para que me compreendam melhor, trago-lhes um exemplo. Há uma grande diferença entre os pagãos ascetistas e os santos austeros. Quando um pagão golpeava seu corpo com um chicote era porque odiava seu corpo; ora, o corpo é bom posto que é criatura de Deus, que é Bom, por que eu deveria odiar o meu corpo? Então, vemos a diferença dos santos que golpeavam seus corpos não porque os odiassem, mas justamente porque os amavam e o faziam para retificá-los. Temos aqui uma mesma atitude, sendo a primeira errada e a segunda correta. Com D. Cappio, quanto ao jejum, não é diferente e eu não gostaria de vê-lo como um faquir da Índia, porque a atitude retirada deste não envolve uma busca de aperfeiçoar o mundo para que o homem alcance sua Finalidade: a santificação; mas porque odeia o mundo, considerado a própria maldade em si e contrariando, como muitos pagãos fazem, um ensinamento bíblico primário: que Deus, Criador do Universo, viu que “tudo o que criou era bom”.



Já passei fome também: para emagrecer. E fiz jejum? Claro. Foi um ato de penitência? Sim, mas para satisfazer a minha vaidade. Isso não é louvável, obviamente. Ora, santos jejuam para fazer penitência a Deus e a liturgia católica contempla períodos (quaresma) e dias (quarta feira de cinzas, sexta-feira da paixão e todas as sextas-feiras) que melhor caracterizam esse jejum ao seu nobre fim (sendo obrigatório somente abster-se de carne e realizar jejum na quarta-feira de cinzas e sexta-feira da paixão, os outros são facultativos, mas tempos propícios): para aliar um pequeno sacrifício terreno pela santificação e salvação das almas ao Sacrifício por excelência de Jesus Cristo que ocorre sem cessar, do nascer ao pôr do sol nas Missas pelo mundo inteiro. Mesmo durante a quaresma, nos Domingos, é proibido jejuar porque Domingo é o Dia do Senhor, da Ressurreição de Jesus. Logo, se alguém quiser fazer jejuns segundo as orientações da Santa Igreja, deve obedecê-La. São Francisco de Assis fez jejuns surpreendentes, mas não significa que ele não se alimentasse. Apenas, para não pecar por gula, ele fazia questão de comer comida misturada com terra e lama, ainda assim em pouquíssima quantidade: deste modo, ele não saboreava alimento algum: apenas alimentava o “irmão jumento”, como chamava o seu corpo.



Quero dizer, com isso, que D. Cappio é pagão? Não seria tão atrevida. Ele é um Bispo católico. Não estou aqui para sondá-lo o coração porque não sou Deus. Não estou, pois, julgando D. Cappio: nenhum poder me foi outorgado para tanto. Mas considero sua atitude de realizar greve de fome muito diferente de jejum segundo o que compreendo sobre isso, procurando me guiar pelo magistério da Santa Igreja. Realizar greve de fome fere os preceitos da Igreja, ninguém pode fazê-lo sem deixar de cumprir suas obrigações católicas, posto que eu não posso jejuar no Domingo, por exemplo. E greve de fome significa: não comer ininterruptamente até conseguir algo que considero justo. É um atentado contra a própria vida porque, se D. Cappio morrer, não poderão pôr a culpa no Governo (por mais que meu instinto anti-PT adorasse pôr-lhe a culpa, mas nós também temos de controlar nossos instintos, manda a razão). Como um suicida, a culpa da sua morte se deve somente a ele, por mais que a motivação venha de um término de relacionamento, não se pode pôr a culpa no(a) ex-namorado(a). Se D. Cappio morrer (e eu não desejo isso a ele, rogo, inclusive orações) será uma situação semelhante. Entendo, simplesmente, que os fins não justificam os meios.



Porém, como todos os que acompanharam um pouco desse caso por conta do Bispo, devem saber que o Governo proibiu as obras. D. Cappio somente continua com a greve porque está esperando os homens encarregados de dar início à obra de se retirarem do sertão. O não andamento das obras é bom? Certamente. Mas continuo a não concordar com a atitude do Bispo. Alguém poderia dizer que se ele não fizesse isso, não obteria a proibição das obras. Eu poderia dizer mais: que se ele tivesse fé do tamanho de um grão de mostarda, procuraria fazer o bem integralmente, seguindo os preceitos que ele, como Bispo e exemplo para todo um rebanho, deve como obediência à Santa Igreja que condena atentados diretos contra a própria vida, como assim se posicionou o Bispo da Paraiba, D. Aldo Pagoto, sobre o caso. Pagotto é reconhecido por sua firme atitude pró-vida e perseguido em meio a uma doença que envolve hoje toda a Igreja Católica: a desobediência de muitos filhos (sacerdotes) à autoridade do Papa, Vigário de Cristo em Sua Igreja. Pior do que a transposição do Rio São Francisco é o espírito de rebeldia entre os sacerdotes católicos.





