O que significa, então, a tão propalada desproporção da reação israelense? O que faz com que as pessoas acreditem que exista esta desproporção? E que o governo do Líbano e a ONU não soubessem de nada do que se passava em seu território e hoje posem de vítimas coitadas de uma ação desmedida? Por que, enfim, Israel como primeira vítima da agressão à civilização?
Porque Israel é a pátria dos judeus, Eretz Israel, terra de um povo milenarmente execrado e perseguido, razão pela qual os inimigos da liberdade sabem muito bem que pouco farão os países ocidentais, as futuras vítimas burras e inconseqüentes. Nada ilustra melhor o anti-judaismo da “comunidade internacional” que esta obsessão com a “proporcionalidade da resposta israelense” ao sistemático ataque com mais de 2.500 mísseis contra suas cidades, ao norte, e o rapto de seus soldados e aos ataques do Hamas pelo sul. O Vaticano, a União Européia e a Rússia se calaram até que Israel respondeu. Aí, se desencadearam as fúrias contra a “desproporcionalidade da resposta” e começaram as exigências de cessar-fogo. Antes, enquanto morriam judeus, ninguém cogitou obrigar a ONU, o Líbano e o Hezbollah a aceitarem o acordo que firmaram. E lá virão as exigências de concessões por parte de Israel, garantindo fronteiras seguras para um país, o Líbano, que abrigou propositalmente o Hezbollah e permitiu seu suprimento de armas, e impedir ataques aos núcleos do terror, Síria e Irã. É só ouvir Hussein Massawi, líder terrorista, após o massacre das forças americanas e francesas 20 anos atrás: “O Hezbollah não combate para obter nada. Não estamos lutando para que vocês nos ofereçam coisa alguma. Estamos lutando para eliminar vocês!”.
Joe McCain, irmão do herói da guerra do Vietnã Senador John McCain (Arizona), autor da primeira epígrafe[*], converteu-se ao judaísmo após visitar o campo de concentração de Dachau. “Eu fiquei no centro de Dachau um dia inteiro há 15 anos, tentando compreender como aquilo podia ter acontecido. Eu tinha ido lá vagamente curioso sobre Dachau mas logo me senti envolvido pela enormidade do que havia ocorrido lá, num campo cercado de uma vizinhança de trabalhadores de classe média”. Esta experiência de McCain não me é estranha pois em 98 eu e minha mulher ao visitarmos o mesmo campo sentimos o mesmo, um misto de perplexidade, curiosidade, espanto, medo e outras emoções fortes. Saímos diferentes de quando entramos, certamente. Esta visita está descrita no meu artigo Recordações da Casa dos Mortos. Prossegue McCain: “Não se percebe a ironia – ao mesmo tempo em que vamos punir aqueles que trouxeram os horrores de 11 de setembro, tentamos impedir Israel de fazer o mesmo. Ora, não é a mesma coisa, evidentemente: Nós somos Nós e Eles são Eles. Enquanto choramos e fervemos de raiva por aquele dia sequer nos ocorre que Israel tem um 11 de setembro quase diariamente!”.
Freqüentemente me ponho a refletir porque as mesmas pessoas que se horrorizam com o Holocausto não percebem – como McCain, eu e poucos mais – que o mesmo está se repetindo dia-a-dia em Israel e poderia vir a ser o aniquilamento total do povo judeu. Antes pelos nazistas, agora pela vontade expressa do Presidente delirante do Irã. Mas hoje o povo judeu não está mais indefeso, conta com a força magnífica e com o heroísmo da TZAHAL (Forças de Defesa de Israel). Desconfio que muitos dos que se horrorizam com o Holocausto o fazem sem nenhuma sinceridade, apenas para estar na moda ou ainda outros, comunistas, para tentarem dissimular o Holocausto praticado por seus heróis Lenin, Stalin, Mao, Pol Pot, Castro et caterva. Estes últimos esperam que, ressaltando os crimes nazistas, os crimes comunistas caiam no esquecimento.
Mas é de uma burrice abissal não perceber que Israel é apenas o treino; o campeonato nem começou. E a guerra não é para exterminar apenas o povo judeu mas toda a civilização e colocar no seu lugar a barbárie islâmica.
