É... Só que apenas se ouve o trovão
  e não se vê a luz...Presumo que os membros da redacção do JN, tarimbados a apreciar a vida entre a graça e a desgraça, apesar da nauseante torrente dos casos de que vão dando notícia sob a famigerada crise envolvente, perpassarão por momentos de inspirado e bem gozado humor, excelente subsídio dos raciocínios lúcidos.
 
 
  Por exemplo, no «Elias, o sem-abrigo»:
 
 
  - As «bombásticas» revelações da Independente sobre o curso do Sócrates tiveram de ser adiadas 24 horas...
  - Se calhar, com a pressa, nem pensaram no tamanho do rastilho.
 
 
  Na «Bandeira de canto»:
 
 
  - Mourinho é o treinador mais bem pago do mundo...
  - Só?... Então é por isso que ele quer sair do Chelsea...
 
 
  Na «Figura do dia = José Sócrates, Primeiro-ministro», Paulo Baldaia entra a exclamar, interrogando:
 
 
  Mas que raio de país é este em que o primeiro-ministro não se consegue libertar da teia de suspeições que sobre ele se abateu a propósito do ano escolar em que concluiu a licenciatura?
 
 
  Na página anterior - ao lado esquerdo:
  «GNR apreende cobras pitão em Lousada»:
 
 
  Duas cobras pitão - decerto macho e fêmea para estarem felizes - foram apreendidas durante uma operação de fiacalização a estabelecimentos nocturnos realizada pelo Destacamento Territorial de Felgueiras, em Lousada.
 
 
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  É ou não é o JN um manancial de boa disposição para quem acorda mal disposto?
 
 
  Imaginem os Leitores se o Rui Rio e o La Feria acordassem um dia destes com uma luminosa ideia nos apoquentados e desgastados cérebros, decidindo, em auspicioso conluio, montar um excepcional estabelecimento de diversão nocturna no Rivoli. Na frontal do paraplégico teatro um enorme cartaz em grandessíssimas letras, a preto sobre dourado luminescente, anunciaria: «A pitão ao ataque... = Preço único: 25 euros».
 
 
  Se fosse comigo, o slogan-chamariz seria sem dúvida mais poético e popular: «As mãos e os frutos - Entrada livre». Quem pagaria? Todo o dinheiro mal gasto que a rodos continua a escorrer não se sabe para onde...
 
 
  Ah... E praza... Praza que a maioria dos portugueses, num ápice colectivo, não se apercebam a sério do que está deveras a passar-se: até as cobras pitão vão!...
 
 
 
  António Torre da Guia |