Para comemorar os 182 anos de D. Pedro II, o Círculo Monárquico do Rio de Janeiro promoveu uma jornada que contou com a presença de D. Luiz de Orleans e Bragança, chefe da Casa Imperial do Brasil e do príncipe D. Bertrand de Orleans e Bragança – que fez uma belíssima análise do país. Ele chama a atenção para o perigoso processo de socialização que está sendo implantada no Brasil, aos poucos, com muito cuidado, pelo governo federal.
Para mostrar o caminho para uma luta racial que está sendo desenvolvida, ele lembra que o Brasil é considerado um exemplo singular em todo o planeta, onde a miscigenação de três raças – branca, negra e indígena – se deu
naturalmente. Entre os costumes culturais brasileiros existem hábitos das três raças, a começar pelo banho, que o povo brasileiro toma ao menos uma vez ao dia, uma herança dos índios. Do negro, temos a alegria, o gosto pela
música e pelas cores, e a docilidade. Do português, nosso principal patrimônio é a língua que falamos nacionalmente. Mas esse equilíbrio está sendo rompido, como diz D. Bertrand.
Branco X índio
D. Bertrand, porém, defende que essa harmonia de raças começa a ser quebrada por ações governamentais, sem aparentes ligações. Como exemplo do perigo futuro de uma luta racial, ele cita a demarcação de terras indígenas.
Alguns pequenos grupos de índios recebem, oficialmente, áreas de terras do tamanho de estados como Sergipe. Não têm como cuidar delas, mas querem os fazendeiros brancos fora de seus limites. No futuro, esses conflitos tendem
a se tornar cada vez mais violentos, com posições de radicalizando de ambos os lados raciais.
Branco X negro
Sem que tenha havido qualquer tipo de reivindicação dos afro-descendentes, o governo resolveu criar para os negros as cotas para vagas em universidades.
Desde então, negros e brancos vêm se estranhando, uma vez que o grau de instrução de cada indivíduo passa a ser avaliado com pesos diferentes, muitas vezes subjetivamente raciais – como o caso dos irmãos gêmeos de
Brasília em que um deles foi inscrito como branco e outro como negro, graças a suas respectivas aparências para o funcionário que preencheu as fichas.
Guerra étnica, sim
Só esses dois exemplos mostram como, aos poucos, começa a se delinear uma luta racial num país praticamente homogêneo. O clima ficará cada vez mais insustentável para que se aperfeiçoem as eventuais diferenças que ainda possam restar no convívio das três raças. As três terão, então, um único interlocutor: o governo, que falará as três linguagens, como está fazendo atualmente, escravizando a população pobre com programas sociais populistas ao mesmo tempo em que defende o aumento dos grandes capitais – alimentando
o perigoso abismo entre ricos e pobres do país. A semelhança com o caso das raças está em que o Governo federal, e só ele, dialoga com cada setor como se fosse seu único advogado de defesa.
Essa linha de raciocínio, cristalina, é fruto da reflexão do culto príncipe D. Bertrand, que vem a ser o segundo sucessor do trono brasileiro.