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Artigos-->A psicologia da nova esquerda -- 21/08/2006 - 12:21 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A psicologia da nova esquerda



por A. H. Fuerstenthal em 17 de agosto de 2006



Resumo: A condição de miséria como causa de toda criminalidade é pura invenção. Se todos os pobres desse mundo se dedicassem a atividades criminosas, todo espaço e todos os bens da terra já estariam nas mãos deles.



© 2006 MidiaSemMascara.org





Psicologia e política nunca se deram bem. Basta lembrar Karl Marx, péssimo psicólogo, apesar de toda sua inteligência. Achava que o operário, uma vez libertado do jugo da exploração capitalista, ia ser uma força produtora dedicadíssima.





A História mostrou o contrário. Os regimes soviéticos tiveram que gastar mais energia na introdução de cotas de produtividade do que na supressão de iniciativas capitalistas. Em parte, o fim da União Soviética foi provocado pela inferioridade dos seus produtos.





Foi a má psicologia marxista que inspirou a concepção utópica de um paraíso de colaboração proletária espontânea, quando na verdade surgiu uma ditadura em nome do proletariado, mas, de fato, imposta sobre o mesmo.





A esquerda atual não é “científica” no sentido marxista e sim sentimental. É representada pelas pessoas que se declaram revoltadas com a miséria humana existente e que transformam essa revolta num princípio ideológico.





Faz parte dessa ideologia o anti-capitalismo, isto é, a condenação da livre iniciativa econômica, por ela se preocupar com o lucro e não com o bem-estar social. De fato, o espetáculo de um setor humano se fortalecer, tirando vantagem de outro setor, é profundamente antipático.





O problema é que este espetáculo tem-se provado psicologicamente inevitável. O animal sobrevive pelo instinto, às vezes mortífero; a humanidade sobrevive pela ambição, mais destrutiva ocasionalmente do que qualquer agressão animal.





O sentimento é o ingrediente que dá conteúdo e encanto à vida humana. Mas, na oportunidade errada, ele se torna um adversário da razão. A organização social é uma tarefa que exige cabeças frias.





Até Marx afirma que piedade não basta para resolver problemas sociais. Reforma agrária, por exemplo, é indispensável, mas não consiste em distribuir terras. Exige a criação de uma inteira estrutura complexa e uma educação de todos os beneficiados no sentido daquela estrutura. Quem se encarregaria dessa educação dentro de diretrizes democráticas?





Sonhos sentimentais postos em prática tendem a acabar em catástrofes. Mas a despreocupação com possíveis conseqüências catastróficas parece ser uma das características mais constantes da Esquerda sentimental.





Vê-se o tratamento progressista daquele flagelo perene da sociedade, que é a criminalidade. De acordo com a ideologia esquerdista atual, o criminoso nasce como anjo mas, sendo privado, por uma sociedade injusta, de meios legais de sobrevivência, não tem outra saída a não ser aquela do crime. Visto assim, o delinqüente é simplesmente uma vítima da sociedade. Esta última tem que acolhê-lo com simpatia e compreensão.





O membro daquela sociedade que foi roubado, seqüestrado, torturado, queimado vivo, etc., paga pela culpa da sua classe. A ele, direitos humanos obviamente não se estendem. Pela lógica, isto faz sentido porque “Direitos Humanos” é demagoguês para “reivindicações dos marginalizados”. Quem trabalha, cria família e consegue sobreviver honestamente já teve a sua parte do Leão. Sob a proteção de tais argumentos, o crime se propaga livremente.





A condição de miséria como causa de toda criminalidade é pura invenção. Se todos os pobres desse mundo se dedicassem a atividades criminosas, todo espaço e todos os bens da terra já estariam nas mãos deles. Psicologicamente falando, a causa da criminalidade não é a miséria e sim, uma ambição hiperdimensionada em relação à capacidade produtiva. O crime nasce do desejo irresistível por objetos ou condições inacessíveis através de meios legais. Esta definição tem a vantagem de explicar também os afamados crimes do colarinho branco.





Os políticos da Esquerda falam da exploração do homem pelo homem, acusam o sistema capitalista, a injustiça social e a má distribuição de renda. Jamais tomam conhecimento de fatores tais como indolência, ambição desenfreada, desníveis de capacidade, temperamentos geneticamente predestinados ao fracasso existencial. Um mínimo de realismo psicológico bastaria para tirar muito vento das velas ideológicas e muita energia das subseqüentes manobras políticas.





Proclamam-se os direitos à existência, à saúde, à educação, ao emprego, à qualidade de vida, ao progresso, mas ninguém é suposto de ter o dever de controlar seus impulsos, de estudar, de trabalhar, de respeitar os direitos do próximo, de obedecer à lei, de fazer algo que ultrapasse o mero critério da satisfação pessoal. Espera-se apenas que a ausência de pressão e a abundância de satisfações criem automaticamente grandes seres sociais. Uma expectativa tão correta politicamente quanto absurda do ponto de vista psicológico.





Pressões e punições podem causar melancolia e a própria civilização tem momentos de mal-estar, como já demonstrou o mestre Freud. Contudo, não se encontraram ainda casos de paz nem de produtividade sem disciplina e sem meritocracia. Desde os tempos da antiga democracia ateniense, os sábios se preocupavam com a definição e o desenvolvimento daquilo que se chama até hoje de “virtude”. A generosidade ilimitada com referência aos direitos, concomitante com a discrição exagerada com referência aos deveres, pode constituir uma mensagem política cativante. Mas, na verdade, tal liberalismo é apenas uma acepção eufêmica de um estado sócio-patológico, caracterizado pelos historiadores como decadente.





Convém lembrar, nesta altura, que nem toda a Humanidade adere à esquerda. Existem “elitistas” de toda espécie, pessoas que cantam as glórias da supremacia intelectual, estética ou comportamental, que são nostálgicas por regimes ditatoriais, aristocráticos e até monárquicos. O esquerdismo, sendo a escolha de muitos mas não de todos, deve ter uma motivação específica.





Esta pode residir num “complexo de inferioridade”, assim como concebido por Alfred Adler, um dos membros dissidentes mais preeminentes da escola freudiana. Conforme Adler, o indivíduo portador de uma inferioridade orgânica, mental ou social procura livrar-se do gosto amargo desta falha através de um processo inconsciente de inversão de valores. A inferioridade é projetada como superioridade, a falha como ideal. Surge, então, a glorificação do demérito como estratégia política, baseada em psicopatologia pessoal.





Ortega y Gasset argumentaria que o membro típico da multidão, sendo medíocre, insignificante, anônimo, isento de destaque, tem ainda uma saída para atribuir valor a si mesmo: glorificando o ser humano como tal.





Assim, está assegurada à nova Esquerda, uma continuidade histórica de dimensão imprevisível. Trata-se de uma tendência genuinamente humana que, apesar de objeções econômicas e lógicas, terá certamente energia suficiente para causar impactos relevantes sobre o desenvolvimento de futuras sociedades. Quanto aos ingredientes psico-patológicos - paciência! Mesmo os psicólogos mais inveterados têm que admitir a prioridade de uma alimentação para multidões famintas sobre sessões psicoterápicas para multidões revoltadas.







Publicado em 08/11/96 e continua atual.
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