por José Luis Sávio Costa (*) em 03 de novembro de 2005
Resumo: Um curso montado para eliminar o baixo nível de aproveitamento dos militantes de esquerda que se dedicam a implantar o socialismo pelas mais diversas formas. Mas a corrupção como meio de luta política não está incluida.
“Esquerda mentirosa jamais será vitoriosa” (Berzo Genro Pont).
Explanação Inicial
Este curso foi montado para atender o baixo nível de aproveitamento dos militantes de esquerda que se dedicaram e se dedicam, sem a mínima noção de luta armada, em suas múltiplas formas (guerrilha e ações terroristas, urbana e rural), ignorantes na formação ideológica, despreparados nos aspectos físicos e morais, além de outros quesitos marcantes ao longo das várias tentativas de pensarem saber fazer a hora, sem sucesso.
Não serão incluídos no curso: a corrupção como meio de luta política; a sobrevivência na lama conseqüente; a lavagem de dinheiro; o tráfico internacional de numerário e de droga (por via colombiana, cubana, venezuelana, ou clássica via paraíso fiscal); a arte da mentira, como forma de dissimulação continuada; por considerarmos que ninguém, ninguém mesmo, bate o zelo e o alto grau da formação dos nossos especialistas petistas, que labutam: nas Direções e Comissões Executivas Nacionais e Estaduais do PT; no Executivo; no Legislativo; no Judiciário; e nas ONGs.
Parabéns especiais aos elementos petistas de ligação com Cuba: o pessoal da Secretaria de Relações Internacionais do PT; em especial o petista Marco Aurélio Garcia, assessor de relações internacionais da Presidência, ex-militante do MIR e brasileiro-cubano, amigo de Marta Harnecker, esposa do falecido Chefe do Departamento América (DA - órgão de Inteligência do Comitê Central do PC Cubano), Manuel Piñero Losada. Era mui amigo dos nossos péssimos alunos em Piñar del Rio - o grupo que o Dirceu abandonou, por um amor passageiro em Cruzeiro D Oeste.
Marco Aurélio Garcia conhece Sérgio Julio Cervantes Padilla, também do DA (Departamento América,), desde velhas jornadas, tal qual o Zé Dirceu ou Comandante Daniel de "coisa nenhuma".
Como afiançou um Senador da República, o categorizado agente do DA Sergio Julio Cervantes Padilla era homem de contato com as esquerdas brasileiras, nos anos do movimento cívico-militar. O fato que o Senador provavelmente ignorava é que Cervantes se ligava e se liga com militantes de outras nacionalidades no Brasil e além fronteiras, inclusive com elementos do velho Grupo Clamor, que prestaram solidariedade ao pessoal que seqüestrou o Senhor Abílio Diniz.
APRENDIZES DE LUTA ARMADA - (PERÍODO DE RECUPERAÇÃO)
A. Introdução
O primeiro curso foi iniciado em 1935. Em conseqüência do baixo rendimento, o curso adotou novos padrões no período 1961-1964, com lamentável final. Novo currículo foi montado entre 1966 e 1974, com péssimos índices de aproveitamento dos alunos, em particular no assunto Teoria x Prática, relacionado à matéria Luta Armada (no qual somos sempre tão zelosos e críticos, repetindo-se o triste resultado).
Por estas razões, resolvemos realizar um período de recuperação que se antecipa longo diante do nível da turma relacionada. Afinal de contas, estão inscritos antigos militantes com curso na China Popular, em Cuba, na Líbia, na antiga Alemanha Oriental e na Nicarágua (nos tempos das Brigadas do Café).
Neste afã, propomos fixar, recordando, alguns ensinamentos que auxiliarão em especial aos militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), e de outras ONGs e organizações congêneres que parecem caminhar na mesma direção das organizações militaristas do passado.
Informamos que os alunos, desiludidos ou escaldados, que se transferiram para o Curso de "Luta Política Reformista", estão muito bem com aulas ministradas na melhor linha "reformista", no estilo gramsciano ou não.
Os professores: "intelectuais orgânicos", Carlos Nelson Coutinho, Marco Aurélio Garcia, Leandro Konder, Luiz Eduardo Soares, Gildo Marçal Brandão e outros; os "teólogos da libertação", Betto e Boff e mais alguns leigos e "religiosos", são eficientes e estão obtendo ótimo rendimento de seus alunos nas Universidades, nas CEB, em partidos e em ONG dos movimentos sociais.
Os omissos, os mal intencionados e os "companheiros de viagem", civis ou não, que continuam e continuarão, pelo andar da carruagem, a contribuir com a empreitada de nossos diligentes mestres e seus auxiliares cubanos, criando as possibilidades para as condições de crise/conflito.
