Pode estar sendo aceso na próxima semana o pavio capaz de levar à explosão de um razoável barril de pólvora. Na próxima terça-feira, dia 21, realiza-se, numa churrascaria aqui em Brasília, um almoço de desagravo ao coronel Brilhante
Ulstra, atualmente julgado pela Justiça de São Paulo sob a acusação de ter participado de sessões de tortura a presos políticos, quando nos anos setenta chefiou o DOI-Codi paulista.
Está confirmada, até hoje, a presença de 200
oficiais da reserva do Exército, entre eles 70 generais. Ninguém da ativa deve comparecer, até pelos impedimentos legais e regimentais.
Sem a emissão de juízos de valor a respeito do comportamento do coronel Brilhante Ulstra, vale registrar que essa reunião de desagravo poderá ser a primeira, desde a redemocratização do País, que colocará grupos de militares protestando contra um dos poderes da República, no caso, o Poder Judiciário.
Os militares vêm mantendo até agora conduta exemplar, desde que deixaram o poder, engolindo sapos em posição de sentido, mas sentem-se injustiçados, porque a anistia era para ter apagado excessos de um lado e de outro, nos
anos de chumbo. E até hoje apenas têm sido beneficiados com desagravos e indenizações os subversivos ou suas famílias, no caso dos desaparecidos, quando também morreram muitos do outro lado.
Obs.: Nós, os militares da reserva, estamos em silêncio, mas não estamos dormindo! (F.M.)