É papel dos pais, principalmente enquanto os filhos são crianças, lutar para ensiná-los normas de boa educação e de organização. Todavia, por mais que os ensinemos e por mais que aprimorem os seus conhecimentos nas escolas que freqüentam, acabam por ficar com algumas falhas pessoais, principalmente no que pertine à organização. Meu filho, hoje com 31 anos, bacharel em direito, felizmente bastante educado e bem relacionado e graças a Deus, até o momento, só nos deu muitas alegrias e se aprimorou muito nas normas comportamentais. Certamente pelas atividades do dia a dia, comete, como qualquer outro ser humano, algumas falhas no que se relaciona à organização. Hoje, já de madrugada, vinha de Guarapari para Vila Velha, no encantador Estado do Espírito Santo, onde foi criado, estudou e trabalha, mas cometeu o pecado de guardar os documentos de seu veículo num porta-documentos, sem descartar os dos anos anteriores. Atendendo a determinação de um Guarda de trânsito, saiu da pista de rolamento da Rodovia, quando foram-lhe solicitados os documentos, oportunidade em que passou a procurar o certificado de propriedade do veículo do corrente ano. No entanto, à medida que ia tirando os certificados do veículo do porta-documentos só iam aparecendo os dos anos anteriores, ou seja, 2003, 2004, 2005... Num certo momento o Guarda, perdeu a paciência e lhe disse: “Você precisa ser mais organizado”. Contou-me agora de manhã esse acontecimento e acabou por achar interessante aquela situação. Eu também achei graça, no entanto, fiquei pensando, será que a autoridade tem o direito de criticar o cidadão em oportunidades que tais. Isso não seria um abuso de autoridade ? Ou quem tem a caneta na mão é um semi-Deus e está acima do bem e do mal ? Todavia, sempre orientei aos meus filhos a não discutirem com autoridades constituídas e até mesmo com qualquer pessoa, tirando por menos as agressões, o desrespeito, porque a vida é uma só. Pode ocorrer que por um simples atrito venha a resultar num incidente com uso de armas, espancamento e até na perda da vida. No meu caso pessoal, exerci por muitos anos o cargo de magistrado em duas unidades da Federação e jamais tirei do bolso a minha carteira de juiz, sempre me identifiquei como cidadão comum, mostrando a minha carteira de identidade, porque no decorrer da vida aprendi que os homens de bem devem ser humildes até na alma. De qualquer sorte o meu filho encontrou o documento de 2006, exibiu à autoridade e voltou para casa, mas isso não deixa de ser desagradável e de ficar gravado na sua mente, especialmente um chamado de atenção partindo de quem tem o dever de ser educado com os outros, já que são remunerados pelo povo para oferecer-lhe a necessária proteção. Que Deus abençoe o meu filho e o Guarda também…