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Artigos-->China: a necessidade de abandonar os velhos hábitos -- 09/04/2007 - 10:12 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
China: a necessidade de abandonar os velhos hábitos



Claudio Téllez (*), 08 de abril de 2007

http://www.claudiotellez.org/



No dia 27 de fevereiro de 2007, a bolsa de valores de Shanghai registrou a sua mais forte baixa desde 1997, apresentando um resultado negativo de aproximadamente 8.9% no índice Shanghai Composite. As causas imediatas dessa queda foram os temores do estouro de uma bolha especulativa na bolsa chinesa e o aparente boato sobre a possibilidade das autoridades poíticas chinesas quererem adotar medidas de controle sobre o mercado financeiro, para evitar o superaquecimento da economia.



A queda da bolsa chinesa repercutiu imediatamente em diversos mercados ao redor do mundo, sendo que os maiores efeitos foram sentidos nos Estados Unidos, na Europa e nos mercados emergentes da Ásia e da América Latina. No Brasil, por exemplo, o índice Bovespa apresentou um recuo de aproximadamente 6.6%, o pior desempenho desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 em New York e Washington.



A extensão e magnitude da repercussão da queda da bolsa de valores de Shanghai pode conduzir à idéia de que a China já desempenha um inquestionável papel de liderança na economia mundial. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. A China aparentemente está caminhando para uma posição cada vez mais significativa no panorama econômico internacional, porém a recente queda nas bolsas mundiais não se deveu somente à propagação dos efeitos da escorregadela chinesa, mas também aos temores de um desaquecimento econômico nos Estados Unidos e ao conturbado panorama geopolítico no Oriente Médio.



Além do mais, em um mundo economica e financeiramente cada vez mais globalizado, é muito difícil atribuir causas isoladas a fenômenos marcados por um acentuado caráter de interdependência. O processo de globalização econômica é responsável pelo aprofundamento da dependência mútua entre as diversas regiões do mundo, tornando as variáveis macroeconômicas e financeiras locais cada vez mais sensíveis à influência dos acontecimentos políticos e econômicos nos outros países. Como exemplos recentes, podemos recordar que o mercado financeiro internacional sofreu abalos por ocasião da crise financeira e cambial do México em 1994, da crise dos mercados emergentes asiáticos em 1997 e da moratória russa em 1998. A propagação mundial dos efeitos de uma turbulência originada em um determinado país não depende, necessariamente, da importância relativa desse país no cenário econômico internacional.



Se a China conseguirá ou não se consolidar como uma verdadeira potência econômica nas próximas décadas, isso dependerá principalmente da capacidade do país de lidar de maneira satisfatória com a dinâmica entre o Estado e o Mercado. A política e a economia não podem ser totalmente dissociadas uma da outra e, se é possível ter um certo grau de liberdade econômica sem haver liberdade política (como em parte ocorreu no Chile durante o governo militar presidido por Augusto Pinochet), dificilmente pode haver liberdade política na ausência de liberdade econômica em um sentido mais amplo, isto é, na consideração da importância da capacidade da livre realização de escolhas individuais em ambientes de incerteza.



No exemplo chileno, as reformas dos Chicago Boys contribuíram, em última análise, para a redemocratização do país. É claro que não se pode interpretar a realidade chinesa atual a partir de um exemplo singular, em outro contexto histórico, de um país da América Latina. Seria leviano, portanto, afirmar que, no caso chinês, o bem-estar gerado pela liberdade econômica invariavelmente pressionará por mudanças políticas na direção da democracia.



Contudo, sem a necessidade de estabelecer paralelos entre a China do início do século XXI e o Chile da década de 1980, já podemos observar certas tendências favoráveis a mudanças na ainda engessada estrutura política chinesa. No mês de março deste ano, o Parlamento chinês aprovou, por ampla margem de votos, uma lei de proteção aos direitos de propriedade privada. Essa lei protege essencialmente os bens dos empresários e dos habitantes das áreas urbanas. Ainda falta melhorar a situação dos agricultores, pois as terras da zona rural permanecem de propriedade coletiva, com todos os inconvenientes que isso acarreta, mas a aprovação de uma lei que seria impensável nos tempos mais duros do comunismo chinês já é um primeiro passo.



Outra mudança significativa pode ser observada na renovação das lideranças políticas chinesas. Os jovens talentos que saem das principais universidades chinesas e que outrora encaminhavam-se sem pestanejar para ocupar postos no governo, atualmente voltam-se cada vez mais para empregos no setor privado. Com isso, a renovação da classe política chinesa não está acompanhando o ritmo das mudanças econômicas e está restando cada vez menos espaço para a velha maneira de pensar. Por mais artificial que seja a liberalização da economia chinesa, portanto, aos poucos parece estar surgindo um ambiente propício (tanto econômico quanto político) à livre concorrência e ao empreendedorismo.



É muito cedo para dizer se a China algum dia ocupará ou não o status de primeira potência econômica mundial e grande parte dessas previsões são alimentadas mais por um desejo quase inconsciente de ver o declínio do “império” norte-americano perante o gigante asiático do que por rigor analítico e apego à honestidade intelectual. A China possui, sem dúvida, o potencial para consolidar-se como uma grande potência, tanto em termos econômicos quanto políticos. Contudo, esse potencial dificilmente se concretizará caso as tendências de abandono dos velhos hábitos sejam revertidas ao longo das próximas décadas.





http://www.claudiotellez.org/port/artigos/080407.html



(*) Vice President of Formation and Projects - CIEEP



Web Page: http://www.cieep.org.br/

Personal Web Page: http://www.claudiotellez.org/

E-mail: ctellez@cieep.org.br / claudio@tellez.com









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