Uma coisa certa em relação às pesquisas é que elas influenciam grande número de pessoas, pois é da condição humana o desejo de estar no lado ganhador. Nota-se isso nas crianças, que quando chegam à idade de optar por um clube de futebol, vai fazê-lo por um clube que esteja numa fase vencedora. Não importa que o pai as leve para ver os jogos, ou seu avô as presenteie com a camisa do time de que é torcedor. Outra coisa certa em relação às nossas pesquisas é que elas têm, com muita constância, chegado a resultados completamente errados. Foi o que se constatou na “Campanha do Desarmamento”. As pesquisas e a TV Globo davam como certa a vitória do “Sim” e deu “Não”. As pesquisas e a TV Globo davam como certa a vitória de Lula no primeiro turno e deu segundo turno. As pesquisas e TV Globo estão dando como certa a vitória de Lula no segundo turno. Esperamos que a realidade, coerentemente, mostre o mesmo erro das pesquisas anteriores. E por que não ?
Nossos institutos de pesquisa têm muitos anos de vida e estão sobrevivendo. Se a metodologia das pesquisas se acha teoricamente correta, capacitada para dar uma amostra representativa da realidade, o que está acontecendo? Com o avanço meteórico da tecnologia da informação esses erros não são admissíveis. Ademais, não vejo essas pesquisas como um meio de orientar, de esclarecer o eleitor. Mas vamos admitir que muitas, ou mesmo a maioria das pessoas considerem que esses resultados ajudam-nos a decidir. Então essas pesquisas deveriam ser mais esclarecedoras, mais transparentes e o TSE poderia atuar diretamente sobre os parâmetros que utilizam, obrigando esses Institutos a uma melhor definição deles. Os dados como hoje veiculados não permitem uma visão correta da realidade, se é que o objetivo é esse. Que diferença faz se a coleta de dados foi feita ouvindo 3680 ou 2897 eleitores em 234 ou 302 municípios ? Se a pesquisa foi feita em municípios do Nordeste o resultado será um, se foi feita em municípios da região sul o resultado necessariamente será outro. Pode ser, e é até bem provável, que a metodologia aplicada exija um mix de municípios e de Regiões, em cada pesquisa. Mas para que se tenha uma percepção representativa da realidade, se os outros parâmetros estão corretamente aplicados, o conhecimento, pelo menos dos Estados ou Regiões em que a pesquisa foi aplicada é essencial.
De qualquer modo, há coisas estranhas nessas pesquisas. Por exemplo, há um contra-senso nos resultados da primeira pesquisa, feita após o primeiro debate do segundo turno, incompatível com o senso comum de quantos assistiram a esse programa e ouviram as opiniões colhidas ao seu término.A opinião geral é que Alckmin se mostrou melhor, conhece os problemas do país e apresentou as soluções que pretende dar-lhes. As evidências desse resultado foram bem visíveis nas descabidas reações de D Marta e na dissimulada resposta de seu ex-marido, o senador Suplicy.
Mas, mais evidente, foi o desespero de que foi tomado o PT, que partiu incontinente para uma verdadeira guerra psicológica, espalhando desbragadamente mentiras e boatos sobre os projetos de seu opositor, numa baixaria que bem revela o caráter dos corruPTos que são. Apesar dos maus exemplos de roubalheira dados nesses quatro anos pela quadrilha que assaltou o poder ter subvertido os conceitos e valores tradicionais da sociedade, se Alckmin se mostrou melhor, como essa mesma opinião pode ter optado por aumentar sua preferência pelo pior?
.Eu nunca fui ouvido em nenhuma pesquisa. Você, leitor, já foi? Como são selecionados os pesquisados? E os pesquisadores? Ora quem é capaz de apresentar como de Lula, os aplausos dirigidos ao presidente da ONU, num embuste enganador, quem compra parlamentares, quem compra dossiê para desqualificar adversários, quem tem dólares na cueca e em caixas de “rum”, pode muito bem armar um sistema para fazer das pesquisas um mero veículo de propaganda. Por que para armar maracutaias eles são bons, embora na execução, normalmente, tenham “dado com os burros n‘água”.
Mas, se as pesquisas falham, as urnas são confiáveis e têm mostrado outra realidade .Esperemos que Lula continue muito bem nas pesquisas e como nas outras vezes as urnas revelem outra verdade.
PS: Como a vida continua depois das eleições é preciso todo cuidado,.ou até mais cuidado, seja qual for o resultado. A estratégia de Gramsci avança e os organismos e instituições governamentais e privadas precisam ser fortalecidas, com o retorno da ética e da dignidade na vida pública. Como noticiou a coluna de Denise Rothenburg, no Correio Braziliense, “depois da manifestação contra a corrupção no primeiro turno, o escritor Ives Hublett, aquele que deu uma bengalada no ex-ministro da Casa Civil, Jose Dirceu, fará uma segunda marche au flambeaux ( à luz de velas) pela ética na política. A concentração será hoje,( domingo) a partir das 17h, na Praça do Três Poderes”. Participe.