Um alerta para os socialistas revolucionários que se auto-intitulam democratas radicais: devem tomar cuidado com os "companheiros ou camaradas", estalinistas enrustidos, e os militantes das facções mais radicais que podem prejudicar o rendimento das aulas da "guerra de posição" (linha reformista ou pacífica), fazendo-a desembocar numa situação de "guerra de movimento" (com a inevitável luta armada) antes do tempo.
A luta armada é a forma superior de luta política só devendo eclodir no momento da ruptura, quando as condições objetivas e subjetivas forem as mais favoráveis possíveis. Este ponto sempre foi o nosso calcanhar de Aquiles em: 1935; 1961; 1964; e 1966/68.
Por outro lado, não esqueçam a lição do camarada Daniel, o Zé Dirceu: em caso de luta dura que possa significar o sacrifício da própria vida, o líder deve se poupar ao máximo para o futuro. Retraiam e aguardem, na moita, a tempestade passar. O exemplo é bom, não é?
Prenunciamos fortes indícios de crise nas aulas de conjuntura nacional campesina e urbana, com as lúcidas análises sobre a situação nacional feitas pelos estudiosos da CPT, do MST, da Consulta Popular e de tantos outros órgãos que honram, com seu convívio fraterno, a nossa Academia.
B. Conhecimentos adquiridos na Luta Armada, no Brasil.
1. Neste tipo de conflito não há guerra limpa, em nenhum lugar do mundo. Nos "anos de chumbo" (Deus queira que não se repitam!) arquitetem uns futuros esplendorosos, cheios de mártires nos insucessos e heróis nas ações vitoriosas ocasionais, por mais insignificantes e sem brilho que sejam.
Em caso de vitória! Em luta armada? Não temos exemplo...
Os dois lados pecam, nós bem mais que as forças legais. Assim sendo, dissimulem os nossos erros e criem, aumentem e explorem os erros de nossos inimigos milicos. Façam do revanchismo o símbolo de nossas ações vergonhosas.
2. Os contendores e seus parentes, de um lado ou do outro, sabem muito bem o que lhes espera na rendição, durante o conflito e na derrota. Os exemplos em todo o mundo são comprovantes inquestionáveis, todavia, não propalem isto. Tirem todo proveito das liberdades do Estado Democrático, exigindo todos os direitos do regime a que visavam destruir. Bem organizados poderão vir a ser Poder e aí... Bem, o exemplo aí está, vamos ver...
3. Todo militante preso, tenha aberto o bico ou não, já sabem: foi barbaramente torturado. O melhor trato recebido não deve inibir a mentira: o militante é sempre torturado. Divulguem sem nenhum pejo este preceito. Os amigos de Gramsci, homens das letras, em editorias e redações, saberão transformar nossos militantes em saco de pancada (Exemplo: Criméia Alice Schmidt de Almeida, "Alice", fugidia do Araguaia. Eta codinome fajuto!).
4. Com capuz, olhos vendados, em cela individual, isolado dos outros, nunca esqueçam: vocês viram e ouviram os gritos e as infelizes figuras de militantes torturados, machucados, feridos e até mortos por seus algozes, bárbaros agentes da repressão. Afirmem esses fatos com convicção. Mesmo com a probabilidade dos testemunhos contraditórios. O divulgado pela mídia fica no imaginário popular. Azar dos acusados!
Os jornalistas revanchistas apresentarão essa versão, por mais parcial que seja a testemunha. Por exemplo, vejam o aproveitamento que fazem do site da já indigitada Criméia, trânsfuga do Araguaia, artífice e manipuladora do "desaparecidospolíticos". Agora, até o Lucena morto num tiroteio, resistindo, dentro do aparelho, com FAL na mão e matando um sargento da PM, foi assassinado! (site "desaparecidospoliticos").
5. Na guerrilha rural, em área de selva, mesmo que as ações se desenvolvam dentro da mata, longe das trilhas, em áreas operacionais vedadas ao acesso dos habitantes locais ou em região de população bem rarefeita, sempre afirmem e ensinem aos habitantes locais a declararem ter presenciado os horrores praticados pela contra-guerrilha.
Os "defensores" dos direitos humanos, os caçadores de indenizações, os "jornalistas orgânicos", e os jovens militantes acolherão e difundirão com satisfação estes fatos, mesmo que saibam que não é verdade ou não acreditem; afinal, são as declarações de testemunhas "oculares da história". Os "orgânicos" gramscianos, intelectuais ou nas redações não mentem; apenas divulgam o que uma das versões disponíveis afirma. De preferência a mais desfavorável aos nossos inimigos. Se for milico...
