“Quem reclama já perdeu”. Esta sentença fatalista era emitida, ironicamente, pelo saudoso jornalista e comentarista esportivo João Saldanha, sempre que bebia umas a mais e chutava seu balde de gelo sobre a nossa incapacidade nacional de se antecipar aos problemas com soluções objetivas – em vez de ficar chorando sobre o whisky derramado. Vivo fosse, pois era muito vivo, fatalmente, o comunista Saldanha (que foi um dos primeiros repórteres do mundo a entrar na China, junto com a revolução de Mao Tse Tung) seria um crítico ferrenho do atual estado de coisas no mundo em geral, e no Brasil, em particular.
“O comentarista que o Brasil consagrou” – como era conhecido o João Sem Medo, por ter sido o treinador que classificou a seleção brasileira, em 1969, para a Copa do Mundo de 70 – seria um crítico da atual Globalização. O João, que não perdoava Mané, estranharia um mundo em que o capitalismo é controlado por uma nobreza econômica européia, comandada pelos banqueiros Rothschild e seus parceiros associados, que manipulam diferentes e conflitantes ideologias, apenas para satisfazer seus interesses de poder e dinheiro. Eles se reúnem em grupos de poder como o Centro Tricontinental e o Clube dos Bilderberg, além de seus primo norte-americanos, o Council on Foreign Relations e o Diálogo Interamericano.
O crítico Saldanha condenaria, sem dó nem piedade, a jogada de poder dos verdadeiros governadores econômicos do mundo do capital. Eles controlam os negócios do maior império do Capitalismo de Estado do Planeta, que é a República Popular da China. Lá, na terra de um inexistente comunismo (tão falso quanto a mais ordinária mercadoria pirateada de lá para cá) quem dita o mercado não é o Estado autoritário. Quem dá as cartas são os ingleses, através de um poderoso banco chamado The Hongkong and Shanghai Banking Corporation Limited (nome original do HSBC Group), que é uma da marcas mais reconhecidas pelos consumidores de todo o mundo. O banco existe desde 1865, para financiar o crescimento do comércio entre a China, a Europa e o resto do mundo.
Apenas para dar um exemplo do poder quase feudal de manipulação dos nobres europeus sobre o mercado mundial de commodities. Quando se deseja aumentar os preços do petróleo, do minério de ferro e de outros metais nobres usados pela indústria de alta tecnologia, basta que os controladores apertem o botão que escancara o crédito na sede chinesa do HSBC. Cheios de grana para gastar, os chineses começam a importar commodities sem parar. A demanda provoca aumento dos preços. Como os controladores manipulam as cotações das bolsas de valores de Londres e Nova York (que atualmente são uma bolsa só para negócios transnacionais), seus lucros são astronômicos.
No final das contas, os lucros do comércio ficam com o sistema financeiro, que financiam o crédito das trades. Os bancos são controlados pela mesma City londrina que controla o comércio de minérios, de petróleo, de energia e as empresas relacionadas ao negócio. Assim fica claro como o “milagroso” crescimento chinês, além de nada ter de milagroso, também não é um “crescimento chinês”. Na verdade, é um crescimento do poder financeiro e político dos nobres europeus (principalmente os ingleses) que manipulam os negócios do mundo, usando o Capitalismo de Estado chinês (travestido de comunismo) como testa de ferro.
A manipulação se estende ao resto do mundo, já que o HSBC tem 9.500 agências em 76 diferentes países e territórios da Europa, Ásia Pacífico, nas Américas, no Oriente Médio e na África. Tanto que o lema deles é: “We are the world s local bank” (“Nós somos o banco mundial local”). Mais justo e perfeito, impossível. Por suas ramificações mundiais, o HSBC é um dos principais agentes de controle da Bolsa de Valores de Nova York. Enquanto isso, os Rothschild manipulam a política monetária mundial. Eles são os principais controladores do mercado virtual do dólar (uma moeda cujo valor na contabilidade do comércio mundial não corresponde à quantidade de papel moeda emitida pelo Tesouro dos Estados Unidos da América). Logo, o dólar é uma moeda falsa, artificialmente cotada pelos interesses anglo-americanos que comandam o Banco Central dos EUA.
O famoso Federal Reserve é um Banco Central tão independente quanto a famosa Escrava Isaura (antes de arranjar um marido rico, na ficção). O Federal Reserve é um organismo privado, e não estatal (como faz parecer ao resto do mundo ignorante). O FED é dirigido pelos interesses da nobreza européia associada ao grande capital norte-americano. Além de manipular o banco central dos EUA, totalmente dependente dos interesses deles, os controladores ingleses também tomam conta dos papéis das dívidas externas dos países do Terceiro Mundo, que são os principais fornecedores de matérias primas (commodities) e também os grandes consumidores, atuais, dos produtos fabricados pelo crescimento induzido da China.
