Número do Registro de Direito Autoral:130627922758168900
O BURACO DA IMPRENSA
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Um país democrático, onde grande parte da imprensa abstém-se da responsabilidade de manter a população devidamente informada sobre temas de relevância, como parece ser o caso da deficiente cobertura jornalística que vem sendo feita em relação ao processo eleitoral para a escolha do novo presidente da Câmara dos Deputados, não pode ser sério nem dar bons resultados. Há um evidente movimento de omissão em relação ao tema. O noticiário dos últimos dias tem demonstrado isso. A imprensa está usando o buraco do metrô de São Paulo para esconder o “corpo-mole” em relação a outro buraco, ainda maior, que se vislumbra, junto ao Poder Legislativo, caso a eleição se dê apenas entre os dois candidatos simpáticos aos interesses do governo e tudo indica de grande parte da imprensa. Prova disso é que a mídia, injustificadamente, tem menosprezado o movimento de alguns parlamentares, no sentido de oferecer uma terceira candidatura que, em tese, restabeleceria o equilíbrio entre os interesses políticos envolvidos na questão e os anseios da população. Anseios, basicamente, de ver restabelecida a imagem tão desgastada do nosso Congresso Nacional e que se providências não forem tomadas tende a piorar. A imprensa deveria dar maior ênfase a esse aspecto da questão, sem envolver-se politicamente com o tema. Se a população não puder contar com informação responsável e isenta, de que se acham obrigados os meios de comunicação, não há porque falar em regime democrático. Por conseqüência, de nada adianta manter em funcionamento instituições como a Câmara e o Senado, por exemplo, apenas para homologar decisões oriundas do Poder Executivo, nem sempre alinhadas com o bem-estar da população. A omissão, ou a distorção de fatos, são formas capciosas de censura.