As posições respectivas de Lula e de Alckmin começam a mudar o cenário eleitoral, apontando para um provável segundo turno. A diferença entre os dois candidatos, segundo diferentes Institutos de opinião, vem caindo, seja, conforme cada um deles, pela queda de Lula ou pela ascensão de Alckmin. Tudo indica que começa a se configurar aqui uma tendência, que faz vacilar a certeza dos que previam uma vitória de Lula já no primeiro turno. E quando há uma quebra de expectativas, o ambiente eleitoral se torna imprevisível.
A última pesquisa, a do Vox Populi, mostra uma diferença entre Lula e Alckmin de 10 pontos, diferença essa que pode ser superada pela candidatura oposicionista quando começar o período da propaganda eleitoral gratuita, que, com a rádio e a televisão, alcança eleitores que ainda não conhecem a figura de Alckmin e, muito menos, suas propostas. Com a crítica televisiva e radiofônica do PFL, durante o mês de junho, que procurou colar a imagem de Lula à da corrupção, e com a exposição midiática de Alckmin pela propaganda tucana, os efeitos se fizeram sentir, fazendo com que o candidato tucano subisse, segundo os diferentes institutos, entre 6 e 7 pontos. Efeito semelhante poderá se repetir a partir de 15 de agosto, sobretudo contando com que o tempo da propaganda do candidato PSDB/PFL será em torno de 10 minutos e o do candidato PT/PCdoB em torno de 7 minutos, fazendo uma diferença entre eles de 3 minutos.
Assinale-se, ainda, que a pesquisa do Vox Populi foi contratada pela revista Carta Capital, vinculada ao PT e que conta com uma generosa verba governamental em termos de publicidade. Isto significa que os seus dados são ainda mais confiáveis no que diz respeito à diferença assinalada e à queda do próprio Lula. Segundo essa pesquisa, Lula perde 3 pontos, caindo de 45 para 42 pontos, Alckmin permanecendo com 32. Intriga nessa pesquisa o fato de Alckmin contar com um elevado índice de rejeição, sendo, ao mesmo tempo, pouco conhecido para uma grande parte dos eleitores. Digamos que deve haver aqui um problema de “metodologia”, pois todos os outros institutos conferem ao candidato tucano um índice de rejeição muito menor.
No segundo Turno, Lula teria 45% contra Alckmin 40% das intenções de voto, fazendo com que sua diferença seja de apenas 5 pontos, enquanto a diferença anterior era de 8 pontos. Logo, também nas intenções de voto para o segundo turno, há uma tendência de diminuição da diferença entre ambos candidatos. Note-se, ainda, que a rejeição de Lula pula de 16% para 26%, mostrando, entre outras coisas, que a propaganda eleitoral, ao bater no candidato petista, está alcançando o seu objetivo. Esse trabalho está sendo feito com parcimônia, estando reservado ao PFL a tarefa de bater diretamente na figura de Lula, na do PT, vinculando ambos à corrupção, aos desvios de recursos públicos, enquanto a Alckmin fica reservada a parte mais propositiva e a imagem de “bom moço”, que cola ao seu próprio perfil.
Para que Alckmin consiga recuperar essa diferença, é fundamental que ele aumente os seus índices de intenção de voto nos estados do Sul e do Sudeste, contrabalançando, assim, os seus índices muito inferiores aos de Lula no Nordeste. Ora, já há indicadores que sinalizam nesta direção. Segundo o jornal gaúcho Correio do Povo, Alckmin já ultrapassa Lula, com 34,7% das intenções de voto contra 29,9% de Lula. Heloisa Helena, por sua vez, ostenta a importante cifra de 9,9%. Importa também assinalar que, na espontânea, Alckmin tem 19,0% enquanto Lula tem 23,8% e Heloísa Helena 4,5%. Chama aqui particularmente atenção o fato de que o presidente cresce apenas 6,1 pontos, enquanto Alckmin sobe 15.7 pontos, quase dobrando a sua intenção de voto, e Heloísa Helena mais do que duplica ao subir 5.4 pontos. Considerando que o estado gaúcho, em eleições passadas, foi um bastião da candidatura de Lula e um laboratório do PT, a sinalização apontada não favorece ao atual governo e ao seu partido. Um processo semelhante ocorre em Santa Catarina, com Alckmin ultrapassando Lula, e no Paraná, onde a candidatura oposicionista ganha consistentemente força. Em Brasília, Alckmin também já está em posição de vantagem. O cenário parece estar mudando.