7. Mesmo quando o militante tenha morrido em ação, numa troca de tiros e uso de outros artefatos, levantem sempre a suspeição sobre o procedimento da repressão. Os "companheiros de viagem", os simpatizantes e os "intelectuais orgânicos" nas redações saberão impulsionar o clima revanchista, como sempre. Mantenhamos o clima para forçar a criação de uma situação como a que ocorre na Argentina, apesar de que aqui foram 381 (224 mortos e 157 desaparecidos) e lá milhares...
8. Na selva, mesmo que durante dois anos e meio os militantes tenham executado somente ações evasivas, evitando os combates, e seus amigos sejam mortos por deficiência de seus comandantes numa luta de final anunciado, brade aos quatros ventos que isso foi uma epopéia. Faça como o partido estalinista, afirmando que a derrota no Araguaia foi um "Grande acontecimento na vida do País e do PC do B", ou "Uma Epopéia pela Liberdade - Guerrilha do Araguaia 30 anos (1972-2002)"...
9. Jamais divulguem uma derrota. Façam como os dirigentes do PC do B que, em 1975, afirmavam que o Partido tinha vencido a guerrilha do Araguaia, por sinal tão secreta que só a Comissão Executiva e a Comissão Militar sabiam.
10. Em momento algum afirmem que a luta foi ou é para implantar o socialismo revolucionário. Digam que vão construir uma democracia radical.
11. Não façam como o Ângelo Arroyo que escreveu no seu Relatório, transcrito pelos energúmenos do site "desaparecidospoliticos":
"Imediatamente ouviu-se uma rajada. Juca e Flávio caíram mortos. Raul foi ferido no braço, escapando juntamente com Walk. Gil ainda se aproximou de Juca tentando reanimá-lo. Ocorreram novos disparos. Depois não se soube mais de Gil. Deve ter morrido. Raul e Walk, que não conheciam bem a região, vagaram durante dois meses pela mata até que se encontraram novamente com os companheiros do destacamento B. [30/09/72]".
Viram a burrice? Transcreveram um trecho do Relatório do Arroyo! "Joaquim", membro do Comitê Central, da Comissão Executiva e da Comissão Militar do PC do B, que tinha função de comando na área. Tá na cara que a gente não publica um troço deste tipo. Há sempre versões mais trabalhadas pelos nossos artífices, que inclusive escrevem em benefício do Partido há vários anos e estão aí na grande imprensa das capitais e alhures. O trecho entra em contradição com vários testemunhos inseridos nas páginas do dossiê de João Carlos Haas Sobrinho, "Juca", no site que a Criméia assessora. Logo agora que o "Juca" foi citado em matéria do "Correio Brasiliense"! O Mídia Sem Máscara, o Ternuma e outros da repressão podem usar e assim não dá... Os fins justificam os meios, na luta pela ditadura do proletariado. Mas usem as cabeças! Sei que é difícil...Mas tentem usar!
Nunca façam o que estes burros, autores dos textos abaixo, fizeram...
HAROLDO BORGES RODRIGUES LIMA (atual Dep Fed do PC do B): "A experiência da guerrilha teve caráter voluntarista e não foi expressão de luta dos camponeses locais";
JOÃO BATISTA FRANCO DRUMOND (PC do B): "Havia condições objetivas favoráveis à luta armada, porém, o PC do B não estava em condições de dar resposta a elas (...) A luta armada é uma questão-chave e precisa ser resolvida mediante uma autocrítica política, ideológica e militar (...) A Comissão Executiva deveria ter submetido o documento ao CC antes de publicá-lo";
WLADIMIR POMAR (PC do B): "A simpatia de 90% da população aos guerrilheiros, (referida no documento "A Gloriosa Jornada de Luta") não se manifestou em termos de sólido apoio político e participação. Falta à direção do partido coragem política e ideológica para a autocrítica. É preciso chegar às causas mais profundas da derrota e levar o debate ao coletivo partidário";
PEDRO VENTURA DE ARAUJO POMAR (um dos dirigentes da guerrilha): "Não aceito a versão de que a resistência ao Exército partiu dos moradores. É patente que se travou não uma guerra popular, mas uma guerra particular, conduzida por um pequeno grupo de especialistas. Produto de uma concepção de fundo nacional-burguês, ela expressou não os pontos de vista da classe operária e do campesinato, mas o ponto de vista da pequena burguesia";
ÂNGELO ARROYO (um dos defensores da experiência do Araguaia e integrante da "Comissão Militar" que dirigia a guerrilha): "O erro foi militar. Subestimar as forças armadas do regime".
(*) Cel Ref do Exército Brasileiro, dedicou-se às áreas de: Segurança Nacional e Segurança Interna; Inteligência, Contra Inteligência e Operações de Inteligência; Subversão e Contra-subversão.