BRASÍLIA - Em sua primeira visita ao Brasil, o presidente norte-americano George Bush desembarcará com recepção de boas vindas às avessas. Afastados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os movimentos sociais preparam manifestações por todo país em protesto à visita do norte-americano. Preocupada com as manifestações, a equipe que cuida da visita destacou 500 policiais federais para garantir a segurança da comitiva. A chamada Operação América ainda vai contar com o apoio das agências de inteligência americanas, do Ministério da Defesa, da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).
Tanto cuidado com o presidente norte-americano justifica-se pela série de manifestações previstas. Já há pronta uma agenda de protestos contra o presidente norte-americano. As frentes sindicais e entidades estudantis que organizam protestos anti-Bush planejam manifestações para os dois dias que a comitiva vai permanecer no país.
Destacam-se na organização dos protestos, a União Nacional dos Estudantes, Central Única dos Trabalhadores, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), União Estadual dos Estudantes do Mato Grosso do Sul, União Sul Mato Grossense dos Estudantes Secundaristas, Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta Pela Paz (Cebrapaz), Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul, e as militâncias do PDT, PT, PPS e PSOL.
Diante de tantos protestos previstos, o contingente disponibilizado pelo governo para a segurança do presidente norte-americano é maior do que o utilizado na ocasião da visita de seu antecessor, Bill Clinton. Durante a permanência de Clinton no Brasil, o governo Fernando Henrique Cardoso mobilizou 200 policiais federais para cuidarem da segurança. Menos da metade dos convocados para a Operação América .
George Bush não vem sozinho. Fazem parte da comitiva do governo norte-americano sua mulher, Laura Bush, e a secretária de Estado, Condolezza Rice. Segundo a assessoria da Polícia Federal, os peritos das divisões técnicas da instituição devem fazer varreduras, além de utilizar cães farejadores, para perscrutar os lugares por onde deve passar a comitiva americana.
Bush deve ficar menos de 24 horas em território brasileiro, mas uma verdadeira operação de guerra está sendo montada para a visita. A Operação contará com atiradores de elite nos tetos da estação de autoridades onde o presidente deve desembarcar. O Ministério da Justiça será responsável pelo comando das ações, apesar de geralmente o Exército cuidar dos preparativos para a recepção de chefes de Estado. Até mesmo a Marinha atuará no esquema, com o patrulhamento do lago Paranoá, principalmente nos locais próximos ao Hotel Blue Tree, onde está previsto que Bush passe a noite de sábado para domingo. O controle do espaço aéreo será feito pela Aeronáutica.
Bush vem ao Brasil aproveitando a 4ª Cúpula das Américas, que reúne 33 presidentes do continente na sexta-feira e no sábado, na Argentina. Entre os temas mais polêmicos na pauta dessa cúpula está a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) , emperrada desde 2004. A Alca é o ponto de maior crítica dos movimentos sociais no que diz respeito a agenda política de Brasil e Estados Unidos.
Os EUA, junto com outros países, como Canadá e México, querem impulsionar o bloco comercial durante o encontro, fixando uma data para o seu lançamento já em 2006.
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Comentário:
Félix Maier
Na Argentina, o drogado Diego Maradona, fã incondicional da droga chamada Fidel Castro, encabeça uma recepção de más-vindas a George W. Bush. No Brasil, as viúvas de Stálin preparam uma recepção idêntica.
Nisto, não há novidade alguma. A única novidade que poderá ocorrer é Bush finalmente abrir os olhos e não falar mais, daqui para frente, a bobagem dita esta semana, quando afirmou que "Lula é essencial para a consolidação da democracia na América Latina"... Ora, quem é sócio de Fidel Castro, de Hugo Chávez e das FARC no Foro de São Paulo, quer tudo, menos democracia.
Para saber detalhes sobre a fala de Bush (seria apenas um breafing diversionista?), leia abaixo texto de Terra sobre o assunto.
A cinco dias de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, o chefe de Estado americano, George W. Bush, declarou que pedirá ao colega brasileiro empenho para consolidar a democracia na América Latina. Bush, que desembarca amanhã na Argentina para participar da 4ª Cúpula das Américas, em Mar del Plata, destacou o papel de Lula no cenário político local como vital para fazer frente à influência de líderes como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez - reconhecido opositor do regime americano e amigo pessoal de Lula.
Durante entrevista concedida na Casa Branca aos jornais O Estado de S.Paulo, La Nación (Argentina) e La Prensa (Panamá), além da agência espanhola EFE, George W. Bush elogiou Lula e garantiu ter boas relações pessoais com ele - o que "surpreende muita gente", de acordo com o presidente americano.
Para Bush, apesar de ambos possuírem visões políticas diferentes, acabam por partilhar objetivos iguais: uma "preocupação profunda para ajudar a aliviar a fome e a pobreza". Bush ainda declarou, sem apontar os supostos responsáveis, que "uma parte da imprensa da América do Sul" tentou envenenar a relação entre os dois.
Além de classificar Lula como "um homem interessante", o presidente americano também classificou o Brasil como "um grande país" no mundo. E, questionado sobre a proximidade política do colega brasileiro com Chávez, o presidente de Cuba, Fidel Castro, e o presidenciável boliviano Evo Morales, Bush disse que não tem a prerrogativa de indicar as pessoas com as quais Lula deve conversar.
Alca
Perguntado sobre a estagnação das negociações com o País sobre a participação brasileira da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), George W. Bush admitiu que as tratativas estão paradas, mas minimizou o fato alegando que o comércio entre os dois países tem crescido. E avaliou que, hoje, a Rodada de Doha (da Organização Mundial do Comércio) é mais importante que a Alca por ter uma abrangência mundial.
Sobre Doha, Bush classificou o Brasil como "um ator importante" e que inspira respeito de todo o mundo, parcialmente devido à agricultura do País dirigido por Lula. Ele ainda lembrou que os EUA atenderam solicitação brasileira a respeito da redução dos subsídios agrícolas no EUA.
Haiti
Retomando o tema democracia, Bush disse ao Estadão que a missão de paz da ONU no Haiti, liderada pelo Brasil, tem rendido bons resultados. "Os EUA reconhecem isso", garantiu.
Depois de visitar o Brasil, Bush encerrará a viagem no Panamá, nos dias 6 e 7.