As manobras especulativas dos controladores afeta, diretamente, o Brasil, que é o País das commodities agrícolas e minerais. Eles ditam os preços nos diferentes mercados mundiais. A recente aquisição da “canadense” Inco pela “brasileira” Vale do Rio Doce é uma jogada de mestre dos controladores. Os controladores ingleses articularam o pool de 20 bancos, liderados por ABN Amro, Credit Suisse, Santander e UBS, que puseram à disposição da Vale US$ 34 bilhões para financiar a compra da Inco. Uma empresa capitalizada como a Vale teve de pagar o mico de tomar dinheiro emprestado, para remunerar bancos futuramente, pagando juros. A lógica do negócio é resolver o problema dos bancos abarrotados de crédito a oferecer e prontos a lucrar, cada vez mais, com os juros futuros a receber.
Uma outra grande jogada dos controladores é faturar muito dinheiro com o chamado Crédito de Carbono (Carbon Disclosure Project’s). Os ingleses esperam movimentar a bagatela de US$ 10 trilhões com o negócio, no mundo todo. Os Créditos de Carbono são certificados que autorizam o direito de poluir. As agências reguladoras de proteção ambiental emitem certificados autorizando emissões de toneladas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros gases poluentes. Inicialmente, selecionam-se indústrias que mais poluem no País. Depois, são estabelecidas metas para a redução de suas emissões. As empresas recebem bônus negociáveis na proporção de suas responsabilidades. Cada bônus, cotado em dólares, equivale a uma tonelada de poluentes. Quem não cumpre as metas de redução progressiva estabelecidas por lei tem de comprar certificados das empresas mais bem sucedidas. Qualquer semelhança com a brincadeira de banco imobiliário não é mera coincidência. A diferença é que os banqueiros ganham de verdade...
Agora, outro assunto sério que mais parece piada de português. Mas não é. É piada de inglês. Daquelas que a gente tem dificuldade para achar graça. No começo deste mês, nós, brasileiros, fomos obrigados a levar muito a sério um “factóide” lançado pelo secretário de Meio Ambiente britânico, David Miliband, manifestando o interesse em transformar a floresta Amazônica em uma grande área privada, internacional. O malandro inglês jogou o balão de ensaio, mas depois recuou, estrategicamente. A carta do jogo estava marcada, para variar. Mr Miliband só não precisou recuar muito, porque a vontade dos controladores ingleses contava, previamente, com a conivência do governo brasileiro e da nossa honesta e patriótica classe política, que tem toda a pre$$a do mundo em regulamentar a Lei de Gestão de Florestas.
Conforme denúncia tardia no horário eleitoral esta semana (mas feita bem antes pelo Alerta Total, em nossa edição de 4 de outubro), o governo Lula mandou ao Congresso, aprovou e sancionou o projeto que permite a exploração de terras da floresta em regime de concessão. O concessionário da floresta poderá explorá-la por 30 anos, renováveis por mais 30 anos. Fica sendo o dono temporário da terra pública e pode derrubar as árvores públicas e vendê-las para seu lucro privado dentro de um plano de manejo que pretende evitar a derrubada predatória. Quem pagar mais poderá explorar os bens florestais daquela área, desde que obedecido o plano de manejo anualmente aprovado.
Teoricamente, a Lei 11.284 prevê a possibilidade de explorar madeira, frutas, remédios e outros produtos da floresta amazônica sem prejudicar o meio ambiente. E ainda ajudar as populações ribeirinhas, os índios e os quilombolas que vivem na região. Para controlar o processo, foi criada até uma agência independente. O “Serviço Florestal” será financiado por taxas pagas pelos concessionários da floresta. O problema concreto é: de boas intenções, o inferno está cheio de banqueiros ingleses e de brasileiros entreguistas.
A jogada dos controlares, e de seus políticos e governantes amestrados, é muito cínica. Eles querem provar que o Brasil não tem competência, sozinho, para administrar a região, na conceituação deles, “patrimônio da humanidade” – e não do Brasil. Na estratégia de convencer o mundo – e os brasileiros, ignorantes, disto, a tática deles é a desinformação. Os controladores investem na atuação de agentes de influência, que são as ONGs, a mídia e os chamados “movimentos populares”, para defenderem a tese de que o governo brasileiro precisa de parceiros (steakholders) para tomar conta da Amazônia – e, naturalmente, de suas riquezas minerais ou da biodiversidade.
