O mercado de trabalho está exigindo, cada vez mais, profissionais especializados nas suas áreas e até mesmo fora da atuação diária a qual o profissional estará inserido.
Algumas exigências são velhas conhecidas: trabalho em equipe, competência interpessoal, falar outro idioma, visão de custos e resultados, estilo participativo.
Outras são inovadoras tais como, trabalhar em ou com grupos virtuais, autonomia decisória, trabalhar sem supervisão, desempenhar-se em estruturas matriciais e etc.
O profissional vive sob pressão por resultados, muitas decisões quando existem são ambíguas metas intangíveis, o cotidiano é virtual, efêmero e estressante.
Temos assim um quadro fiel da luta pela sobrevivência de muitos nas organizações de hoje.
Porém não é fácil passar 8, 10, 12 horas num mesmo ambiente e não ser vulnerável a tudo o que ali acontece. Muito do peso de nossas observações acerca dos valores dos colegas de trabalho e das empresas fazem a gente se perder, se limita, se esquece.
Destas observações, surgiu um comentário feito por um recém contratado engenheiro pós-graduado.
“Senhor, se eu soubesse que era assim, da próxima vez prestava vestibular para ser secretário”.
De nenhuma forma desmerecendo o valor das secretárias, pois conheço muitas competentes nas suas tarefas, cito abaixo a origem da decepção do aspirante a executivo.
A secretária munida de um bloquinho de notas puxa uma cadeira e sentada ao lado do engenheiro responsável pelo acompanhamento da Gestão para a Qualidade do Projeto, dispara.
& 8722; Oi fulano, você pode me mostrar os resultados dos “Quality Gates”?
& 8722; Bom dia dona Rosita, mas por que o seu interesse no assunto? Até fico lisonjeado com a sua presença, mas isso é de esquentar a cabeça! – Comenta o engenheiro.
& 8722; Ora, ora seu Fernando e você não sabe que eu faço parte do Team da Gerencia? Tenho muitas informações confidenciais, sou responsável pelo Budget, pelos Softwares do setor, pelos cursos de MBA de toda a área e faço o Management da presença de vocês, é mole ou quer mais? .
& 8722; E pelo jeito já vi que não é do seu conhecimento, que o nosso gerente o Sr. Martins vai participar na próxima semana de uma videoconferência com a diretoria e vai explicar para eles um montão de coisas dessas daí. & 8722; Continuou dona Rosita, com um ar triunfante.
& 8722; Bom depois de toda esta “patente”, quem sou para não lhe atender? Vamos lá. O que a senhora gostaria de saber afinal?
& 8722; Explique-me por que o Projeto número X0001YKZ/2003 ainda não passou pelo portão “number five”?
& 8722; Puxa agora a senhora me pegou “number five” heim!
& 8722; Não é sem propósito que me diplomei em inglês e agora faço também espanhol, não é mesmo, você pensou que eu me confundiria com a “door”?
& 8722; Como assim dona Rosita?
& 8722; É simples, door é na sua casa, mas devido à importância da empresa a gente aqui fala Gates, o projeto passa pela “gate number five” e vai embora.
& 8722; É surpreendente seu conhecimento dona, por favor, continue.
& 8722; Sabe lá no prédio da diretoria, no décimo quinto andar onde só entra diretor e gerente, então tem um corredor enorme com dez salas e obviamente dez “gates” e assim que o projeto ganha uma nota o gerente vai passando ele para o departamento seguinte que é o da porta six, por exemplo. Por isso eu preciso que o senhor me explique que nota ruim o seu projeto X0001YKZ/2003 tirou que ainda não foi levado para o gate five?
& 8722; Bem dona Rosita, chego à conclusão que talvez, eu não sou a pessoa mais indicada para lhe justificar à delicada situação deste projeto.
& 8722; Ora seu Fernando não subestime meu know-how. & 8722; Puxa eu to gastando muito inglês hoje não é seu Fernando? & 8722; Terminou dona Rosita.