Como o Brasil tem 180 milhões de técnicos de futebol, acho que tenho todo o direito de também dar o meu pitaco a respeito da última Copa do Mundo.
A seleção brasileira de futebol foi à Copa como a grande favorita para levantar mais um caneco, pois estava cheia de craques que jogam no milionário futebol europeu, como Ronaldinho Gaúcho, o “melhor do mundo”, Ronaldo, Kaká, Dida, Roberto Carlos, Robinho, Adriano, Zé Roberto. Porém, uma vez mais foi provado que um grupo de estrelas não faz necessariamente um time vencedor, no máximo, uma constelação no firmamento. Prova cabal disso são os “galácticos” do Real Madri, Ronaldo, Zidane, Beckham e companhia, que nos últimos anos perderam títulos seguidamente para o endiabrado Ronaldinho Gaúcho, do Barcelona.
Muitos “técnicos” brasileiros, entre jornalistas, artistas, comentaristas, futebolistas e palpiteiros em geral, afirmam que o único culpado foi Carlos Alberto Parreira. Outros, que o culpado foi Galvão Bueno, até foi vista na Alemanha uma faixa com os dizeres “Cala a boca, Galvão!”. Outros, que a culpa foi a escolha de um time de ricos mercenários, sem mais nenhum vínculo afetivo com nossa Pátria amada, salve, salve! - as “chuteiras sem Pátria”, como definiu Arnaldo Jabor.
Mas, qual foi o real motivo de nossa seleção ter cometido tamanho fiasco, que chegou à Alemanha invejada e idolatrada por todo mundo com seu “quadrado mágico”, mas que, por uma razão desconhecida dos irados deuses do futebol, acabou sendo tragada pelo “Triângulo das Bermudas”? Salto alto do “já ganhou”?
Parreira não foi o único culpado pelo desastre de nossa seleção. Todos os jogadores, à exceção de Dida, Lúcio, Juan, Cicinho e Robinho, tiveram grande parcela de culpa, por falta de brio, de vergonha na cara. Uma seleção perder uma partida de futebol para outra faz parte do jogo, alguém tem que ganhar, não existe empate, e nem sempre vence o melhor. Porém, perder do modo como o Brasil perdeu para a França foi a mais completa sem-vergonhice que jamais se viu na seleção canarinho, em todos os tempos. Até hoje, a seleção brasileira de 1982, comandada pelo saudoso Telê Santana, é cantada em verso e prosa, apesar de ter sido vencida pelos italianos num dia em que o jogador Paulo Rossi estava possuído pelo diabo (e Toninho Cerezo dando bobeira na defesa). A seleção de 2006, ao contrário da de 1982, somente poderá ser cantada por versos de palavrões.
“Fofômeno”
Nesta última Copa, desde os primeiros jogos, a seleção brasileira vinha se comportando como um bando, não como um time de futebol. Ronaldo “Fofômeno” – como dizia o comediante Bussunda -, com um pescoço de Mike Tysson, mal conseguia caminhar em campo. Antes do início da Copa, até Lula deu seu palpite, perguntando a Parreira se Ronaldo não estava “gordo”. “Fofômeno” não gostou da insinuação de sua rotunda estampa e respondeu que isso era tão verdade quanto Lula gostava de beber. (A resposta malcriada não diminuiu o peso de um e, suponho, também não diminuiu o número de copos de cachaça do outro.) Porém, Parreira nos dizia que com o andar dos jogos, o “forte” Ronaldo ganharia ritmo, assim como todo o time. Todos os outros 180 milhões de “técnicos” brasileiros acreditavam nisso, pois ninguém supunha que o time poderia jogar pior na próxima partida. Aos trancos e barrancos, enfrentando seleções fracas, como Croácia, Austrália, Japão e Gana, o Brasil conseguiu chegar às quartas de finais. Quando chegou a hora da verdade, bye bye Brazil, o milionário elenco foi tragado pelo “Triângulo das Bermudas”. Muitos brasileiros morreram de ataque de nervos e do coração, a exemplo de Bussunda.
