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Artigos-->Ascensão e queda de Joaquim Roriz -- 03/07/2007 - 10:00 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ascensão e queda de Joaquim Roriz



Félix Maier



Depois de Renan Calheiros, presidente do Senado, outro político do PMDB está na cerca bamba. Trata-se do senador Joaquim Roriz, ex-governador do Distrito Federal. Ao contrário de Calheiros, que nada de novo mostrou para o Brasil, a não ser seu rápido enriquecimento, há coisas defensáveis em Roriz, não apenas condenáveis, como quer a "lingüista de pau" da UnB, em texto transcrito abaixo. Vejamos:



Quando eu me mudei com a família para Brasília, em 1989, havia favelas em várias partes do Plano Piloto e adjacências. No cerrado que vai do UniCEUB até o fim da Asa Norte, acima das quadras 900, era um favelão só, uma verdadeiora "Faixa de Gaza", com inúmeros assaltos e estupros ocorrendo a todo momento. Havia outro favelão no cerrado onde hoje se encontram as quadras econômicas do Sudoeste, que ia do Eixo Monumental até o Hospital das Forças Armadas. No caminho do Palácio do Planalto até o Palácio da Alvorada, também em pleno cerrado, havia várias ocupações de carroceiros catadores de lixo, que tinham seus barracos de lonas misturados com carroças e cavalos, e sempre ocorriam incêndios durante o período de seca. Ao todo, contavam-se 64 favelas em pleno coração da capital federal.



Assumindo o governo em 1990, Joaquim Roriz começou a erradicar essas favelas, que eram uma verdadeira vergonha para a capital federal. Criou vários assentamentos, como Samambaia, recebendo elogios até da ONU, para onde viajou e proferiu famoso discurso. Delegações de vários países vieram a Brasília para conhecer o programa. Na época, esse importante trabalho de Roriz era escondido ou distorcido pelo jornal Correio Braziliense, cujo editor era Ricardo Noblat, o qual fazia uma campanha cerrada contra Roriz, de modo que o jornal era chamado de "Diário Oficial do PT". Durante o governo petista, a esposa de Noblat tinha ligações financeiras com os petistas, por meio de uma prestadora de serviços de comunicação.



É lógico que, com a doação de lotes às pessoas menos favorecidas, houve um efeito cascata, e muita gente mais chegou a Brasília para obter seu terreno, de todos os cantos do Brasil, especialmente do Nordeste. Por isso, o DF inchou mais do que devia, aumentou o desemprego e a população chegou a 2,5 milhões. Incluindo a população do Entorno, a Grande Brasília tem hoje mais de 4 milhões de pessoas! Deve-se acrescentar que, além dessa migração de gente pobre, que invadia terras públicas, também prosperava a indústria da grilagem, tanto de terras públicas quanto de particulares, com inúmeros assentamentos sendo feitos de maneira irregular, e nenhuma autoridade para combater a maracutaia generalizada e os crimes ambientais. Exemplo acabado dessa criminosa distribuição de lotes, que apenas beneficiou políticos grileiros e os espertalhões de sempre, é a favela da Estrutural, antigo lixão hoje convertido em uma das mais novas cidades do DF, mais um dos muitos crimes ambientais praticados impunemente em Brasília, pois, além de poluir afluentes do Lago Paranoá, aos poucos esse assentamento irá devorar o Parque Nacional de Brasília, Atualmente, cerca de 600 mil pessoas moram em condomínios irregulares, de classe média ou alta, esperançosos de que algum dia venham a ter sua escritura definitiva. Obviamente, esse tipo de picaretagem não foi obra exclusiva de Roriz, por que ele não é o único governador do DF, de 1960 a 2006. Todos os governadores do DF foram omissos no assunto, para não dizer colaboradores com o crime.



Durante seu segundo governo, agora eleito, não nomeado, Roriz iniciou a construção do Metrô de Brasília (1992). Para que o projeto se viabilizasse, foi criada a cidade de Águas Claras, entre o Guará e Taguatinga, então uma região deserta de 4 km. Em 1994, infelizmente, foi eleito o governo petista de Cristóvam Buarque e tudo parou, tanto o metrô, quanto Águas Claras, então entregue aos mosquitos. A única coisa de relevância criada por Cristóvam foram as faixas de pedestres e o bolsa-escola. Nada mais foi feito pelos petistas.



