Os menores carros brasileiros querem conquistar o mercado americano.
Apostando em um design inovador, a Obvio ! fechou contrato de 21 anos com a americana ZAP! e vai exportar 50 mil veículos ao ano, marca jamais alcançada por uma empresa nacional. Para se ter uma idéia, a extinta Puma, fábrica
brasileira de automóveis fundada em 1967, produziu 22 mil carros em 20 anos de existência, dos quais exportou 2 mil.
"Estamos inaugurando uma nova fase na indústria exportadora de veículos nacionais", afirma Ricardo Machado, presidente da Obvio!. A empresa foi apresentada a investidores pela FINEP durante o 6º Fórum Brasil Capital de Risco. A
série de eventos já viabilizou investimentos em 24 empresas brasileiras de base tecnológica, em um montante de R$ 145 milhões. "Ser selecionada pela FINEP para participar do evento avalizou a qualidade do projeto da Obvio!. Os investidores
passaram a nos receber com outros olhos, pois reconhecem na FINEP uma empresa pública de grande credibilidade", explica Ricardo. "Antes do Fórum, passamos por um período de treinamento que nos ajudou a definir as estratégias da
empresa. Além disso, a FINEP investiu R$ 150 mil no nosso negócio, o que ajudou a pagar os custos iniciais da Obvio!", diz.
A empresa é a primeira no mundo focada na produção de carros urbanos com três lugares e motorização de alta performance. Apesar de pequenos, possuem versões de 120, 170 e 250 cavalos de potência, que garantem desempenho similar ao de carros esportivos. A produção é voltada para exportação e os carros foram desenvolvidos e projetados no Rio de Janeiro. A empresa oferece hoje dois modelos. O 828/2, que custará em torno de US$ 14 mil, é um pouco maior
do que a metade de um Peugeot 206. Com 1,45m de largura e 2,65m de comprimento, comporta dois adultos de 1,80m de altura e mais um passageiro. O curioso é que o pequeno veículo consegue estacionar na perpendicular em uma vaga.
O Zero12, um pouco maior e mais sofisticado, custa em torno de US$ 28 mil. O carro, que mede 1,75m largura e 3,05m de comprimento, comporta três adultos de 1,95m de altura. No Brasil, os veículos serão expostos e revendidos
exclusivamente na Loja Novo Desenho, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
"Conversamos com mais de 40 investidores nacionais, que não demostraram interesse pelo projeto. Aqui, acham que produção de automóveis é coisa para grandes empresas multinacionais", observa. A saída foi procurar parceiros
estrangeiros. "Nós começamos negociações com a Auto America Group, que não honrou os compromissos financeiros assumidos em documentos legais assinados.
Porém, em setembro, recebemos uma ligação da ZAP! - Zero Air Pollution - que se interessou em discutir nosso plano de negócios. Em dez dias acertamos todos os detalhes. A ZAP!, além de adquirir a exclusividade na distribuição dos carros Obvio! nos EUA, com a encomenda de 50 mil carros por ano, comprou 20% das ações da empresa", revela Ricardo. Os valores da transação não foram divulgados.
Um dos diferenciais dos carros Obvio! Zap! é o sistema ECOFUEL, que permite o uso de álcool com alta performance e o de gasolina em situações
emergenciais, ao contrário do que ocorre com os carros brasileiros "flex", que andam bem com gasolina e com razoável desempenho à álcool. O plano das empresas é estimular a utilização do combustível alternativo em seus veículos
e uma das estratégias será propor a órgãos governamentais americanos a criação de uma "alcohol-highway" na Califórnia, ligando Los Angeles a San Francisco.
Na via, haveria postos que garantiriam o abastecimento aos que optarem por carros movidos à álcool, por conseqüência, menos poluidores.
O lançamento dos veículos acontece no dia 21 de novembro, no Auto Show de São Francisco. Os carros também serão apresentados no Auto Show de Los Angeles, em janeiro de 2006, e no Salão Nacional de Orlando, em fevereiro.
"Para o futuro, já estamos negociando a distribuição de nossos veículos na Ásia e Europa. A idéia é alcançarmos uma produção de 70 mil carros/ano", revela Ricardo. A linha de montagem, que vai se instalada em um galpão de
100 mil m² em Xerém, começará a funcionar em 2006. "Nossos contratos de exportação são para a produção inicial de 17 mil carros no primeiro ano, 34 mil no segundo e, já em 2008, 50 mil", conclui Ricardo.
