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Certo dia num arroubo de felicidade o ilustre sociólogo Fernando Henrique Cardoso, ocupando na época o cargo de presidente da república, declarou em alto e bom som: “O sonho dos pobres é ter acesso à Internet e falar inglês”.
A mídia expandiu o comentário e centenas de cidadãos conscientes construíram discursos contra a fala do presidente. O conceito de acessar tecnologia e abandonar a língua de nossos ancestrais lusitanos em troca da língua comercialmente mais utilizada no mundo surgiu como ofensa para os homens de bom senso.
Passados quatro anos do fim do período FHC surge o novo candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, com proposta semelhante. Fala em computadores populares para atender a população de baixa renda, promovendo a inclusão social no rol tecnológico.
É mais um delírio de pequenos burgueses entrincheirados sob a bandeira da social democracia, o regime que só funciona em países ricos como a Alemanha, mas como todo sistema social tem dias contados.
A inclusão social tem sido distorcida por muitos dos governantes. FHC e Alckmin são apenas dois nomes perdidos no universo dos homens públicos que se alienam quando tem que tomar decisões importantes.
Inclusão social pressupõe que os dirigentes de qualquer Estado ou município, busquem oferecer condições melhores de saúde e educação para as populações, o binômio mágico capaz de transformar qualquer povo.
Porém tanto na saúde como na educação, setores vitais para as populações, ocorrem constantemente desvios de verbas públicas, gerando indústrias de paliativos, normalmente atreladas a empresários e políticos corruptos.
Na ausência de política adequada de educação cresce a indústria da prevenção equivocada e repressão ao crime, geralmente voltada para oprimir classes menos favorecidas. Na saúde não é diferente.
A falta de saneamento básico e da medicina preventiva obriga os estados e municípios a financiarem campanhas emergenciais de saúde, com resultados muito pouco convincentes.
A inclusão social deveria começar por estes setores. A inclusão tecnológica não necessariamente melhora a condição do indivíduo e das comunidades.
É o grande equívoco gerado por indivíduos não comprometidos com a realidade sócio-econômica brasileira, que no afã de elevar o status dos cidadãos mais carentes, que justamente por isso praticamente nem são cidadãos, oferecem véus e palavras enganosas para a sociedade. Nem vou falar na manutenção da tecnologia, que normalmente é descartada. As máquinas maquiam obras de muitos governos.
Está na hora dos políticos e governantes reverem seus discursos. A falta de recursos básicos e políticas coerentes geram indivíduos como o líder do Primeiro Comando da Capital(SP), conhecido como Marcola, que prega uma inclusão social aparentemente mais fácil e eficiente para segmentos da população que não sabem falar inglês, não tem saúde e educação de qualidade, mas sabem como subverter a segurança pública e utilizar tecnologia de ponta para estabelecer um estado paralelo.
Tomara que outros candidatos analisem melhor o tema. Inclusão social não é aparecer no Orkut e falar cheese bacon.