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Artigos-->A Afropress e o Direito achado no lixo -- 24/07/2007 - 09:43 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Entrevista da Afropress com Gustavo Amora, da UnB



http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/07/388055.shtml



Estudantes da Universidade de Brasília formalizaram nesta segunda-feira, 10/07, ao Reitor Timothy Mulholand, denúncia de racismo na Universidade. Gustavo Amora, do Instituto de Ciência Política, fala a Afropress sobre os casos. Veja a entrevista.



Afropress: Gustavo, o que está acontecendo na UnB e qual será o tema da conversa com o reitor?



Gustavo Amora: São situações comuns nas universidades brasileiras. O fato é que a entrada dos estudantes cotistas nas universidades descortinou estes fatos para a sociedade. É como se o resto do Brasil estivesse agora desvendando uma universidade que nunca havia sido colocada em xeque anteriormente. A UnB foi descortinada e o espetáculo de racismo assusta! Antes das cotas, a UnB era um retrato da universidade pública típica do Brasil. Por trás da arrogância se escondia uma universidade elitista, racista e com pouca qualidade. Mas com a entrada dos estudantes cotistas e o fortalecimento do debate sobre racismo aqui na UnB, está começando a se criar um grande choque de posições porque os estudantes negros não estão dispostos a aceitar o padrão de racismo que a universidade quer impor.



De um lado temos o grupo de sempre, pessoas racistas, entre professores e estudantes, que se escondem na mediocridade do suposto mérito acadêmico. E a sociedade, que nos financia, imagina que a qualidade reina neste espaço. Mas o triste é descobrir que muitos racistas de plantão utilizam este espaço para defender, sob a ótica do academicismo, suas teses racistas.

O caso da sociologia é um exemplo disto. O caso que estamos enfrentando na Ciência Política também, um professor utiliza a sala de aula para defender teses racistas e se referir aos negros pelo termo "criolada".



Afropress: Fale mais sobre este caso do Instituto de Ciência Política.



Gustavo: A situação foi a seguinte, no primeiro dia de aula do Mestrado em Ciência Política, fui surpreendido por um professor que utilizava o termo "criolos" ou "criolada" a todo o momento em que se referia a população negra. Indignado com o fato, enviei um e-mail cobrando mais respeito com a população negra e marcando minha posição de que não iria admitir aquele tipo de comportamento dentro de sala de aula.



Prontamente este professor me respondeu o e-mail se desculpando pelo ocorrido. Eu me dei por satisfeito, até porque você bem sabe que o racismo no Brasil é algo cotidiano e poucos têm oxigênio suficiente para reagir a todas as ofensas que sofrem diariamente, sejam veladas ou não.



Por outro lado, este professor se mostrou contumaz na sua prática e reincidiu, na mesma semana, durante uma banca de avaliação de candidatos a professor do Instituto de Ciência Política. No momento em que uma candidata se referiu a supostas ?passagens negras? do autor Thomas Hobbes, ele a interrompeu com o seguinte comentário: "Passagens negras não; diga passagens obscuras, afinal, você sabe que essa criolada está por aí de olho".



É preciso contextualizar este comentário com o fato de que a UnB é a primeira Universidade Federal a adotar o sistema de cotas para negros, ou seja, esta "criolada" que ele se refere são os estudantes negros que agora estão inseridos na UnB e que não vão mais aceitar padrões de comportamento racistas dentro da Universidade.

Diante deste desrespeito, presenciado pela Diretora do Instituto e pelo Coordenador da pós-graduação, este professor rompeu todas as barreiras daquilo que é aceitável, principalmente se estivermos falando de um espaço universitário. Aquilo para mim foi o sinal de que alguma atitude deveria ser tomada. Neste sentido o nosso grupo apresentou a denúncia formalmente à direção do Instituto.



Afropress: E como surgiu este grupo de estudantes que apresentou a denúncia.



Gustavo: Foi algo muito natural, pois quando isto tudo aconteceu, algumas pessoas comentaram entre si a situação, e acabamos nos reunindo para discutir esta questão. O resultado foi que um grupo de sete estudantes, muitos dos quais mal se conheciam, acabaram se organizando no sentido de enfrentar o desgaste de denunciar o racismo e prepararam um documento a ser entregue ao Instituto.



