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Artigos-->Ameaça totalitária -- 13/11/2006 - 12:15 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AMEAÇA TOTALITÁRIA



por Ipojuca Pontes, no Estadão



“Se dependesse da minha decisão termos um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir a segunda alternativa” (Thomas Jefferson).



Um dos projetos mais preocupantes do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva é o que aponta para a efetivação de programa de governo voltado para o estabelecimento, no País, da “democratização dos meios de comunicação”. Aparentemente, o projeto pretende democratizar a mídia, mas, numa visão crítica fundamentada nos próprios valores da democracia, a proposta soa dissonante, ou mesmo adversa, tendo em vista os reais objetivos: a vida pregressa e o relacionamento do governo petista com a mídia em geral.



Só para registrar os fatos, vale lembrar que no debate com o candidato Geraldo Alckmin na Televisão Record, indagado por um jornalista sobre como encaminharia a questão da informação na imprensa, na televisão e nos meios eletrônicos, o candidato-presidente enfatizou a necessidade de se expandir a “regionalização e a democratização da comunicação” e de criar uma Lei Geral de Comunicação Eletrônica, com o objetivo, entre outros tantos, de elaborar dispositivos legais para “regulamentar e descentralizar a mídia”.



Em particular no que concerne à mídia impressa, o candidato-presidente referiu-se pontualmente ao fomento de canais de comunicação para sindicatos, associações e entidades de classe, adotando a política de incentivos legais e econômicos para a edição de “jornais e revistas independentes” voltados para a “pluralidade da informação”.



A fala de Lula foi rápida e genérica, pois não era conveniente, óbvio, levantar em detalhes tema tão controverso. Mas o PT, partido do candidato-presidente, tinha sido mais explícito na questão. Em documento preliminar divulgado em agosto, disponível na internet, o partido colocou como fundamental a “democratização dos meios de comunicação para o aprofundamento da democracia”, considerando, para a consecução de tal finalidade, a imediata criação de uma secretaria setorial, diretamente vinculada à Presidência da República. Tal secretaria - a contar com a participação de “conselhos populares” e de tecnocratas do governo -, segundo o documento, cuidaria de criar “mecanismos que coíbam a concentração da propriedade e de produção de conteúdos e o desequilíbrio concorrencial, garantindo, por outro lado, a competitividade, a pluralidade, a diversidade e a concorrência por qualidade de serviços”.



O documento informa ainda que o órgão a ser criado, destinado ao controle e à fiscalização dos meios de comunicação, nasce comprometido a fazer o recadastramento das concessões de rádio e televisão em todo território nacional, com o respectivo cancelamento das emissoras que não estejam “em conformidade com a lei”.



As intenções democráticas do segundo governo de Lula e do PT, ou o que os dois consideram democracia, precisam de melhor avaliação por parte da inteligência crítica da Nação e do Congresso Nacional. De fato, há no setor distorções que merecem cuidados. Mas quem é versado na teoria e prática de governos com pretensões totalitárias conhece muito bem o significado da palavra “democratização”, em especial no processo de construção do “Estado regulado”. Na vida real, ela quer dizer justamente o contrário do que propugna, isto é, abarca mais dirigismo na informação e mais censura no noticiário, tendo como conseqüência lógica o controle político e ideológico dos meios de comunicação de massa. Na antiga URSS, por exemplo, a “democratização dos meios de comunicação” terminou na soberania do Pravda e do Izvestia, e no gradativo aniquilamento da imprensa considerada “burguesa”.



Em Cuba, por sua vez, a “redemocratização dos meios de comunicação”, amparada na supremacia de “conselhos populares”, dos comitês revolucionários e na eterna vigilância da Direción General de Inteligência (DGI), ainda hoje se dá a partir da visão despótica do Granma e da rede de televisão estatal, veículos obedientes à verdade única do castro-comunismo, cujo interesse básico é a desinformação e a perpetuação no poder. Quanto aos modernos meios de comunicação eletrônica, quem desconhece o controle e a censura que os governos da China e de Cuba exercem sobre os veículos da internet?



No seu primeiro mandato, em meio ao noticiário em torno dos vertiginosos escândalos que envolviam (e envolvem) seu governo, Lula estimulou a criação do Conselho Federal de Jornalismo, sinistro órgão que tinha por objetivo levar o jornalista “faltoso” ao tribunal inquisitorial e à posterior cassação do registro profissional. De igual modo, propugnou pela criação da Ancinav, a Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual que, quase detendo poder de polícia, pretendia “regular, fiscalizar e controlar” a produção audiovisual da Nação - o cinema, segundo Lenin, a “manifestação mais importante do século”, como arte ou propaganda, para consolidar o avanço do socialismo.



Agora, diante da reeleição pelo voto, mas sub judice, sentindo-se incomodado pela atuação livre da imprensa, Lula da Silva parte para institucionalizar a “democratização dos meios de comunicação”. Com a impostação de uma seriedade quase cômica, pretende confrontar a verdade geral à sua verdade partidária e particular, ameaçando financiar com o dinheiro sacado do bolso do exaurido contribuinte, sob o manto do “pluralismo”, uma imprensa servil. Como se a liberdade de informação, ainda que com falhas, representasse o mal e a censura, ainda que disfarçada, constituísse o supremo bem.





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