É inegável que a mulher tem conquistado um espaço significativo de liberdade e libertação interior. Em evolução lenta, mas constante, a mulher quebrou tabus e preconceitos. Saiu para trabalhar fora por necessidade financeira e também psicológica. Deixou gradativamente de ser aquela mulher que apenas destinava-se ao casamento, a procriação e ao lar.
É assaz gratificante para a mulher o sentimento de independência, de liberdade, perceber seu salário, de sentir-se útil, não só no lar, mas produzindo para a sociedade. Participando das transformações porque passa o mundo, agente ativa do processo social; deu seu verdadeiro grito de libertação.
Não obstante, em totalidade, o processo não se cristalizou.Sabemos que a mulher atravessa crises, a pagar seu preço por tão significativo pulo histórico.
A mulher enfrenta preconceitos diversos [do homem, da sociedade, da família, do mercado de trabalho]. Além do preconceito social, o de cor este, embora sutil; a mulher se submete a baixos salários e até exclusão de determinados cargos. Para trabalhar fora, tem que pagar salário à outra mulher, para ficar com seus filhos.
Estes e outros inúmeros problemas, enfim toda uma complexidade inerente às contingências históricas dos novos tempos, impostas por uma realidade objetiva, independente da vontade feminina ou masculina.
Homens e mulheres são vítimas da máquina construtora – destruidora da sociedade, que os coloca numa desumana competição em busca da sobrevivência. A mulher ao empunhar a bandeira do feminismo, com alguns movimentos radicais, tem cometido alguns erros passando a ver no homem seu algoz. Distorce muitas vezes os papéis de ambos. O transcendental da mulher, um que sempre lhe será sublime: ser mãe!
Ser feminina sem ser feminista, nem bonequinha de luxo consumista. A boa pedida é prudência, o meio termo saudável. Nada diminuirá o homem, ao ajudar a mulher nas tarefas de casa e vice-versa, de comum acordo. São urgências do dia a dia sôfrego, deste novo século, no qual a mulher em muitos casos assume a manutenção da casa. A inversão de papéis, hoje é comum, ante a escassez do mercado de trabalho, tanto para a mulher, como para o homem.
Seja em que contexto a mulher esteja inserida nunca deveria deturpar seus valores. Sendo um ser sensível e espiritual, não menos inteligente e produtivo; muitas têm confundido liberdade com libertinagem; isto lhe adultera, agride o seu ser intrínseco, viola seus princípios e lhe embrutece a alma.
No fundo, a mulher por mais que se diga independente e liberada, não gosta de ser tratada como se fosse outro homem...uma rocha... um torpedo... Assume atitudes semelhantes as dos homens no mundo empresarial, da produção intelectual e do trabalho em geral, mas chora sob o travesseiro, suas agruras, nas noites de insônia. E ainda sonha com um grande amor correspondido.Este comportamento sutil, nem sempre revelado, nem detectado por pesquisas, reflete sua carência, sua feminilidade.
A obra “Grande Sertão Veredas”, do escritor Guimarães Rosa ilustra muito bem este conflito da mulher, que pensa como homem, mas sente como mulher!