Em meio às investigações da Operação Aquarela, que desmontou um esquema de desvios de recursos no BRB (Banco de Brasília), o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), defendeu nesta segunda-feira a privatização da instituição. “O que me preocupa neste momento é a estabilidade do banco, e todos estes episódios reforçam em mim a certeza de que precisa haver mudanças drásticas. Esta reflexão é inevitável a partir dos fatos. Vamos esperar o resultado da auditoria no BRB e discutir com a sociedade. Será que ainda devemos manter um banco estadual público”, questionou Arruda durante almoço-debate do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), no hotel Renaissance, em São Paulo.
Sobre as denúncias contra o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), o governador afirmou que não seria “razoável” comentar denúncias de seu adversário político. “Ganhei a eleição de um candidato apoiado por ele [Maria Abadia, PSDB]”. Roriz é alvo de denúncias de que teria negociado R$ 2,2 milhões de origem não conhecida. Conversas gravadas em 13 de março, com autorização judicial, registraram o senador supostamente combinando partilha de dinheiro com Tarcísio Franklin de Moura, ex-presidente do BRB.
Para o Ministério Público, esse dinheiro teria sido dividido entre Roriz, Tarcísio e uma terceira pessoa a quem o ex-presidente do BRB chama de “chefe” nas conversas telefônicas gravadas com autorização da Justiça. O “chefe” seria Benjamin Roriz, primo do senador e assessor do atual governador do Distrito Federal.
Arruda afirmou que vai aguardar a avaliação da Corregedoria, o resultado da auditoria no BRB para decidir o futuro de seu funcionário, mas não descartou o afastamento de Benjamin.
Caso Renan
Ao se questionado sobre as denúncias contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Arruda evitou comentar o assunto. “O episódio começa com affair na vida pessoal, não tenho autoridade para falar sobre isso”. Renan é acusado de usar o lobista Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior, para pagar aluguel e pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem o peemedebista tem uma filha fora do casamento.
“Eu já sofri, errei e recomecei [acusado de envolvimento no escândalo da violação do painel do Congresso]. O que falo, em caráter genérico, é que sempre é bom reconhecer os erros. Não estou preparado para julgar ninguém”. O governador defendeu que os políticos sejam julgados pelo Poder Judiciário. “O Congresso deveria dar licença imediata para o Judiciário julgar, como no caso de qualquer cidadão e não fazer fogueira de vaidades. A fogueira encobre os verdadeiros problemas de conduta. Temos que acabar com a imunidade parlamentar”. Arruda defendeu também que a reforma política seja feita por uma Assembléia Constituinte de não-políticos profissionais.
2010
Questionado sobre uma possível candidatura na eleição presidencial em 2010, Arruda evitou comentar o assunto. “Sei o tamanho do meu passo. Neste momento, quero ser um bom administrador público em Brasília”.
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Brasília, terça-feira, 26 de junho de 2007
Arruda e Henrique Meirelles discutem propostas para o BRB
Maria Carolina Lopes
Do CorreioWeb
26/06/2007 15h17
O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, já começa a discutir alternativas para o banco de Brasília (BRB). Nesta tarde, Arruda se reúne com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O objetivo é avaliar alternativas de gestão para o órgão. Na manhã desta terça-feira, os deputados distritais do PT e o pedetista Antônio Reguffe se reuniram com Arruda. Eles são contra a privatização do banco.
Participaram da reunião os petistas Paulo Tadeu, Chico Leite, Cabo Patrício, Érika Kokay e Antônio Reguffe. De acordo com os parlamentares, governador se comprometeu a estudar o caso antes de decidir efetivamente pela privatização. “Ficou acertado que ele vai suspender o discurso da privatização e vai abrir o debate para procurar o fortalecimento do banco”, explica Reguffe.
Para os deputados, o ideal é que o BRB seja transformado em um banco de fomento para o Distrito Federal, oferecendo, por exemplo, crédito para o setor produtivo do Distrito Federal. “Hoje, o BRB tem uma função social, oferece créditos a pequenos poupadores, tem uma função que talvez um banco privado não faria. Ou seja, para nós isso representa uma perda”, explica Leite.
Modelo
Durante um evento em São Paulo nesta segunda-feira, Arruda defendeu que é preciso buscar um novo modelo de gestão para o BRB. O governador também defendeu a privatização como uma boa solução para o banco. “O que me preocupa neste momento é a estabilidade do banco, e todos estes episódios reforçam em mim a certeza de que precisa haver mudanças drásticas. Vamos esperar o resultado da auditoria no BRB e discutir com a sociedade. Será que ainda devemos manter um banco estadual público?”, questionou Arruda.