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Artigos-->Bento XVI: visão de São Paulo sobre a vida na Igreja -- 23/11/2006 - 09:30 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Bento XVI apresenta visão de São Paulo sobre «A vida na Igreja»



Intervenção na audiência geral da quarta-feira



www.zenit.org



CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 22 de novembro de 2006 (ZENIT.org).- Publicamos a intervenção de Bento XVI na audiência geral desta quarta-feira, dedicada a apresentar a visão de São Paulo sobre «A vida na Igreja».







* * *









Queridos irmãos e irmãs:



Concluímos hoje nossos encontros com o apóstolo Paulo, dedicando-lhe uma última reflexão. Não podemos despedir-nos dele sem levar em conta um dos elementos decisivos de sua atividade e um dos temas mais importantes de seu pensamento: a realidade da Igreja. Temos de constatar, antes de tudo, que seu primeiro contato com a pessoa de Jesus aconteceu através do testemunho da comunidade cristã de Jerusalém. Foi um contato tempestuoso. Ao conhecer o novo grupo de crentes, converteu-se, imediatamente, em seu forte perseguidor. Ele mesmo o reconhece em três ocasiões, em outras tantas cartas: «persegui a Igreja de Deus», escreve (1 Coríntios 15, 9; Gálatas 1, 13; Filipenses 3, 6), apresentando este comportamento como o pior crime.



A história nos demonstra que se chega normalmente a Jesus passando pela Igreja! Em certo sentido, é o que também sucedeu -- como dizíamos -- a Paulo, quem encontrou a Igreja antes de encontrar Jesus. Agora, em seu caso, este contato foi contraproducente: não provocou a adesão, mas sim uma repulsão violenta.



Para Paulo, a adesão à Igreja foi propiciada por uma intervenção direta de Cristo, quem, ao revelar-se no caminho de Damasco, se identificou com a Igreja e lhe deu a entender que perseguir a Igreja era perseguir a Ele, o Senhor. De fato, o Ressuscitado disse a Paulo, o perseguidor da Igreja: «Saulo, Saulo, por que me persegues?» (Atos 9, 4). Perseguindo a Igreja, perseguia Cristo. Então, Paulo converteu-se ao mesmo tempo, a Cristo e à Igreja. Assim se compreende como a Igreja esteve tão presente nos pensamentos, no coração e na atividade de Paulo.



Em primeiro lugar, esteve presente quando fundou literalmente muitas Igrejas em várias cidades às que chegou como evangelizador. Quando fala da «preocupação por todas as Igrejas» (2 Coríntios 11, 28), pensa nas diferentes comunidades cristãs suscitadas na Galácia, Jônia, Macedônia, e em Acaia. Algumas dessas Igrejas também lhe deram preocupações e desgostos, como sucedeu, por exemplo, com as Igrejas da Galácia, que passou «para outro evangelho» (Gálatas 1, 6), ao que se opôs com firme determinação. Não se sentia unido às comunidades que fundou de maneira fria ou burocrática, mas intensa e apaixonante. Por exemplo, define os filipenses como «meus irmãos queridos e amados, minha alegria e minha coroa» (4, 1). Outras vezes, compara as diferentes comunidades com uma carta de recomendação única: «Vós sois nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens» (2 Coríntios 3, 2). Outras vezes lhes mostra não só um verdadeiro sentimento de paternidade, mas também de maternidade, como quando se dirige a seus destinatários chamando-os de «filhos meus, por quem sofro novamente dores de parto, até ver Cristo formado em vós» (Gálatas 4, 19; cf. 1 Cor 4, 14-15; 1 Tessalonicenses 2, 7-8).



Em suas cartas, Paulo nos ilustra também sua doutrina sobre a Igreja enquanto tal. É muito conhecida sua original definição da Igreja como «corpo de Cristo», que não encontramos em outros autores do século I. (cf. 1 Coríntios 12, 27; Efésios 4, 12; 5, 30; Colossenses 1, 24). A raiz mais profunda dessa surpreendente definição da Igreja é encontrada no Sacramento do Corpo de Cristo. Diz São Paulo: «Porque, ainda sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, pois todos participamos de um só pão» (1 Coríntios 10, 17). Na mesma Eucaristia, Cristo nos dá seu Corpo e nos torna seu Corpo. Neste sentido, São Paulo diz aos Gálatas: «todos vós sois um em Cristo Jesus» (Gálatas 3, 28).