Em 1998, Roriz retorna ao governo, sendo reeleito em 1992. Nesse período de 8 anos, o Distrito Federal teve inúmeras obras de vulto, de modo que Roriz era chamado por muitos de "Carlos Lacerda do cerrado". Águas Claras, que deverá ter uma população acima de 200 mil pessoas, voltou a se desenvolver e passou a ser chamada de "Barra da Tijuca do DF", devido aos seus altos prédios com grandes áreas de lazer nos condomínios, como piscina, sauna, quadras de esporte - sem contar o Parque de Águas Claras, com pistas de cooper e quadras poliesportivas. A nova cidade do DF, em fase de consolidação, é o maior canteiro de obras do Brasil e um dos maiores do mundo, perdendo apenas para Berlim Oriental e algumas cidades da China.



Vejamos as principais obras feitas por Roriz, algumas delas monumentais:



- construção da Ponte JK, novo cartão postal de Brasília, com três arcos se alternando sobre as pistas, eleita a mais linda do mundo, que atende a quase 500 mil pessoas do outro lado do Lago Paranoá, bombardeada pelo PT desde o início do projeto;



- construção de mais de 30 viadutos, destacando-se os do Torto, do Colorado, da Rodoferroviária, do Catetinho, de Santa Maria, de Samambaia, melhorando o trânsito caótico da Capital;



- continuação das obras do metrô, hoje em funcionamento ainda não pleno (falta inaugurar algumas estações), que em Águas Claras se divide em dois ramais, um para Samambaia e outro para a Ceilândia, a maior cidade do DF;



- construção de estações de tratamento de esgoto, de modo que mais de 90% do esgoto coletado é devidamente tratado, despoluindo, assim, o Lago Paranoá;



- construção da Biblioteca Nacional e do Museu da República, projetos de Oscar Niemayer, praticamente concluindo as obras monumentais previstas para a Esplanada dos Ministérios;



- construção da Usina Hidrelétrica de Corumbá IV, já em funcionamento, a qual, além de produção de energia elétrica, levará água para o DF e Entorno, durante os próximos 100 anos, segundo propaganda do então governo Roriz; não sei se isso é verdade, já que li uma reportagem dizendo que não é bem assim, que deverá haver uma escolha entre geração de energia elétrica ou captação de água, não sendo possível as duas coisas simultâneas; com a palavra a Caesb;



- criação do Pró-DF, de incentivo à instalação de indústrias no Distrito Federal, que foram espantadas do local durante o governo petista, quando muitas delas se mudaram para cidades como Goiânia;



- criação de um "porto seco", em Santa Maria, para serviços alfandegários;



- criação da Cidade do Automóvel, junto à rodovia Estrutural, onde se aglomeram as principais concessionárias e lojas de carros do DF; etc...



É claro que Roriz sempre teve uma oposição ferrenha no DF, especialmente do PT, um bumbá da vaca louca à Parintins, de chifradas do boi garantido (vermelho petista) contra o boi caprichoso (azul rorizista). Assim, sempre houve denúncias de corrupção contra Roriz, e vice-versa. A eleição de Roriz, em 1998 (quando o PT local meteu-se na roubalheira da Asefe, chamada de "bolsa-eleição"), transformou-se numa disputa política que durou meses, chamada pela imprensa local de "terceiro turno". Na ocasião, tanto Roriz era acusado de ter relações com grileiros, quanto Geraldo Magela, o candidato do PT, também era acusado de ter obtido vantagens financeiras quando havia presidido a Secretaria de Habitação, durante o governo Cristóvam, ocasião em que teria construído, de repente, uma mansão para si.



Como todos sabem, o PT não aceita derrotas e queria porque queria cassar o mandato de Roriz. A oposição do Correio Braziliense contra Roriz era tão forçada e escancarada que o editor do "Diário Oficial do PT", Ricardo Noblat, foi demitido do jornal, e Ari Cunha, que por uns tempos havia sido colocado no "freezer", assumiu o cargo de Diretor Vice-Presidente, e as notícias passaram a ser mais confiáveis.



Infelizmente, as recentes denúncias contra Roriz mancham sua biografia, que poderia ser uma das mais bonitas do Brasil, a exemplo de Carlos Lacerda, que mudou completamente o Rio de Janeiro, com obras monumentais, como o Aterro do Flamengo, o Túnel Rebouças e o sistema Guandu de coleta, tratamento e distribuição de água. Que se apure tudo e que Roriz seja punido exemplarmente, perdendo o mandato, caso se comprove a corrupção denunciada por uma gravação telefônica, e cuja montanha de dinheiro, proveniente do inexplicável cheque de R$ 2,2 milhões, serviu para subornar juízes em Brasília e comprar sua "bezerra de ouro", como denunciou a revista Veja de 4/7/2007. Mas que também se puna Renan Calheiros, o rei do gado das Alagoas, que por várias vezes já quebrou o decoro parlamentar, ao mentir e apresentar recibos e guias de trânsito de animais falsos, não comprovando a origem do dinheiro transferido para a namorada Mônica Veloso, com quem tem um filho.