O PACIFISMO JUDEU, A AMBIVALÊNCIA NORTE-AMERICANA E A HIPOCRISIA DA EUROPA E DA ONU
Como já escrevi antes sinto um profundo desprezo por pacifistas em geral, por todos que acreditam na utopia do “fim de todas as guerras” que só virá após o extermínio completo da raça humana. Até lá, temos que nos contentar com o mundo como ele é e vivermos o melhor possível nele. Isto inclui necessariamente estar preparado permanentemente para a necessidade de guerras. É uma falácia estimulada pela ONU e pelos poderosos grupos que a sustentam, de que as guerras começaram com os estados nacionais e, sendo estes eliminados e substituídos por um governo mundial a humanidade passaria a gozar de uma paz eterna. O sonho de Kant, assumido por Woodrow Wilson foi consubstanciado na melancólica Liga das Nações que levou o mundo a um conflito muito maior do que aquele que lhe dera origem. Mas entre os pacifistas de então havia alguns honestos cidadãos. As ações da Liga não chegavam aos pés da covardia e da corrupção de sua substituta atual, a ONU.
O cessar-fogo que, conta com a oposição unicamente do governo republicano dos EUA, serviria apenas para o Hezbollah se armar mais fortemente ainda e o ciclo recomeçar. É preciso ficar claro, até para os pacifistas judeus, que o outro lado, o Islã, não quer paz coisa nenhuma! Tudo o que precisa, de tempos em tempos, é de uma Hudna, uma trégua temporária não para encetar negociações mas necessária para se fortalecer e preparar novos ataques mais fortes ainda. Isto é da natureza perversa do Islã, foi pela primeira vez usada por Maomé e vem sendo seguida à risca por seus crentes. Quantos milhões ainda terão de morrer em nome da “pacificação”? Com a chegada triunfante de Chamberlain à Inglaterra, depois das negociações com o “razoável Herr Hitler”, Churchill lhe disse: “Você tinha a opção entre a vergonha e a guerra; escolhestes a vergonha e terás a guerra!”.
O mesmo se aplica hoje em dia e os docemente iludidos que perscrutam sinais de paz em todos os cantos mais uma vez sairão perdendo. É o caso de Amós Oz quando entrevê sinais de paz nas declarações da Arábia Saudita, Egito e Jordânia. Não sei se atribuo à burrice ou à uma cega inocência não perceber que desta vez um elemento novo se apresenta: o Irã, que pretende restabelecer a hegemonia do Império de Xerxes e Dario, da Índia ao Mediterrâneo, um Império agora xiita que ameaça exatamente estes países, árabes e sunitas. Embora o xiismo represente apenas uns 10% dos muçulmanos de todo o mundo, na região são quase 50% e unindo os do Irã aos do Iraque ameaçam terrivelmente levantar revoluções xiitas contra o poder dos milhares de príncipes sauditas e hachemitas e à nomenklatura egípcia. Só por isto as declarações aparentemente “a favor” de Israel e “contra” o Hezbollah. Querem não a paz, mas que Israel paralise o ataque sírio-iraniano para, logo depois, liquidarem Israel e tirar o Irã da jogada.
Como bem o diz Thomas Sowell “Houve um tempo em que era suicídio ameaçar, muito menos atacar, uma nação com muito poder militar, pois um dos perigos para o atacante era o prospecto de ser aniquilado. A “opinião mundial”, a ONU e os “movimentos pela paz” eliminaram esse meio de intimidação. Hoje, um agressor sabe que se sua agressão fracassar, ele será ainda mais protegido do poder retaliador e da fúria dos agredidos, pois haverá os resmungadores de sempre a demandar um cessar-fogo, negociações e concessões”.
É assim que se dá a guerra assimétrica. Embora não hajam dúvidas de que uma administração Republicana é menos covarde do que uma Democrata e até agora os EUA tenham sustentado a posição israelense contra o cessar-fogo, é bem possível que as ocorrências acidentais em Qana obriguem Bush e Condoleezza Rice a um recuo tático para apaziguar a oposição interna e a “comunidade internacional”. As ameaças que não são cumpridas só fortalecem o inimigo. Quando Bush diz que enfrentará diretamente o Irã e diz a bravata de que “todas as cartas estão na mesa”, mas não as usa, isto só aumenta a ameaça iraniana.
Há poucos dias o Ayatollah Ali Khamenei declarou: “Porque vocês não admitem que são fracos e que sua navalha está rombuda?” Um barco da Guarda Revolucionária desfraldou, há poucos dias, uma faixa voltada para cruzadores americanos com os dizeres: “Os EUA não podem fazer nada!”. Isto é o resultado das ameaças vãs que não são acompanhadas de ações efetivas, isto é, ataques maciços, inclusive nucleares, ao Irã. Imitando nosso preclaro Presidente que adora uma analogia futebolística, direi que na guerra como no futebol não adianta ser o mais forte pois quem não faz, leva!
Até quando Israel terá de agüentar sozinha a pressão dos bárbaros permanentemente às suas portas?