Pesquisa mostra que corrupção afasta muitos investimentos
Por Nicola Pamplona
Rio, 22 (AE) - Uma em cada cinco companhias deixou de investir em mercados emergentes após avaliar o risco de fraude nos países em que pretendiam aportar. A conclusão é de pesquisa com mais de 500 executivos feita pela consultoria Ernst & Young sobre os riscos de fraude experimentados pelas maiores companhias globais. Segundo o levantamento, 48% dos entrevistados acreditam que corrupção e pagamento de propinas constituem as maiores ameaças que as empresas podem enfrentar nos países emergentes, como Brasil, Rússia, China e Índia, entre outros.
A pesquisa foi realizada com executivos de 19 países - 8 deles considerados emergentes na América do Sul, Ásia, Oriente Médio e Leste Europeu - e apontou percepções diferentes entre os entrevistados baseados em países desenvolvidos e emergentes. Enquanto nos emergentes a corrupção e as propinas são mais ameaçadoras, nas nações desenvolvidas 31% dos executivos apontaram as fraudes internas como maior risco, seguidas da corrupção e de fraudes financeiras, empatadas com 20% dos votos.
Dentre os entrevistados, 20% afirmaram já ter vivenciado em suas companhias algum tipo de fraude significativa nos últimos dois anos. Destes, 75% disseram que a fraude foi cometida em mercados desenvolvidos. Para os autores do estudo, porém, o resultado não significa que mercados emergentes são mais seguros, mas que as empresas podem estar subestimando a ocorrência de fraudes nessa região, devido a mecanismos de controle menos eficazes.
Os pesquisadores apontam como uma "omissão com potencial para sérias conseqüências" o fato de apenas 25% dos entrevistados terem afirmado considerar o risco de fraudes na hora de decidir pela entrada ou não em determinado país. "O risco de fraudes deve ser incluído como um elemento essencial na avaliação geral de riscos para potenciais investimentos, particularmente no exterior", diz o documento. Aqueles que desistiram de investir por elevado risco de fraudes, completa o texto, pertencem a empresas com políticas antifraudes globais.
Questionados em quais regiões acreditam ser mais necessário avaliar esse tipo de risco, os entrevistados elegeram o Leste Europeu como o mercado mais arriscado. América Latina e Ásia aparecem empatados na segunda posição, seguidos pela África. Austrália e Nova Zelândia foram consideradas os países mais seguros pelos investidores consultados pela Ernst & Young.