Quando António Guerres promulgou o famigerado "Rendimento Mínimo Garantido" sem restrições, uma espécie de "gonçalvina loucura", a maioria das cabeças "cheias" do meu país, tomada da habitual lupa com que analisa os méritos da carne-podre-salgada, sequer discerniu que quem mais beneficiava com a humanista medida era a sociedade portuguesa em geral.
Os miserabilistas do costume - e são tantos-tantos - de imediato, num ambiente a descoser-se por todas as costuras, surgiram com a reabusada boca contraproducente: "Ide trabalhar malandros...". Não entenderam que os milhares e milhares de beneficiários gastariam num abrir e fechar de olhos aquele balsamico pecúlio, desiderato bastante para sustentar o entretecido social palmilhante e evitar anomalias sociais do mais gravíssimo cariz.
Logo adiante entendi que o miserabilismo continuava a sacudir entre dentes o protesto porque o campo de fácil exploração sobre os mais débeis-económicos se lhe encurtara enormemente.
Surgiu então, a repetir o slogan contra os malandros, o mais aerodinâmico dos "meninos-bem" que a abrilina liberdade produziu, o tal que fez avançar uma corveta de guerra para se opor a um barquito que se propunha abalroar Portugal, atacando-o com um SOS a favor das mulheres portuguesas.
Por trás do pano voltado - o da tanga que deu no que deu - António Guterres, nauseado ao extremo por amigos e inimigos, saíu de cena com uma dignidade que cedo ou tarde terá de vir à tona para que os portugueses avaliem em ponto exacto a qualidade ímpar do primeiro-ministro que em momento assaz delicado felizmente tiveram.
Os portugueses?!... Sim, os "portugueses", com aspas e tudo, e sobretudo aqueles que andam por aí debitando lavercas há uma vida inteira e não fazem senão outra coisa do que encher pneus que sequer existem.
Ora então, vá, continue-se a incitar: "- Ide trabalhar malandros"... Aonde?... No Iraque, que é actualmente o país mais democrático do mundo!...
PS = Pois... Aprecio a memória de Salazar, Marcelo Caetano, Sá Carneiro, Vasco Gonçalves, e a vida de Adriano Moreira, António Guterres, Cavaco Silva. Faço todos os dias estranhos pedidos ao Santo António. O que é que eu serei? É, é isso, agora conscientemente, esquerdo-direito, um-dois, esquerdo-direito, um-dois... E cá vou eu cantando, rindo e chorando. Sou Fado!...