A jogada de desinformação é tão tacanha que os inimigos da soberania do Brasil na Amazônia tentam vender a enganosa informação de que as Forças Armadas não têm competência para proteger a região. Os fuzis dos nossos militares ficam arrepiados quando alguém pronuncia tamanha besteira. O Comando Militar da Amazônia está preparado para rechaçar qualquer tentativa de invasão da Amazônia, do ponto de vista formal. Em tese, o Exército não poderia agir no campo econômico. Mas apenas em tese, pois, na prática, existem os dois artigos 142. O da Constituição Federal e o do Código Penal Militar.
Apenas para os ignorantes da lei, vale recordar o teor de cada um deles. O artigo 142 da CF deixa bem claro. “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. A segurança da Lei Maior depende do estrito cumprimento dessa missão das Forças Armadas. Afinal, as Forças Armadas têm a obrigação constitucional de zelar pela “Segurança do Direito”, que é o verdadeiro conceito de Democracia.
A regra é clara. A defesa da Pátria é um dever supra-constitucional. O Exército, a Marinha e a Força Aérea servem para garantir a defesa da Pátria contra qualquer ação (interna ou externa) que submeta risco à Soberania Nacional. A Doutrina também é clara. A defesa é a ação efetiva para se obter ou manter o grau de segurança desejado. A segurança é a condição em que o Estado, a sociedade e os indivíduos não se sentem expostos a riscos ou ameaças objetivas.
Todo militar aprendeu na escola que a Política de Defesa Nacional trabalha com dois conceitos básicos. A Segurança é a condição que permite ao País a preservação da soberania e da integridade territorial, a realização dos seus interesses nacionais, livre de pressões e ameaças de qualquer natureza, e a garantia aos cidadãos do exercício dos direitos e deveres constitucionais. A Defesa Nacional é o conjunto de medidas e ações do Estado, com ênfase na expressão militar, para a defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças preponderantemente externas, potenciais ou manifestas.
Já o artigo 142 do Código Penal Militar não vale apenas para os militares. Ele se aplica a quem “tentar” cometer três crimes. I – Submeter o território nacional, ou parte dele, à soberania de país estrangeiro; II – Desmembrar, por meio de movimento armado ou tumultos planejados, o território nacional, desde que o fato atente contra a segurança externa do Brasil ou a sua soberania; e III – internacionalizar, por qualquer meio, região ou parte do território nacional. A pena prevista é de reclusão, de quinze a trinta anos, para os cabeças; de dez a vinte anos, para os demais agentes infratores. E um detalhe importante: no Código Penal Militar não existe o regime de progressão de pena. Quem for condenado tem de cumprir a integralmente a pena prevista.
A “iniciativa” (prevista no Artigo 142 da Constituição e do Código Penal Militar) deve e pode ser dos comandantes das Forças Armadas, em cumprimento do dever de ofício. Os dois artigos 142 devem ser cumpridos, imediatamente, pelos militares, sem perguntar nada a ninguém, nem a seu eventual chefe supremo, seja ele quem for. Agir de forma contrária significa incorrer em crime de responsabilidade ou até de prevaricação, dependendo do caso. Quem não cumprir merece cadeia. Os militares conhecem a lei. Logo, serão obrigados a aplicá-la. Não tem desculpa.
Por isso, neste domingo, discutir se o corinthiano será reeleito, ou se o sãopaulino vai ganhar no milagre, é pura especulação de torcedor de futebol. Como torço pelo Flamengo e pelo Brasil – coisas mais sérias – cometo até a heresia de evocar a memória de um botafoguense doente - como João Saldanha, um jornalista que tinha compromisso com a nossa Pátria, independentemente da ideologia que professasse. Flamengo e Botafogo não jogam, neste domingo, no cassino eleitoral do Al Capone. O destino do Brasil também não está em jogo com o resultado desta eleição, que é um mero mecanismo de escolha.
Lula da Silva ou Geraldo Alckmin? Não faz diferença. Petistas e tucanos, com plumagens diferentes, e maquiagens ideológicas, sentam na mesma mesa de negócio com os controladores da economia mundial. Por isso, o destino da Nação não depende deles. O destino do Brasil está nas mãos dos brasileiros conscientes, que não aceitam ser roubados pelo governo do crime organizado, comandado lá de fora, mas tocado pelos bonecos do ventríloco aqui de dentro.
É preciso reagir contra os verdadeiros criminosos, os inimigos reais do Brasil. Tudo com a máxima urgência. Do contrário, Saldanha estará certíssimo. Quem reclama já perdeu! Chega de reclamar. E vamos agir.
Jorge Serrão, jornalista radialista e publicitário, é Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos. http://alertatotal.blogspot.com/ e http://podcast.br.inter.net/podcast/alertatotal