De Lacerda, Roriz passa a ser o Adhemar de Barros do cerrado, o famigerado político paulista do "rouba mas faz". Roriz poderia ter tido um melhor destino, não fosse sua ganância em querer sempre mais, o que colocou tudo a perder. Roriz não precisava enlamear as mãos com dinheiro sujo, pois ele já é uma pessoa muito rica. O que não quer dizer que os pobres estão autorizados a roubar.



Vá entender a mente humana...





***



RORIZ NU E CRU



Enviado por Maria Jandyra Cunha (*) - 2.7.2007



http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=63995



Joaquim Roriz foi governador do Distrito Federal quatro vezes. Já no primeiro mandato (1988-1990), exercido por nomeação do Presidente José Sarney, começou uma política de distribuição de lotes em terras públicas, prometendo remover as favelas em torno de Brasília. Os assentamentos, que ainda hoje carecem de infra-estrutura, garantiram-lhe os votos para a histórica eleição de 1990, quando pela primeira vez se elegeu pelo voto direto um mandatário no Distrito Federal. A vitória de Roriz foi incontestável: maioria absoluta em primeiro turno.



No segundo mandato (1990-1994), a distribuição de lotes e a promessa de construção do metrô representaram a esperança de casa e a perspectiva de emprego para as populações pobres. Trabalhadores com famílias inteiras migraram de zonas carentes do Brasil para Brasília, seduzidos pela possibilidade de uma colocação nas novas obras de urbanização.



Durante o terceiro (1998-2002) e quarto (2002-2004) mandatos, Roriz conquistou um eleitorado seguro com sua política populista sem se importar com o inchaço populacional da capital, muito menos pelo seu visível desordenamento urbano. Ao invés de erradicar, Roriz incentivou e disseminou a favelização em Brasília.



Nos quatro mandatos, foram muitas as denúncias contra o governo de Roriz, a maior parte delas afetando justamente os mais necessitados, como os desvios de verba do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o superfaturamento da merenda escolar. Em diferentes processos, Roriz foi acusado de crimes contra a fé pública, improbidade administrativa, falsidade ideológica e até de racismo.



Nada disso afastou seu eleitorado fiel que, ainda encantado pela imagem de ‘pai dos pobres’, editada por uma assessoria esperta e divulgada por uma mídia manipulada, conseguiu que Roriz fosse eleito para o Senado Federal em 2006.



No entanto, não foram necessários quatros mandatos na cadeira de senador para que Roriz mostrasse a todo o país o que os eleitores mais politizados do Distrito Federal já tinham percebido. Bastaram quatro meses.

Atendendo a orientação de assessores que temiam por sua fragilidade vernacular e sua debilidade de raciocínio, Roriz silenciou durante seis dias após ter sido acusado de participar da partilha de um cheque de R$2,2 milhões, do Banco do Brasil, descontado no Banco de Brasília com a interferência do então presidente da instituição, Tarcísio Franklim de Moura.



Reaparecendo, Roriz fez, sobre os tapetes aveludados do Senado, o mesmo discurso messiânico que fazia nos grotões empoeirados da periferia do Distrito Federal, onde dominava as platéias com sua enganosa empatia. Não desconfiou que havia uma funda diferença na audiência. Com tom gaguejante e forçado, evocou santos e deuses em vão, negando explicações e camuflando a questão política ao assumir seu estudado tom religioso. Desnorteado, confundiu tribuna com púlpito. Era impossível crer no senador. Roriz queria que sua palavra de pastor fosse acreditada, suas lágrimas consagradas e perdoados seus insultos à gramática.



Um senador da República, pego e gravado em flagrante delito, não pode se esconder do país. Precisa sair de seu nobre refúgio, revelar-se e explicar-se. Mas o pregador que enganou em Brasília não consegue iludir o Brasil. Desta vez, o homem e o estilo se mostraram à Nação brasileira pelas câmeras de TV. Agora, sem manipulação, sem artifício. O Brasil viu e ouviu Roriz, nu e cru. Roriz concedeu a si próprio uma extrema-unção. Sem choro, nem vela.





(*) Maria Jandyra Cavalcanti Cunha, lingüista, é pesquisadora do Núcleo de Estudos em Mídia e Política da Universidade de Brasília.





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