Tudo o que ocorreu nos jogos do Brasil na Copa prova que nossa seleção não tinha um comando confiável, desde os cartolas da CBF até o técnico Parreira. No período que antecedeu a Copa, faltaram jogos-treinos com equipes fortes, para uma análise apurada de nossos defeitos e virtudes. Jogar na pista de gelo em Moscou, p. ex., não passou de uma viagem caça-níqueis que apenas engordou a caixinha de uma CBF corrupta (comprovada numa CPI, que, como todas as outras CPIs deste País, não deu em nada). Durante os treinos da seleção, na Suíça, o que se via não era treino, mas uma alegre pelada, ocupando meio campo, para ninguém se cansar, nem se machucar, em que todos jogavam fora de posição, com Dida como centroavante. Como denunciado pelos próprios jogadores, não havia treino da defesa para fazer impedimento dos adversários em cobrança de faltas (fatal contra a França), cones de plástico eram os “adversários” preferidos de Parreira. Devido à falta de comando e empenho de Parreira, a seleção brasileira não foi mais do que a reunião de um bando de famosos, que ficariam muito bem numa foto na ilha da revista Caras, não numa disputa de Copa do Mundo.
Muitos dos intocáveis de Parreira já deveriam ter sido sacados do time depois dos dois primeiros jogos e nunca mais retornado aos campos, como Roberto Carlos e Cafu. Pensando melhor, nem deveriam ter sido convocados. Cicinho e Gilberto, quando os substituíram, deram à seleção uma idéia de conjunto que antes não se via. Por que não passaram a ser titulares nos outros jogos? Qual o motivo de manter os “medalhões” na vitrine? Motivos econômicos, de merchandizing?
Monsieur Zizou passeou em campo mais uma vez
Parece que Parreira e os jogadores não viram a final do Brasil com a França, em 1988. Naquela Copa, Zidane fez o que quis com a bola, além de marcar dois gols de cabeça. Na ocasião, o Brasil perdeu de 3x0, poderia ter perdido de 5. Nesta Copa, o show de Zidane continuou em cima dos brasileiros. Deu chapéu em Ronaldo, deu passes de letra aos companheiros, deu dribles típicos de futebol-de-salão, em que se coloca, alternadamente, os pés em cima da bola, e se puxa, em ínfimo espaço. Em vez de escalar um jogar para fazer uma marcação cerrada em cima de Zidane, Parreira está esperando até hoje que Ronaldinho Gaúcho desencante e deixe Ronaldo na cara do gol.
Durante o jogo contra a França, foram constatados erros fundamentais. Quando Dida tinha a bola nas mãos ou nos pés, todos os jogadores ficavam de costas para o “guarda-redes”, não deixando outra opção senão o chutão para a frente, que, invariavelmente, ia cair nos pés dos adversários. Quando algum jogador brasileiro dava um passe a um companheiro, não se deslocava para receber na frente, não deixando outra opção senão atrasar a bola para a defesa, ou para o goleiro. Nenhum brasileiro corria em campo, era apenas uma mulambada torcendo para que o juiz apitasse o final do jogo.
Em 1988, Roberto Carlos foi o principal culpado do primeiro gol francês, ao fazer uma presepada no canto da defesa brasileira, quando quis dar uma bicicleta, mas apenas concedeu escanteio para o primeiro gol de Zidane. Em 2006, depois de Cafu cometer uma falta na direita, Zidane alçou a bola na área brasileira e aí foi comprovada a completa apatia do time brasileiro: Roberto Carlos ficou agachado, não sei se mexendo nas meias ou alisando suas belas coxas; a defesa não saiu em grupo para provocar impedimento; e Dida ficou grudado no chão e não abafou a bola que chegou na pequena área para o gol de Henry. Pela eliminação da seleção brasileira, sugiro que os jogadores tenham um castigo islâmico: 100 chibatadas na bunda. Uma chibatada em Dida, por não ter saído no gol francês. É inadmissível que a falta cobrada por Zidane, quando a bola atingiu as nuvens se nuvens houvesse no campo, Dida não tenha saído do gol. Bola na pequena área é do goleiro, sempre. Infelizmente, o “São Dida” do jogo anterior não passou do goleiro bizonhão que se viu contra a França.