A formação deste grupo é um fato singular para a universidade porque somos todos(as) estudantes de Mestrado. Isto é raro em uma universidade. Normalmente estudante de Mestrado aparece na universidade apenas para assistir aulas e entregar trabalhos, preferem se concentrar nas suas vidas profissionais. Nós, por outro lado, estamos colocando nossas vidas profissionais de lado para nos dedicarmos a esta causa.



Afropress: Como é que a Universidade tratou até agora as denúncias?



Gustavo: Da pior forma possível. Fomos tratados como baderneiros pelo Instituto. Fomos acusados de tudo: politicamente corretos, patrulhadores ideológicos, inimigos pessoais do professor. Disseram que não aceitamos a diversidade de opiniões dos professores. Mas o que mais me atingiu foi que, pelo fato de eu ser o único estudante negro do grupo, as pessoas me colocam como se eu fosse o incentivador da indignação. Além disso, fui acusado (como se isto fosse acusação) de ser um estudante militante e por isto eu não deveria ser levado a sério. Eles estratificam os estudantes entre militantes e pessoas normais.



Afropress: E qual deveria ser a postura da Universidade, na sua opinião?



Gustavo: O óbvio é que respeitassem as pessoas dentro do espaço acadêmico. É o professor saber que, mesmo no auge da sua arrogância acadêmica, ele não está acima das leis brasileiras e da Constituição. Às vezes eu até me pergunto, será que racismo é crime mesmo? Porque os absurdos que estão sendo denunciados na UnB hoje não restam dúvida sobre o que é racismo. Mas a universidade é totalmente refratária a nossa postura. Eles chegaram ao cúmulo de tentar desqualificar nossa denúncia com supostos padrões de rigor formal que não utilizamos. A única coisa que pode desqualificar uma denúncia é faltar com a verdade, mas o nosso caso já está provado. Isto reflete o desinteresse em nos levar a sério.



Afropress: Que medidas a UnB tomou formalmente neste caso



Gustavo: O Carlos Machado, um dos membros do grupo, fez uma constatação muito interessante. Segundo ele toda vez que se fala da situação do professor, se busca uma alternativa informal, uma conversa reservada, um ?deixa disso?, mas quando a questão é nossa situação ou nossas demandas, eles se utilizam de todos os artifícios que a burocracia oferece para inviabilizar qualquer tomada de decisão. Eles chegaram ao absurdo de dizer que não importa o que o professor faça dentro ou fora de sala que eles não possuem autoridade para retirar um professor de sala de aula.



Nós pedimos oficialmente ao Colegiado da Ciência Política que eles afastassem o professor e averiguassem o caso porque além de crime, isto é uma falta grave, passível de demissão do servidor público. A decisão do colegiado foi no sentido de conversar com o professor para que ele se afastasse da turma ou, caso ele não se afastasse, a medida cabível seria a de criar uma segunda turma para as pessoas que estivessem se sentindo incomodadas. Mas eles acabaram descumprindo a decisão e nada fizeram quanto ao caso, nos obrigando a voltar para a sala de aula.



Afropress: E como foi o reencontro com o professor?



Gustavo: Ele não quis conversar conosco. Preferiu utilizar o espaço da sala de aula onde ele é soberano para desferir uma série de injurias, nos agredindo e, no meu caso, o único negro da turma, me chamou por diversas vezes de "negro racista" e "Klu Klux Klan negra". Sobre ter chamado os estudantes negros de "criolada" ele argumentou que não vai parar, nem que para isto ele tenha que entrar com um mandato de segurança em sala de aula que lhe permita isto.



É importante salientar que este professor que está sendo acusado de racismo na Universidade de Brasília é um dos signatários da carta dos intelectuais contra as cotas, isto mostra um retrato de alguns opositores desta política, intelectuais racistas que não aceitam a entrada de estudantes negros nas universidades.



Afropress: E qual foi a reação do Reitor Timothy Mulholand, que é um grande defensor das ações afirmativas, diante deste caso?



Gustavo: Ele será a nossa última esperança para resolver esta situação institucionalmente. Nós confiamos que ele vá fazer valer o respeito que tem dentro e fora da UnB e não colocará esta denúncia em uma gaveta da reitoria. Além disso, estamos confiantes em algum tipo de proteção institucional por parte da universidade porque até agora nosso grupo está totalmente vulnerável a retaliações, os estudantes que possuem bolsas estão preocupados com a possibilidade de reprovação, o que significaria a perda imediata da bolsa de estudos.



