993300>Como naturalmente tendo para o empreendimento, desde miúdo que me empolgo - mesmo de mãos vazias, pasme-se - em iniciativas de âmbito cultural: tertúlias do mais diverso cariz, clubes recreativos e desportivos, grupos de teatro, jornalecos, revistas, programas musicais e, até, reuniões confraternizantes no campo, na montanha e na praia.
Bem, se tivesse cem braços, já não me chegariam os dedos para contar quantos agradáveis e desagradáveis eventos iniciei. Aqueles que em princípio aderiam às minhas causas, logo que o êxito espreitava por uma das frinchas, também de imediato se preocupavam com a designação dos chefes: presidente, secretário, tesoureiro e vogais.
Daí a dias, ou a meses, pum: lá se ia o sonho lindo pela água abaixo. Os espertalhões, senhores das ideias e do esforço dos outros, consideravam que o burro deveria ser carregado até bater com a barriga no chão. Como o asno não estava pelos ajustes, sacudia a carga e punha-se ao fresco, as cavalgaduras eleitas começavam aos coices uns aos outros e destruiam o mobiliário todo.
Cabe aqui referir, numa outra relacional perspectiva, que cheguei a alojar gratuitamente em minha casa quem dela não tardou a tentar pôr-me fora. Em evidente conclusão, o bicharoco humano, quanto a mim, carece muito mais de açaimo, trela e coleira do que o cão.
É pois muito interessante constatar, como a besta humanóide progrediu imenso a fechar-se a si mesma para se libertar: portas, fechaduras, chaves, grades, muros altos e sistemas de vigilância. Tem muitíssima graça - ou desgraça - meditar sobre os habitantes de uma dada rua, tudo gente muito séria que, sob tão pressionante e impressionante ambiente, afirma que vive "feliz".
Hodiernamente, os leitores decerto que consabem muitíssimo bem que, por esse mundo fora, são mais as descaradas caretas mentirosas - vigaristas consumados - do que as efectivas soluções que de facto resolveriam os problemas instantes. Ora então não é de pasmar e de espumar, de um lado, que haja milhões de seres humanos a morrer à sede e à fome e, de outro lado, se nos deparem milhões que pagam forte e feio para emagrecer?
Nas três imagens que recolhi da revista "24 Horas" deste primaveril primeiro sábado - o tempo está deveras muito feio - poderão os leitores contrastar a curiosa e criminosa estupidez que avassala o mundo actual.
1. - Lula foi a Inglaterra para receber de Blair a pensão do cidadão brasileiro que, em nome do voraz combate ao terrorismo, foi por engano abatido pela polícia londrina.
2. - No Nordeste do Quénia, governados por corruptos da mais alta ganância, 20 milhões de pessoas perecem na mais extrema das misérias.
3. - O "professor" Bambo prontifica-se a solucionar qualquer dos males humanos, inclusive, a "destruir a impotência sexual". Será à faca, à tesoura ou a cair de podre?...
Eu?... Eu pasmo, meus caros. Pasmo e interrogo-me com uma só cogitação: porque diacho tão inteligentes e eficazes governantes não nomeiam o "professor" Bambo secretário-geral das Nações Unidas?...
Se calhar tal e qual eu, nas minhas simplíssimas e modestas iniciativas, terão receio que o Bambo afrouxe em cheio e acabe por lhes tirar o opíparo poleiro.
Continuemos pois a combater o terrorismo. Eu não tenho dúvida alguma sobre quem são os autênticos promotores do terror. Porventura não acharão que o Bin Laden mata muito menos do que uns quantos figurões que "não matam ninguém"?!...
António Torre da Guia |