O coronel Ubiratan Guimarães, da PM/SP, havia sido condenado a 632 anos de prisão por ter comandado a tropa de choque que enfrentou a rebelião que passou a ser chamada de "Massacre do Carandiru". Do fundo da prisão, o bravo militar teria a chance de comemorar a festa dos "Outros 500" anos de nosso descobrimento, além de espiar, através das grades, a passagem do cometa Halley pelo menos umas 10 vezes mais...
O Cel Ubiratan entrou com recurso contra a massacrante sentença e, em liberdade, aguardou a sentença do TJ de São Paulo, enquanto se elegeu deputado estadual por aquele Estado.
O TJ de São Paulo, em decisão histórica, acabou com a matusalênica expectativa do coronel Ubiratan e anulou a absurda condenação, pois o chefe militar apenas havia cumprido ordens do então governador Antônio Fleury para acabar com a baderna e o assassinato de pessoas no Carandiru. O que faria o promotor que, na TV, acusou várias vezes o coronel de "criminoso", se ele tivesse que enfrentar aquela dificílima missão? Com certeza daria a bunda aos detentos rebelados, que prometiam, na ocasião da rebelião, entre outras ameaças, inocular, com seringas, sangue infectado de AIDS nos soldados da tropa de choque que entrou no presídio.
O coronel Ubiratan apenas cumpriu com sua obrigação, de fazer cessar a rebelião, impedindo que os presos continuassem a matança de colegas. Triste é ver, hoje em dia, a polícia levar 8, 24, 48 horas ou mais para entrar em um presídio amotinado, enquanto os bandidos se divertem cortando cabeças de alguns colegas para jogar futebol. Ontem mesmo, vimos pela TV imagens de uma funcionária de um presídio feminino sendo feita refém e torturada até desmaiar. Quanto tempo a polícia levou para entrar no presídio? Oito horas! Uma vergonha que se repete em todos os presídios brasileiros, de São Paulo ao Acre.
Que a Justiça, em instância superior, confirme a decisão do TJ de São Paulo, caso a promotoria recorra da decisão, como prometeu.
Longa vida ao coronel e deputado estadual Ubiratan Guimarães! Nem é preciso que viva mais 632 anos, disputando com Matusalém a maior longevidade de que se tem notícia. Umas duas ou três décadas a mais de vida já seria de bom tamanho...
Parabéns, Cel Ubiratan, pela absolvição. A Justiça é sempre tardia. Porém, às vezes, ela consegue ser justa!