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Artigos-->Bengaladas cívicas -- 06/12/2005 - 10:30 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BENGALADAS CÍVICAS



MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA (*)



A cassação do ex-todo-poderoso José Dirceu, que finalmente aconteceu depois de longos e enjoativos malabarismos jurídicos, representou considerável derrota do presidente da República e maior desmoralização de seu partido, o PT. E ainda que se diga que a Luiz Inácio interessava a queda do companheiro, como meio de livrar a própria pele e atenuar a crise política em que seu governo se encontra imerso desde muitos meses, o fato é que o presidente se desgasta ao perder seus homens fortes, invariavelmente acusados de corrupção. Além do mais, apesar da corrupção ser antiga e endêmica no Brasil, jamais a história havia registrado tal magnitude de amoralismo nos meios governamentais. A sensação é que se perdeu completamente a compostura, a vergonha e um mínimo de senso moral, prevalecendo de modo desmesurado o vale tudo do poder.



Sem ser orador brilhante ou líder carismático, aquele que já foi chamado de primeiro-ministro tentou e continuará tentando passar a impressão de que nada fez de errado. Ao contrário, é um pobre coitado, um humilde, um inocente. Obstinado em se colocar como vítima, Dirceu, de certo modo promovido a herói em biografia levada ao ar pela TV Globo, diz que vai processar o escritor paranaense, Yves Hublet que no Congresso lhe desferiu três bengaladas cívicas. Tal vingança do ex-camarada Daniel (codinome de José Dirceu) parece excessivo e o tornará figura ainda mais execrada pela sociedade. Mesmo porque, as bengaladas de Hublet traduziram simbolicamente o grito de “fora Dirceu”, o que deixou lavada a alma de muitos brasileiros. Desse modo, tal atitude do agora também ex-deputado só faz confirmar sua prepotência, sua alma de ditador, sua intolerância stalinista, sua personalidade rancorosa.



Implacável com adversários, mão de ferro no governo, arrogante quando detinha poder, defensor no passado de CPIs, Dirceu alega que sua cassação foi fuzilamento político. Contradição de quem chora nas barbas do ditador Fidel Castro e que deve ver no paredão cubano uma forma democrática de se fazer justiça, ou que fuzilou sem piedade companheiros dissidentes agora reagrupados no PSOL.



José Dirceu, que já teve outros nomes e outra cara, apesar de chamar a imprensa de partidarizada, foi brindado com a chance de uma entrevista coletiva devidamente televisionada, proeza que nenhum cassado havia conseguido. Muito à vontade ele usou a velha tática esquerdista de transformar derrota em vitória, de deturpar fatos e abusar de inverdades. Alegou falta de provas no seu julgamento, no que foi posteriormente secundado pelo companheiro presidente da República, que tardiamente veio em sua defesa.



Em todo caso, causa novamente estranheza que Luiz Inácio nada soubesse acerca do comportamento de um de seus auxiliares mais diretos, o conselheiro dileto, o companheiro mais antigo e chegado que lhe poupou a pesada tarefa de governar para qual não está habilitado. Daí a necessidade do presidente dizer: “não há provas contra Dirceu”. Assim, eximem-se todos de todas as culpas.



Mas será que faltam provas contra Dirceu? Segundo o senador Álvaro Dias, “como não existem provas, se José Dirceu está no epicentro da crise? E o esquema de Santo André, em que o dinheiro da propina era transportado para São Paulo e entregue para Dirceu? Com Waldomiro Diniz, a figura emblemática de Dirceu também apareceu, assim como nas negociações com os bancos BMG e Rural, em que se fraudava a contabilidade para registrar empréstimos que não ocorreram”.



Por outro lado, há um fato bastante intrigante que funciona como espécie de auto-atestado de culpa: José Dirceu deixou o importante cargo de ministro da Casa Civil em obediência a ordem de Roberto Jefferson: “sai daí rápido”. Se era tão inocente, por que agiu assim?



Em meio à crise política, que está longe de arrefecer mesmo com a retirada de cenário daquele que foi chamado de chefe do mensalão, esboça-se agora a crise econômica, setor do qual o governo vem se vangloriando. A má notícia surgiu com a inesperada queda de 1,2% do PIB no terceiro semestre. Com isso as projeções para o crescimento em 2005 caíram de 3% para 2,5%, o mais baixo entre os países em desenvolvimento. À luz desse fato recrudescem as discussões entre empresários e governo, e são refeitos cálculos dos economistas que erraram feio em suas projeções. A sensação é de que o governo começa a ficar aturdido em que pesem os discursos que, distantes da realidade, seguem a linha das boas notícias. No ano que vem certamente virão as bondades lulianas de campanha para a conquista da reeleição. Mas qual será de fato o preço pago pela sociedade para manter Lula lá? Esse PT no poder é de dar medo.





(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.









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