SORTE, SUOR E DENODO

Maniche= Assinou previamente com os pés
o contrato de Scolari por mais 2 anos.Emitimos antecipadamente opinião, sugerindo que Portugal deveria sustentar quanto possível o jogo, mesmo para além do primeiro tempo, e só partir decididamente para o golo em cima da temência dos jogadores holandeses, quando estes se encontrassem sob intensa pressão. Tal táctica permitiria evitar o estendal de cartões amarelos e vermelhos que o árbitro russo descartou ao longo deste impetuoso e inquietante prélio.
PORTUGAL
Ricardo
Miguel, F.Meira, R.Carvalho - N.Valente
Costinha - Maniche
Luís Figo - Deco - Cristiano
Pauleta
HOLANDA
Van der Sar
Ooijer - Boulahrouz - Mathijsen - V.Bronckhorst Sneijder - Van Bommel
Cocu - Van Persie - Kuyt
Robben
A bola de saída pertenceu aos portugueses e o jogo foi decorrendo em jeito de parada e resposta, cujos efeitos, cuidadosamente controlados por ambos os lados, não davam para afligir as respectivas defesas.
Aos 22 minutos, Deco, dominando a bola no lado direito, colocou-se em situação de centrar oportuno para Pauleta e este, em simulação preciosa, cedeu em astucioso amortecimento para Maniche que, tirando um adversário da frente, chutou sem possibilidade alguma de defesa para Van der Sar. De resto, o guarda-redes holandês, daí por diante, negou brilhantemente o golo da tranquílidade aos portugueses.
Entretanto, sempre que a objectiva passava pelo rosto de Scolari, vislumbrava-se que o Mestre estava satisfeito com seus meninos. Os portugas estavam a corresponder às suas mais íntimas perspectivas.
Todavia, a partir do 35º. minuto, os holandeses, que não olhavam a meios para conseguir fins, optaram por um futebol demasiadamente rígido e cheio de manhas. O árbitro, incapaz de dominar suficientemente a confusão, começou a despejar cartões amarelos, enquanto os holandeses assediavam em força a área lusa.
A selecção portuguesa foi para o intervalo - que alívio - com menos um jogador. Costinha foi expulso em consequência de dois amarelos, e com Cristiano, lesionado num lance violento, substituído por Simão.
No reinício, a Holanda caíu em força sobre o meio-campo português. Em dado momento a Senhora de Caravagio atendeu in-extremis a fé de Scolari. A bola não entrou mesmo com todo mundo a presumir que a bola estava dentro da baliza lusa.
Ainda assim, dos contra-ataques portugueses que resultaram do ímpeto atacante da Holanda, Vam der Sar foi crucial em duas prodigiosas intervenções que efectuou.
Após a expulsão de Bronckhorst, por segundo cartão amarelo, o que reequilibrou as equipas,
ao minuto 77, o árbitro, com critério assaz duvidoso, expulsou surpreendemente Deco, reduzindo a equipa lusa a nove elementos.
A partir deste momento o jogo tornou-se deveras dramático e impróprio para cardíacos. Os holandeses só não marcaram porque os deuses do futebol não o permitiram.
Todavia, com os portugueses defendendo-se como podiam, Tiago, que subsituira Figo, perdeu um golo iminente ao minuto 90, precipitando-se e não tendo bem a noção da excelência da oportunidade.
Os quatro minutos que o árbitro atribuiu de compensação foram de fazer o coração sair para fora do peito, mas estóica e meritoriamente os nove portugueses em campo souberam dar conta do recado até ao apito final.
Agora, saboreada antecipadamente a sobremesa - laranja suada sem açucar - vem aí a primeira refeição a sério: bife-à-inglesa com batatas pelo ar! Há pois que afiar os dentes...
António Torre da Guia
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