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Artigos-->Enfim, alguém acordou! -- 19/06/2006 - 11:00 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Enfim, alguém acordou



Olavo de Carvalho



http://www.dcomercio.com.br/noticias_online/621612.htm



Nos anos 60, dois de meus amigos mais estudiosos, José Antônio Adura e Roberto Negrão de Lima, freqüentavam os cursos de Ciências Sociais e Filosofia na célebre escola da Rua Maria Antônia. Diziam que eu deveria fazer o mesmo, e de vez em quando me levavam até lá para eu colher umas amostras do ensino recebido. Ouvi tudo com a maior atenção e, depois de várias experiências, cheguei à conclusão de que ali só havia um professor inteligente: Oliveiros da Silva Ferreira. Logo depois do tiroteio com os alunos do Mackenzie a faculdade mudou para o Butantã e ponderei que não valia a pena atravessar a capital paulista, chacoalhando num ônibus, cheirando sovaco da população sofredora, para ouvir uma só aula interessante depois de horas e horas perdidas em injeções de babaquice marxista (e notem que eu próprio me considerava um marxista na ocasião).



Fiquei em casa, mas continuei acompanhando os artigos de Oliveiros no Estadão, sempre lúcidos e valiosos. Só uma coisa atrapalhava o colunista: aquele ar de solenidade uspiana, carga pesada e inútil que ele colhera do meio social e que se impregnara na sua pessoa, como na dos demais professores da instituição, formando uma espécie de segunda natureza. Impondo entre os alunos um temor reverencial quase eclesiástico, aquele repertório típico de gestos, entonações e trejeitos verbais que assinalava um professor da USP a vários metros de distância contrastava com a índole revolucionária das crenças ali dominantes e, para o observador de fora, tinha um efeito irresistivelmente cômico. A diferença era que em Oliveiros o manto professoral era a vestimenta de um esforço intelectual genuíno, enquanto nos outros era o substitutivo perfeito da atividade cerebral.



Com o tempo, notei que o aplomb uspiano, com sua abundância de ponderações fingidamente inconclusivas, seu uso abusivo de galicismos afetados e suas expressões de exagerada deferência a uma corporação de imbecis, acabou por se espalhar em todas as universidades do Brasil - talvez como efeito do sucesso simultâneo de Fernando Henrique Cardoso e do PT-, erigindo-se em estilo oficial do academismo caipira e tornando-se ainda mais senhorial e atemorizante por meio da adoção geral do vocabulário desconstrucionista que oblitera nos ouvintes o último resíduo de inteligência. Qualquer que fosse o caso, em Oliveiros o estilo, definitivamente, não era o homem - era apenas a sua redução cerimonial à estatura ambiente. Fui e continuo sendo seu leitor e admirador, num país onde as coisas a admirar, no domínio intelectual, já eram poucas e agora se aproximam velozmente da quantidade negativa.



Por isso fiquei muito feliz ao notar, no Estadão do último dia 10, que ele finalmente subscreveu minha tese de que o Brasil se encontra em plena revolução comunista, em avançadíssimo estado de implementação. Fiel às hesitações corporativas de praxe, capazes de desacelerar até uma inteligência inquieta como a sua, ainda em 2001, num amável debate na Casa Paroquial da PUC de São Paulo, e depois em 2002, na inauguração do Instituto de Filosofia e Estudos Interdisciplinares no Rio de Janeiro, ele relutava em me dar razão, preferindo apostar na progressiva dissolução das ambições revolucionárias petistas num mundo de economia globalizada e entusiasmo geral pela democracia.



Lembro-me de ter-lhe objetado, ao menos numa dessas ocasiões, que ele baseava seu diagnóstico integralmente em informações colhidas da mídia, sem o suporte das fontes primárias, sobretudo as Atas das Assembléias do Foro de São Paulo, que comprovavam a longa associação do PT com organizações de terroristas e narcotraficantes, bem como a existência de uma estratégia revolucionária comum entre essas organizações e os partidos oficiais de esquerda, que assim arrancavam sua máscara de legalismo e provavam ser tão criminosos quanto seus parceiros.



A grande mídia, ocultando persistentemente essas fontes, tornava inacessível, mesmo a cérebros privilegiados como o do meu interlocutor, a percepção do maior esquema revolucionário já posto em ação na história humana, destinado a entregar nas mãos dos comunistas um continente inteiro de uma só vez. A ocultação, por seu turno, era demasiado longa e sistemática para poder ser explicada pela mera preguiça ou incompetência, indicando antes uma cumplicidade ao menos passiva de boa parte da classe jornalística e de vários empresários de mídia na consecução do projeto comunista.



Os fatos que comprovavam a minha tese eram mais que abundantes, e nada se podia alegar contra ele exceto convicções gerais baseadas no hábito e na confiança. Eu reconhecia que argumentar contra o hábito e a confiança me dava ares de maluco, mas era melhor parecer maluco do que sê-lo realmente, como acontecia com todos os que continuavam a apostar, sem conhecimento dos fatos, na honorabilidade intrínseca das forças esquerdistas em ascensão.



Não sei se, nesse ínterim, Oliveiros estudou as fontes que lhe recomendei. Mas, no artigo O ensaio geral ele mostra ter compreendido que a invasão do Congresso não foi episódio isolado, mas sim etapa da consecução de um plano complexo, abrangente e bem elaborado para a conquista do poder absoluto e a instauração de uma ditadura comunista no Brasil. Uma vez que se entende isso, é impossível não perceber, retroativamente, que todas as demonstrações de lealdade democrática do PT e partidos associados foram apenas manobras diversionistas, de vez que coincidiram, no tempo, com o planejamento da investida revolucionária agora em curso.



Não costumo dar importância à aprovação ou desaprovação das minhas opiniões. A quantidade de aplausos ou vaias é apenas a expressão mais brega do argumentum auctoritatis , de validade cognitiva absolutamente nula. Mas a aprovação diferenciada, vinda de estudioso empenhado seriamente no conhecimento da realidade, é sempre alguma coisa.



Se consegui alertar Oliveiros da Silva Ferreira, isso mostra que ainda há alguns neurônios saudáveis no debilitado cérebro nacional.









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