Dentro de dez anos o Brasil poderá ter mais um grande entrave para a evolução da sua aviação comercial. A falta de pilotos começa a ser considerada preocupante por parte dos aeroclubes, a escola básica e inicial de formação do setor. No alerta feito pelas Associações de Aeroclubes em todo o país, um ponto está sendo colocado : o aumento das taxas exigidas pela Agência Nacional de Aviação Civil - a Anac -, para manutenção dos aeroclubes, e os altos valores cobrados para a renovação anual da licença dos pilotos.
Vão faltar pilotos. Muitos profissionais brasileiros de aviação estão sendo atraídos pelos altos salários pagos por outros países, casos da China, India e Oriente Médio. No ano passado, 480 pilotos brasileiros foram trabalhar no exterior. Segundo o sindicato, com a extinção do Departamento de Aviação Civil (DAC) e a criação da Anac, no ano passado, algumas taxas aumentaram mais de 1000%. Foram criados 36 novos tributos e 115 reajustados.
Com o peso tributário, nos últimos seis meses, quatro Aeroclubes de Minas Gerais, alguns dos mais bem estruturados do país, deixaram de funcionar. O de Belo Horizonte requereu falência duas vezes no ano passado. Cláudio Candiota, da Andep - Associação de Usuários de Transporte Aéreo,com sede em Porto Alegre, RS, é outro aendossar o alerta: "com o acesso restrito à carreira, em razão dos altos tributos, pode anotar: em breve, vai faltar piloto".
A própria Anac reconhece que as taxas estão altas e quer reverter esta situação. O órgão enviou ao Ministério da Defesa um estudo feito por técnicos pedindo mudanças. Com as taxas atuais, um piloto com mais de 40 anos de idade, para obter a permissão para voar, precisa pagar R$ 2 mil na renovação do certificado de habilitação e isto tem que ser feito duas vezes por ano. Na época do DAC a taxa era de só R$ 112. Para cada habilidade técnica - como pilotagem de helicóptero ou aptidão de voar sem radar - o piloto paga mais R$ 100. Esta taxa, até 2006, era de R$ 32,99.