Desde 1958, com o refrão “a taça do mundo é nossa, com brasileiro, não há quem possa”, o Brasil tem a obrigação de ganhar sempre a Copa do Mundo. Segundo lugar não vale, medalha de prata é uma vergonha nacional. É verdade que craques brasileiros recriaram o futebol, tornando a principal paixão brasileira (depois do sexo e do carnaval) uma verdadeira obra de arte: Didi criou a folha seca; Leônidas da Silva, o “Diamante Negro”, criou a bicicleta; Rivelino, o drible “elástico”; Pelé, o gol de placa. Depois de o Brasil se tornar bi-campeão, em 1962, nenhum brasileiro admite mais perder uma Copa. Mas, nem sempre o melhor time vence uma Copa, a exemplo do Brasil em 1950, da Hungria em 1954 e da Holanda em 1974. E aí está a verdadeira beleza do futebol – o imponderável.
Na última Copa, algumas torcidas cantavam os hinos nacionais de seus países, outras cantavam a “Ode à Alegria”, da Nona Sinfonia de Beethoven. E a alegre torcida brasileira, na partida contra a França, vendo Zidane passear em campo como passeou em 1998, cantava o quê? “Zizou, Zizou, Zizou, vá tomar no...” Essa a diferença fundamental entre o Primeiro Mundo e o Quinto dos Infernos, entre primatas que somos e pessoas civilizadas, que são os europeus.
Ovos fritos, cozidos ou mexidos?
Muito se tem comentado sobre a cabeçada que o craque francês Zidane deu no italiano boca-suja Materazzi, na partida final em que a Itália se tornou tetracampeã. Só vi condenações ao jogador, desde o sereno Tostão em sua coluna jornalística, à crônica da cassetaplanetona Ana Paula no Correio Braziliense. Eu discordo de todos eles. Materazzi, um gorila de 1,93 m de altura, tem o apelido de “Matrix” e é considerado “assassino” por muitos, por ser extremamente violento. No episódio em que Zidane foi expulso, depois da cabeçada de chibarro que quase colocou o italiano a nock-out, Materazzi até se deu muito bem. Mereceria ter recebido a cabeçada no nariz, assim o italiano também sairia de campo, talvez para o hospital. Seria o merecido prêmio por chamar a mãe e a irmã de Zidade de “putana”, como este confirmou posteriormente aos jornais. Aliás, os mudinhos do Fantástico, da TV Globo, chamados para fazer a leitura labial de Parreira durante os jogos, já haviam “traduzido” a má-criação do italiano.
Apesar da violência em campo, Zidane foi escolhido, merecidamente, o melhor jogador da Copa, uma escolha que a cúpula da FIFA ameaça cassar. Cento e oitenta milhões de “salomés” brasileiras pediram a cabeça de Parreira numa bandeja. A mãe de Zidane pediu os “ovos” de Materazzi numa bandeja. Será que ela prefere ovos fritos, cozidos ou mexidos?
Felipão foi consultado para ser o próximo técnico da seleção brasileira de futebol. Disse não, obrigado. Talvez Vanderley Luxemburgo assuma o posto. A vantagem é que a TV Globo não precisará mais chamar os mudinhos para fazer a leitura labial do novo treinador. Os palavrões que Luxemburgo costuma proferir podem ser ouvidos a quilômetros do local do jogo.
Tornou-se corrente comparar a desastrada seleção de futebol da última Copa ao corrupto desgoverno petista do Sr. Lula da Silva. Nada mais exato. A seleção de Parreira prometia uma participação de gala na Copa, a certeza da conquista do hexacampeonato. Lula prometeu melhorar a vida do brasileiro. Parreira enganou 180 milhões de brasileiros, que esperavam pelo menos uma performance mais digna de nossa seleção. Lula conseguiu enganar mais de 50 milhões de eleitores, melhorou apenas a sua vida, cujos bens duplicaram nos últimos 4 anos, além de permitir que a firma de seu filho Lulinha recebesse uma injeção de R$ 15 milhões da Telemar. Apesar da comprovação de que comanda um governo de “40 ladrões”, como denunciou a Procuradoria-Geral da República, o Brasil está prestes a ver Lula reeleito, talvez até no primeiro turno. O Brasil não merece perpetuar-se numa República dos Bandidos.
Enquanto 2010 não chega, não custa nas próximas semanas torcermos pelo hexa. Da seleção brasileira de vôlei...