***



12/03/2007 - 11:27 - As águas do rio não são a panacéia para os problemas do semi-árido



SOBRE A TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO



AZIZ NACIB AB`SABER



As águas do rio não são a panacéia para os problemas do semi-árido



Nas discussões que ora se travam sobre a questão da transpo­sição de águas do São Francisco para o setor norte do Nordeste seco, existem alguns argumentos tão fantasiosos e mentirosos que merecem ser corrigidos em primeiro lugar. Referimo-nos ao fato de que a transposição das águas resolveria os grandes problemas sociais existentes na região semi-árida do Brasil. Trata-se de um argumento completamente infeliz. O Nordeste seco, delimitado pelo espaço ate onde se estendem as caatingas e os rios intermitentes, sazonários e exoréicos (que chegam ao mar), abrange um espaço fisiográfico socioambiental da ordem de 750 mil km2, enquanto a aérea que pretensamente receberá grandes benefícios abrange dois projetos lineares que somam apenas alguns milhares de quilômetros nas bacias dos rios Jaguaribe (Ceara) e Piranhas/ Açu, no Rio Grande do Norte.



Um problema essencial na discussão das questões envolvidas no projeto de transposição de águas do São Francisco para os rios do Ceará e Rio Grande do Norte diz respeito ao equilíbrio que deveria ser mantido entre as águas que seriam obrigatórias para as importantíssimas hidroelétricas já implantadas no médio/baixo vale do rio - Paulo Afonso, Itaparica, Xing6. Devendo ser registrado que as barragens ali implantadas são fatos pontuais, mas a energia ali produzida é transmitida para todo o Nordeste, constitui um tipo de planejamento da mais alta relevância para o espaço total da região. De forma que o novo projeto não pode, em hipótese alguma, prejudicar o mais antigo, que reconhecidamente é de uma importância areolar. Mas parece que ninguém no Brasil se preocupa em saber nada de planejamentos pontuais, lineares e areolares.



A quem vai servir a transposição dasáaguas? Os "vazanteiros", que fazem horticultura no leito dos rios que perdem fluxo durante o ano, serão os primeiros prejudicados. A eles se deve conceder a prioridade em relação aos espaços irrigáveis que viessem a ser identificados e implantados. De imediato, porém, serão os pecua­ristas da beira alta e colinas sertanejas que terão água disponível para o gado nos meses em que os rios da região não correm.



Sobre a viabilidade ambiental pouca coisa se pode adiantar, a não ser a falta de conhecimentos sobre a dinâmica climática e a periodicidade do rio que vai perder água e dos rios intermitentes-sazonários que vão receber filetes das águas transpostas. Um projeto inteligente e viável sobre transposição de águas, captação e utilização de águas da estação chuvosa e multiplicação de poços ou cisternas tem de envolver obrigatoriamente conhecimento sobre a dinâmica climática regional do Nordeste. No caso de projetos de transposição de águas, há de se ter consciência de que o período de maior necessidade será aquele em que os rios sertanejos intermitentes perdem correnteza por cinco a sete meses. Trata-se, porém, do mesmo período em que o São Francisco se toma menos volumoso. Entretanto, é nessa época do ano em que haverá maior necessidade de reservas de água para hidrelétricas regionais. Trata-se de um impasse paradoxal, do qual, até agora, não se falou. Por outro lado, se essa água tiver que ser elevada ao chegar à região final de seu uso, para desde um ponto mais alto descer e promover alguma irrigação por gravidade, o processo todo aumentara ainda mais a demanda regional por energia. E, ainda noutra direção, corno se evitará uma grande evaporação dessa água que atravessará o domínio da caatinga, onde o índicie de evaporação é o maior de todos? Eis outro ponto obscuro, não tratado pelos arautos da transposição.



A afoiteza com que se está pressionando o governo para se conceder grandes verbas para o início das obras de transposição das águas do São Francisco terá conseqüências imediatas para os especuladores de todos os naipes. O risco final é que, atravessando acidentes geográficos consideráveis, como o elevado da escarpa sul da chapada do Araripe - com grande gasto de energia! -, a transposição acabe por significar apenas um canal tímido de água, de duvidosa validade econômica e interesse social, de grande custo, e que acabaria por movimentar o mercado especulativo da terra e da política. No fim, tudo apareceria como o movimento de transformar todo o espaço em mercadoria.





(*) AZIZ NACIB AB`SABER é professor emérito da FFLCH/USP e professor honorário do Instituto de Estudos Avançados/USP.

98 SCIENTIFICAMERICAN BRASIL ABRIL 2005





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