Nossa universidade federal acaba de instituir o sistema de cota raciais para o ingresso de alunos negros em 20% . A nova presidente da UNE, uma jovem do PC do B, vai propor a cota de 50 % . Eu tô com ela. Temos de partir para ignorância porque a boas maneiras no Brasil não se resolve coisa alguma. A propósito : alguém sabe o que é PC do B ? Será aquele partido que há trinta anos tinha por modelo político a Albânia ? Albânia, aquele país de 28 mil quilômetros quadrados e 3 milhões de habitantes? De cuja capital, Tirana, governou por trinta anos o tirano Enver Hoxa? E os albaneses o correram a pau há 30 anos! Não pode ser. Uma jovem universitária, neste século do DNA não sofreria tal ataque de atavismo mórbido. Deve tratar-se de uma sigla estudantil tipo Pacto Comunitário do Bem ou coisa parecida.
Mas o importante é sua visão corajosa e progressista de avançar com as cotas. Eu me solidarizo e vou além . Por que não 100% ? Por que não simplificar a passagem pela universidade? Vamos logo acabar com vestibular, vamos acabar com cursos , com despesas de cinco anos, professores, funcionários, material. Um desperdício. Distribuam-se logo os diplomas! É o que interessa: o DIPLOMA.
- O que você deseja ser ?
- Médico, físico nuclear, marqueteiro ? É só preencher o formulário. A universidade diploma via Internet. Sem burocracia. Será o programa de inclusão social total.
E minha proposta visa também evitar o perigo de aplicarem o exame de DNA para avaliar se o tipo é negro ou oportunista. Ocorre outro perigo.
O Neguinho da Beija Flor, estudado pelo DNA, descobriu que é 63% europeu. Se ele se candidatasse à universidade sob o guarda-chuva da cota, não seria aceito. O que fazer? A UFRGS está com este problema. Ficará impedida de recorrer ao instrumento científico mais seguro e comprovado no mundo para conhecer o mapa genético. Vejo ademais um problema de outra ordem, porém não menos considerável. Trata-se de sinonímia, ou de filologia. Nossos melhores dicionários registram “ negro” – sinônimo de lúgubre, infausto, tenebroso, funesto. O candidato que pleiteasse a condição de negro, incorreria na possibilidade de sofrer das partes discriminadas pelas cotas, ser vítima de aleivosias e troças . Poder-se-ia recorrer a – atro – sinônimo de negro. Infelizmente atro conta com iguais sinônimos de negro. Talvez empregar a classificação norte americana : afro-descendente ! Mas em português não existe afro! Até agora ainda não se encontrou palavra digna que não ofereça conotação preconceituosa , trazendo laivo de racismo implícito.
Racismo... Há expressivo coeficiente de brancos e amarelos que não se conformam de as cotas servirem apenas para a universidade. É antidemocrático, dizem. Este grupo quer estender os benefícios de cotas para o futebol e carnaval. Quer reserva de 20 % para brancos! Houve protestos das minorias asiáticas, vindicando para si o direito de uma fatia no carnaval e no futebol; outros aproveitadores de ocasião exigem uma lei federal para garantir aos brancos igual porcentagem em corridas esportivas de velocidade.
Eu achei justo. Estes grupos tentam ganhar apoio da presidente da UNE para sua jornada de cotas justas e democráticas. Que bonito seria um branquela orgulhoso se apresentar: Fui cotado para o desfile da Mangueira! Viu?!
