Ex-embaixador vai falar sobre ‘doutrinação ideológica’ no Itamaraty
Do Blog do Diego Casagrande, 08.02, 10h18
Estadão
O ex-embaixador do Brasil em Washington Roberto Abdenur foi convidado ontem para falar na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre as críticas que fez, em entrevista à revista Veja, à doutrinação ideológica a que os diplomatas estariam sendo submetidos pela cúpula do Itamaraty. Ele é aguardado na terça-feira, se a data for compatível com sua agenda.
O requerimento de convocação é do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), para quem o embaixador agiu de “forma corajosa contra a idéia generalizada no governo de que as promoções ocorrem por afinidade político-ideológica e não por competência”. Por iniciativa do senador Inácio Arruda (PC do B-CE), a comissão também convidou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, para falar dos rumos da política externa brasileira. A data para a ida de Amorim, no entanto, ainda não foi fechada.
Da tribuna, o líder do PDT no Senado, Jefferson Péres (AM), disse que “não é democrática nem aceitável” a eventual doutrinação ideológica por parte do Itamaraty. “O que é realmente preocupante é que a denúncia confere com informações que me chegaram de outras fontes, de que estaria havendo no Itamaraty uma tentativa de lavagem cerebral pela recomendação, quase determinação, dada ao jovem diplomata da leitura de textos determinados pela direção da Casa”, afirmou.
Péres explicou que, quando se referia à “direção da Casa”, falava do secretário-executivo do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, que, segundo ele, é “para alguns o chanceler de fato do País”. “Não é republicano, não é democrático nem aceitável para o Ministério das Relações Exteriores recomendar textos da mesma linha ideológica.” Já o senador Almeida Lima (PMDB-SE) afirmou que Abdenur foi “inoportuno”.