
Ando pasma com os acontecimentos atuais
e com a (falta de) atitude das autoridades em resolvê-los...
A coisa anda muito negra.
A última é que os menores, com respaldo da lei,
andam se engraçando com a impunidade
e resolveram compor o cenário da cidade assaltando,
matando e saracutiando dentro das empresas. Virou moda!

E a casa dos BBB
fervilhando no Ibop do "paredão"...
Será que Cuba tinha razão?!
Sei não meurmão...
Veio-me à mente um discurso de um amigo,
excelente professor de História, Wagner,
que transcrevo aqui, por ser atual e intelectualmente indicado
para os que, como eu, se deleitam com bons textos... Lá vai:
Quando vejo acidentalmente esta imundície denominada BBB
(Boa Bosta Brasileira)
lembro-me das palavras do bom e saudoso Nélson Rodrigues,
numa crônica que bem poderia se intitular
"A era da imbecilidade",
perfeitamente adequada a esta excrescência mórbida
que por sete anos persiste num esforço global
de imbecilização das massas.
Fala o nosso querido Nélson:
"Concluía eu, na minha confissão, que nos coube
por fatalidade uma das épocas débeis mentais e das mais espantosas
da história. Há uma debilidade mental difusa, volatizada, atmosférica. Nós a respiramos. Isso aqui e em todos os idiomas. É um fenômeno internacional tão nítido, tão profundo, que não cabe nenhuma dúvida, não cabe nenhum sofisma.
E acontece, então, esta coisa nunca vista:
todos agem e reagem como imbecis. Não que o sejam, absolutamente.
Muitos são inteligentes, sábios, clarividentes;
e tem um nobilíssimo caráter, e uma fina sensibilidade,
e uma alma de superior qualidade.
Mas num mundo de débeis mentais, temos de imitá-los.
Não sei se me entendem. Mas para viver, para sobreviver,
para coexistir com os demais,
o sujeito precisa ir ao fundo do quintal
e lá enterrar todo o seu íntimo tesouro”.

Nélson Rodrigues. O reacionário: memórias e confissões. Rio de Janeiro: Record, 1977, p. 282.

Qualquer comentário sobre a Boa Bosta Brasileira
é supérfluo diante de tão brilhante exposição.
Outrossim, desejo expressar meu respeito a todos,
declarando que minha crítica nada tem de pessoal.
Apenas sonhei com uma programação minimamente apresentável.
Viva Nélson Rodrigues, o propagador do óbvio!

Wagner de Mello
Rio/RJ

Wagner argumentando com Carlos, professor de Biologia
|