Com tudo isso, Paulo nos dá a entender que não só se dá uma pertença da Igreja a Cristo, mas também uma certa forma de equiparação e identificação da Igreja com o próprio Cristo. Disto, portanto, se deriva a grandeza e a nobreza da Igreja, ou seja, de todos nós que fazemos parte dela: do fato de ser membros de Cristo, uma espécie de extensão de sua presença pessoal no mundo.



E daí se deriva, naturalmente, nosso dever de viver realmente em conformidade com Cristo. Daqui se derivam também as exortações de Paulo a propósito dos diferentes carismas que alentam e estruturam a comunidade cristã. Todos se remontam a um manancial único, que é o Espírito do Pai e do Filho, sabendo que na Igreja não há ninguém que careça deles, pois, como escreve o apóstolo, «a cada um se outorga a manifestação do Espírito para proveito comum» (1 Coríntios 12, 7). Pois bem, o importante é que todos os carismas cooperem juntos na edificação da comunidade e não se convertam, pelo contrário, em motivo de laceração. Neste sentido, Paulo se pergunta retoricamente: «Está Cristo dividido?» (1 Coríntios 1, 13). Sabe bem e nos ensina que é necessário «conservar a unidade do Espírito com o vínculo da paz. Um só Corpo e um só Espírito, como uma é a esperança a que haveis sido chamados» (Efésios 4, 3-4).



Obviamente, sublinhar a exigência da unidade não significa dizer que é preciso uniformizar ou reduzir a vida eclesial segundo uma maneira única de atuar. Em outra passagem, Paulo convida a «não extinguir o Espírito» (1 Tessalonicenses 5, 19), ou seja, a dar generosamente espaço ao dinamismo imprevisível das manifestações carismáticas do Espírito, que é uma fonte de energia e de vitalidade sempre nova. Mas se há um critério particularmente importante para Paulo, este é a mútua edificação: «que tudo seja para edificação» (1 Coríntios 14, 26). Tudo deve ajudar a construir ordenadamente o tecido eclesial, não só sem estancamentos, mas também sem fugas nem rompimentos. Uma carta de Paulo chega a apresentar a Igreja como esposa de Cristo (cf. Efésios 5, 21-33), retomando assim uma antiga metáfora profética, que fazia do povo de Israel a esposa do Deus da aliança (cf. Oséias 2, 4.21; Isaías 54, 5-8): expressa assim até que ponto são íntimas as relações entre Cristo e sua Igreja, já seja porque é objeto do mais terno amor por parte de seu Senhor, já seja porque o amor tem que ser mútuo e que nós, enquanto membros da Igreja, temos de demonstrar-lhe uma fidelidade apaixonada.



Em conclusão, portanto, está em jogo uma relação de comunhão: a relação, por assim dizer, «vertical» entre Jesus Cristo, e todos nós, mas também a «horizontal», entre todos os que se distinguem no mundo pelo fato de «invocar o nome de Jesus Cristo, Senhor nosso» (1 Coríntios 1, 2). Esta é nossa definição: fazemos parte dos que invocam o nome do Senhor Jesus Cristo. Entende-se, assim, até que ponto é preciso desejar a realização do que o próprio Paulo anseia ao escrever aos Coríntios: «Pelo contrário, se todos profetizam e entra um infiel ou um não iniciado, será convencido por todos, julgado por todos. Os segredos de seu coração ficarão ao descoberto e, prostrado por terra, adorará a Deus confessando que Deus está verdadeiramente entre vós» (1 Coríntios 14, 24-25). Assim deverão ser nossos encontros litúrgicos. Um não cristão que entra em uma assembléia nossa, no final deverá poder dizer: «Verdadeiramente, Deus está convosco». Peçamos ao Senhor que nos ajude a viver assim, em comunhão com Cristo e em comunhão entre nós.



[Traduzido por Zenit.

© Copyright 2006 - Libreria Editrice Vaticana]





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