Na última semana, após os ataques violentos que sofremos ao voltar para a sala de aula, nos foi ofertada a concessão dos créditos da disciplina como forma de não sairmos prejudicados pelas atitudes do professor. Nós julgamos que a medida é um passo do IPOL no sentido de nos proteger, mas não acreditamos que isto venha a se concretizar caso a gente leve o caso as últimas conseqüências. Além disso, a concessão dos créditos não vai reparar o dano que nos foi feito pelas atitudes do professor e pode gerar uma imagem de que nosso interesse era fugir da disciplina, o que vai contra todas as nossas demandas por uma universidade de qualidade e que respeite seus estudantes.





***



Vejamos o que tem a dizer Reinaldo Azevedo, articulista da revista Veja, a respeito da "Ku Klux Klan negra" da UnB a que se refere Paulo Kramer (F.M.):





A primeira vítima



Reinaldo Azevedo



http://www.reinaldoszevedo.com.br



O professor Kramer é alvo da obscurantista aliança entre os "racialistas" e o Direito "achado no lixo"



A Universidade de Brasília é a vanguarda do retrocesso no Brasil. Há dias, seu site dava destaque a um professor cubano, "100% Fidel Castro", que exaltava as virtudes do planejador Che Guevara, o facínora que matava por um pedaço de pão. A UnB é ainda líder nas ações afirmativas em favor dos negros e na estupidez com que as implementa. Na semana passada, o professor de ciências políticas Paulo Kramer, 50 anos, acusado de "racismo", foi condenado pela direção a trinta dias de suspensão, pena convertida em multa de 1 750 reais. Numa aula, referiu-se a negros americanos como "crioulada".



Na UnB, uma fotografia decide quem tem direito a cota racial, o que já a fez aceitar um gêmeo e recusar o outro, idêntico. Arruaças envolvendo estudantes africanos foram vistas como conflitos de raça. A instituição foi criada pelo antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997), um teórico da neomiscigenação, para quem "o surgimento de uma etnia brasileira, inclusiva, passa tanto pela anulação das identificações étnicas de índios, africanos e europeus como pela indiferenciação entre as várias formas de mestiçagem". A sua UnB virou um monstro.



Contra Kramer estão Gustavo Amora, 25 anos, mestrando de ciência política e militante negro (sua pele é só morena), e o professor Alexandre Bernardino, presidente da comissão de sindicância e expoente do grupo O Direito Achado na Rua, cujo propósito é afrontar o direito tradicional. Amora não gostou da palavra "crioulada", e o professor se desculpou pelo mal-entendido. O aluno voltou ao tema em outra aula, liderando um grupo, aí com um gravador escondido. Kramer chegou a chamá-los de "Ku Klux Klan negra", sugerindo que eles adotavam as mesmas táticas dos racistas brancos dos EUA. Sua conduta foi considerada "indevida". Recebido o parecer, na semana passada, em menos de 24 horas o reitor Timothy Mulholland decidiu a punição. A comissão pede ainda ao Ministério Público que investigue crime de racismo.



Kramer, que não é racista, foi vítima de uma armadilha. Amora já tentou preparar uma outra contra a professora Lúcia Avelar, ação frustrada porque o e-mail em que combinava a tramóia com um amigo foi inadvertidamente enviado a outros estudantes. Foi um linchamento politicamente correto revestido de processo legal. É aí que entra o Direito Achado na Rua. Criada pelo advogado Roberto Lyra Filho (1926-1986), tal corrente entende que o verdadeiro direito é o que nasce dos movimentos sociais. Um de seus seguidores é José Eduardo Romão, diretor do Departamento de Justiça (Dejus), aquele que queria submeter programas de TV a uma forma de censura prévia. O ministro da Justiça, Tarso Genro, já escreveu ensaios para a turma. Num dos textos de referência do movimento, Lyra Filho chama os mestres da área no Brasil de "catedr áulicos" e "nefelibatas".



Emenda: "Nós somos da planície, democrática, popular, conscientizada e libertadora". O Direito Achado na Rua, nascido na UnB, combina-se agora com a militância racialista. Kramer é a primeira vítima. Nessa velocidade, a UnB logo chega ao século XIX.









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