Uso hoje este espaço que o JB bondosamente me reserva para apresentar desculpas ao Exmo. Governador de São Paulo. Por ser branco, descendente de italianos e, também, por fazer parte daquela categoria mágica à qual se imputa todas as culpas, a “elite”. Jamais poderia imaginar, mesmo que não tivesse presenciado, em plena Avenida Paulista, aquela onda de terrorismo planejado, que tivesse culpa no cartório...
Mas, segundo o dr. Lembo – que mais parece perambular no limbo, de tão atordoado e atônito com aqueles tristes episódios -, homem tido como “de direita”, educado e respeitado por seus pares, parece que mereço mesmo ser condenado.
Assumo, assim, a culpa pelo fato de meus avós terem deixado nossa amada Itália há um século e por terem, com muito trabalho, honradez, fé e respeito aos verdadeiros princípios morais cristãos, vindo para Santos, depois para Campinas e, finalmente, para o Rio, fazendo por este Brasil, agora submerso na podridão de condutas e de idéias, muito mais do que a grande maioria dos políticos aqui nascidos; avoco a responsabilidade de, por desígnio divino, ter nascido branco - pecado mortal para quem pensa como o governador -, embora fato irrelevante para quem, por formação e por dispositivo constitucional, sabe que somos todos iguais, não importando cor e raça; e penitencio-me, também, porque, com luta, esforço e denodo, sempre incentivado por meus pais e por minha família, queimei a mufa em incontáveis horas de estudo deles roubadas e me doutorei na melhor escola de Economia do país, a EPGE da FGV.
Não me lembro, dr. Lembo, de declaração tão infeliz, a par do racismo explícito, como a que o senhor fez! O presidente Lula, campeão absoluto e outrora invicto nas liças de lançar impropriedades pela boca, pelo menos, não estudou, ou melhor, não quis estudar - embora fale com desenvoltura sobre educação -, pois teve tempo de sobra, ao chegar a São Bernardo, para fazer um supletivo e um curso superior, como milhões de verdadeiros guerreiros fizeram e fazem. O presidente deve estar morrendo de inveja do senhor, Exmo. governador. Foi superado... Perdão, porque sou um ítalo-carioca e, portanto, branco e porque sou um doutor com diploma de doutor e não apenas porque uso terno! Se tivesse noção da gravidade desses “crimes”, não teria estudado e, talvez, tivesse escurecido artificialmente a tez, para parecer bondoso e politicamente correto!
Pobre de um povo que se deixa enredar pela esquerdopatia na qual o senhor mesmo, homem da malvada “direita”, em hora de desespero, se deixou contaminar, dr. Lembo. Tenho visto na TV e em jornais e revistas manifestações bárbaras de como a inoculação do veneno gramscista propagou-se por nosso organismo social. Empresários que crêem na bobagem da “responsabilidade social”, quando, exatamente por serem geradores de produção e empregos, já cumprem o papel que Deus lhes destinou na economia e na sociedade; advogados e juristas que parecem mais preocupados em apurar a “matança” ou “massacre” da polícia paulista, ao invés de com os criminosos e suas ligações políticas que se espraiam pelo mundo inteiro; “ongueiros”, tão festeiros quanto hipócritas, vomitando loas aos “direitos humanos”, sempre colocando em segundo plano os humanos direitos, sejam eles brancos ou não, diplomados ou não, bem sucedidos ou não, de paletó ou não.
Os valores morais, claramente, estão invertidos e é urgente recompô-los em seu devido lugar, sob pena de continuarmos a presenciar fatos tão deprimentes como os ocorridos em São Paulo e – não sei o que é pior! – sermos instados a engolir diagnósticos tão despropositados, de autoridades estaduais e federais. No Brasil de nossos dias, parece pecado estudar e ser “do bem”...
(*) Professor de Economia da UERJ e Presidente do Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista - Cieep. Escreve às segundas-feiras para o Jornal do Brasil.