No dia 21 de Dezembro de 2001, cerca das 14h00 portuguesas, após o almoço, fui pela primeira vez colocado em face de um computador e desafiado a utilizá-lo. Insistia um meu "amigo" que eu deveria adaptar-me e instruir-me no manejo da mais eficaz arma intelectual da hodiernidade, sobretudo - referiu "ele" - porque o meu pendor para os versos encontraria, através da revolucionária maquineta, um apoio deveras sólido para o meu passado-presente-futuro poético.
Assim, em seguida a umas breves informações de utilização, lancei-me a navegar na Internet, dando então lugar à completa transformação de um céptico num entusiasta, que é neste preciso momento um devotado seguidor de tudo quanto esteja na esteira de computadores-e-internet. Os consabidos críticos "desmancha-prazeres" atribuem-me o "vício" de passar parte do meu tempo diante da colorida janelinha aberta para o mundo, quiçá intimamente lamentando que não possam também deliciar as suas impreparadas mãozinhas sobre o dorso da plástica ratazana.
Ora, estava eu, em descontraída delícia, na minha auspiciosa estreia internética, eram 2h44 no Brasil - cerca de 7h00 em Portugal - quando por mero acaso, procurando onde publicar uns versinhos, se me deparou a Usina de Letras. Após haver satisfeito o preenchimento do cadastro, abri a secção de "Poesias" e comecei a escrever:
000099>MULHER
Tu foste, és e serás
Meu princípio, meio e fim,
Seguir-te-ei onde vás
Sem me importar donde vim.
A razão do universo,
Por ir sempre mais além,
Não terá nunca regresso,
Para ti, para ninguém...
Bem e mal, oh confusão,
Herança de quem não quer
Dar asas ao coração
E voar para viver!...
Torre da Guia
Estive pois consecutivamente a utilizar o computador durante - sem sequer dar por isso - cerca de 19 horas. Daí para diante, e já lá vão quatro anos em cheio, os meus quotidianos têm sido preenchidos em grande parte por este insubstituível amigão, que hoje já domino razoavelmente e muito mais me predisponho a dominar.